Montijo e Afonsoeiro, para onde ides?
O descontentamento das populações residentes em Montijo e Afonsoeiro foca-se atualmente na questão dos transportes. É confrangedor o funcionamento dos transportes públicos: carreiras que se suprimem sem aviso prévio, autocarros atrasados e falta de articulação entre os transportes rodoviários e os fluviais. Muitos desistiram dos mesmos e recorrem à viatura própria para as deslocações pendulares.
Apesar dos evidentes transtornos causados e das queixas dos cidadãos, a gestão da CARRIS parece desprezar os utentes, porque os problemas mantêm-se sem fim à vista, levando alguns a dizer que não há motivação para solucionar o que quer que seja porque como a maioria dos utentes é subscritora de passe social, menos carreiras representa apenas menos custos para a empresa…
As famílias manifestam-se preocupadas e algumas, revoltadas, com o que se anuncia para as escolas: casas de banho mistas para que crianças que padecem de disforia de género fiquem ainda mais confundidas…
Todavia as queixas não se restringem a estes domínios. Os serviços públicos em geral, como as Finanças, as Conservatórias, o Tribunal são outros cancros de mau funcionamento: enormes filas para obtenção de senhas, causadas por poucos funcionários, brurocratização e incompetência atribuíves à governação socialista.
A saúde é outro campo em que as Freguesias de Montijo e Afonsoeiro estão mal servidas: não há médico de família para milhares de famílias. Perante este quadro, uma clínica privada de um grande grupo económico prepara-se para abrir portas na cidade, isto porque a oferta pública é uma promessa sistematicamente adiada pela gestão do Partido Socialista que dura há mais duas décadas.
Proliferam sim as superfícies comerciais, estando Montijo na eminência de ver abrir mais um supermercado na cidade, como se essa atividade fosse a única que para aqui é atraída. Então e outras atividades que valorizariam a cidade e a região e contribuiriam para a tornar mais sustentável e menos dormitório? Falamos por exemplo da atração de um pólo universitário, de uma incubadora de empresas de base tecnológica ou do lançamento da marca “Montijo scale- up city”.
Este tipo de iniciativas que poderiamos qualificar como visões de futuro da cidade, estão completamente ausentes do discurso político dos atuais responsáveis pelas autarquias de Montijo e Afonsoeiro e a sua prática de gestão corrente indicia uma falta de objetivos estratégicos e de visão sobre para onde se quer fazer evoluir a cidade.
Montjo tem sido apresentado como a cidade mais atrativa de Portugal pelos autarcas do PS, baseando-se nas estatísticas que mostram a fixação de novas famílias no Concelho. A razão dessa atratividade tem sido o preço das casas que tem sido baixo relativamente a outros Concelhos com que compara. Todavia tal vantagem está em vias de desaparecer como resultado da especulação imobiliária (rendas abaixo de 500 Euros praticamente não existem) e da falta de promoção de habitação a custos controlados. Também aqui a autarquia não se pode demitir e lavar as mãos como Pilatos, mas deve ter um papel ativo para garantir a todos e especialmente aos mais jovens, o direito à habitação.
A nossa intervenção como membro da Assembleia de Freguesia do CHEGA! nas Assembleias da União das Freguesias de Montijo e Afonsoeiro tem sido no sentido de pressionar a gestão socialista a dar cumprimento a várias promessas sistematicamente engavetadas, assuntos vários que vão desde a implementação de ilhas ecológicas nas zonas históricas da cidade ao cumprimento do plano de requalificação da zona ribeirinha.
Apesar da aprovação dalgumas destas recomendações nas referidas assembleias, nada se vê acontecer no terreno o que evidencia, a nível de poder autárquico no Montijo e Afonsoeiro, uma inércia paralizante. Para onde ides?
João Marcelino, membro da Assembleia de Freguesia da União das Freguesias de Montijo e Afonsoeiro pelo partido Chega!
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