Opinião

A JMJ FOI UM SUCESSO?

Olá caros(as) leitores(as) estamos em pleno mês de Agosto. Muitos e muitas de vós, espero eu, estão no gozo das merecidas férias em família ou com amigos.

Muitos deslocaram-se para o Algarve e costa alentejana outros ainda para as segundas casas por esse país fora ou para casa de familiares. Outros ainda terão optado por férias fora de Portugal.

Eu ainda não vou gozar as minhas quer por motivos de trabalho quer porque este ano optei por as realizar no Outono. Mas desde já gostaria de vos enviar um abraço onde quer que estejam.

Mas vamos ao que interessa.

Foram ou não as JORNADAS MUNDIAIS DA JUVENTUDE UM SUCESSO???

A meu ver foram um sucesso a vários níveis. Senão vejamos:

1 – FORAM UM SUCESSO PELO NÚMERO DE PRESENTES.

Tivemos mais de 1 500 000 pessoas presentes. O que numa semana foi um acréscimo de cerca de 10% da população portuguesa.

Maioritariamente alojados na região da metropolitana de Lisboa.

Nos concelhos de: Lisboa; Loures; Amadora; Sintra; Mafra; Oeiras; Cascais; Almada; Barreiro; Montijo; Moita; Seixal; Setúbal.

Tendo muitos dormido em espaços públicos como escolas e pavilhões, mas também em casa de famílias de acolhimento, que se terão voluntariado para o efeito.

Fora da região de Lisboa ficaram ainda alojados nos concelhos de:

Aguiar da Beira; Carregal do Sal; Abrantes; Oliveira de Frades; Penalva do Castelo; Santa Comba Dão; São Pedro do Sul; Satão; Tondela; Vouzela e Viseu.  Estes tão sino maioritariamente casa de famílias de acolhimento.

2 – AO NÍVEL DA ORGANIZAÇÃO. 

A organização dividiu-se fundamentalmente por quatro espaços principais. O parque Eduardo VII com um palco efémero onde decorreram algumas das iniciativas nomeadamente a via sacra. E onde não poderiam caber todos os participantes. Que acabaram por ter de ficar espalhados pela avenida da liberdade.

Em Fátima que também onde também decorreu parte do programada JMJ. Não chegou a acolher todos os participantes pois nem todos decidiram deslocar-se lá.

Mas que teve uma moldura humana bastante grande não ficando nada a dever às manifestações religiosas do 13 de Maio.

Em Algés onde decorreu o encontro do papa com os voluntários decorreu de forma impecável. Quer pelo apoio da Câmara Municipal de Oeiras à preparação da Zona do passeio marítimo de Algés onde normalmente decorre o festival NÓS ALIVE. Portanto nada de muito complicado de organizar para uma câmara municipal que já tem experiência em eventos com bastante público. Sendo que o encontro do papa com os voluntários era efectivamente mais restrito em número de participantes.

Lisboa ficou com a parte de leão quer na organização quer no número de participantes. Uma vez que entre voluntários e peregrinos mais e um milhão e meio de pessoas deambulou pela cidade.

Mas isto não se resumiu a montar dois ou três palcos.

3. LOGÍSTICA SUPLEMENTAR.

Houve que criar toda uma logística. A começar pelos transportes. Com especial destaque para as empresas Transtejo/Soflusa; Carris; CP; Metro de Lisboa e Fertagus que asseguraram mais de 90% das ligações pendulares dos participantes das JMJ mais todo o fluxo de utentes portugueses já habituais para a época do ano (turistas inclusive). Tratou-se de uma tarefa enorme. Pois teve que haver um reforço significativo da oferta de transportes. Com as empresas a terem que recorrer ao pagamento de horas extraordinárias aos seus trabalhadores operacionais. Bem como o pagamento de abonos suplementares. Tendo o governo criado um passe especial para os transportes para a JMJ.

O SNS; proteção civil; bombeiros; INEM; PSP e GNR também estiveram empenhados fortemente. Com a suspensão das férias de muitos efectivos (PSP e GNR). A deslocação de parte do contingente policial  para a zona de Lisboa. 

Mas também há aqui que salientar que no caso dos policias participantes tiveram que suportar do próprio bolso, parte dos custos inerentes ao serviço que prestaram na JMJ. Uma vez que o governo do Dr António Costa apenas atribuiu um abono diário extraordinário de 33 euros uma vez que o subsídio de alimentação foi descontado. E também tiveram que pagar 5 euros pelo alojamento. Mas também tiveram que suportar também do próprio bolso os custos de alojamento. Isto porque o governo; a direção nacional da PSP e comando geral da GNR não asseguraram alojamento para todos os elementos policiais destacados para o evento nas instalações da PSP e GNR.

Mais uma vez temos que agradecer o espírito de missão e sacrifício quer por parte dos militares da GNR. Quer também dos agentes da PSP, que no total mobilizou cerca de 2800 elementos.

A Armada e a Força Aérea também empenharam homens e meios no terreno: Quer através da autoridade marítima nacional quer com a policia marítima  e com a fragata Dom Francisco de Almeida que ficou ao largo do Terreiro do Paço. E a Força Aérea empenhou um P3 Orion na vigilância do espaço aéreo de Lisboa.

Os restaurantes de Lisboa que aderiram à iniciativa também foram beneficiados. Com o número de refeições que serviram. Em termos de hotelaria foi uma tarefa hercúlea. Não só pelo número de refeições servidas como também a logística dos espaços. Em alguns casos a comida chegou a acabar pois os peregrinos rapidamente esgotaram as refeições que estavam previstas servir. Tendo-se queixado alguns peregrinos de que quem se atrasa-se a chegar a alguns espaços já não teria comida disponível.

Há um outro lado que normalmente não é falado. É que o governo tirou lucro também aqui pois de todo o facturamento destes restaurantes 13% reverteu a favor do estado em sede de IVA.

4. OS PEREGRINOS

Vindos de párias partes do mundo. Adoraram como também os turistas as paisagens de Portugal; o nosso já proverbial acolhimento. E claro o famoso pastel de nata.

Pude durante o meu serviço testemunhar a alegria de muitos. Em especial os nossos açorianos; mas também dos italianos; espanhóis e alguns croatas. Sinceramente deu gosto ver jovens não só a fazer a sua caminhada espiritual, mas também a serem irreverentes sem serem arruaceiros. Cantaram; riram interagiram bem com quem lhes estava a prestar serviço.

Também vi muitos pelas ruas de Lisboa que aproveitaram para conhecer a cidade nomeadamente a zona de Belém.

No fundo fiquei com o coração cheio porque ser cristão é também ser alegre. Se os adultos soubessem transmitir a alegria que é estar em convívio cristão. Estar em peregrinação. Se mostrassem mais abertos menos exteriormente austeros; menos Zelotas e sobretudo menos hipócritas na sua fé e na maneira como se portam em família e sociedade. As igrejas estariam cheias de vida. Há quem vista a fé como se a mesma fosse um manto de uma suposta superioridade quer moral quer social. Quando a fé é basicamente ter a humildade de reconhecermos as nossas limitações. E que precisamos de ajuda quer de Deus quer dos homens. Mas também que temos que estar disponíveis para retribuir. 

A fé não é ir à igreja comungar para que as gentes da aldeia e da paróquia nos vejam por lá. Como se estivéssemos na passadeira vermelha de um qualquer evento social.

5 – O PAPA E A IGREJA

O Papa Francisco não surpreendeu. Igual a si mesmo disse o que havia para ser dito sem rodeios nem discursos redondos e muito floreados.

Recebeu e bem as vítimas dos abusos da igreja católica em Portugal. Recebeu-os e teve que em nome da Igreja olhar nos olhos de um por um.  O que lhes terá dito não sabemos. Mas espero que tenha pedido perdão. Estes casos mancham a igreja católica quer aqui em Portugal quer pelo mundo, espero que a igreja tenha sinceramente mudado de posição. Não podemos esconder criminosos nos conventos; seminários; sacristias e catequeses. A Igreja deve ser um porto seguro para todos a começar pelas crianças e jovens.

Visitou o Colégio São João de Brito (Jesuíta) onde só entra a fina flor da sociedade que se diz católica em Portugal. Onde alguns bem-nascidos fazem os estudos.

Mas também foi ao bairro pobre de Serafina paredes meias com o Monsanto. E aí teve que lidar com os pobres e excluídos.

Esteve presente no Parque Eduardo VII e no parque Tejo.

Realizou o encontro ecuménico inter-religioso, no qual a comunidade muçulmana retribuiu com a abertura de portas da mesquita. Aos peregrinos que quisessem visitar a mesma. Afinal Portugal é um país fundado em três religiões os católicos; muçulmanos e judeus. Faz parte da nossa identidade. Ao contrário do movimento anti-clerical e anti-religioso que uma certa esquerda exibe como sinal de superioridade mental e moral.

Aí para além das homilias e discursos conhecidos houve ainda tempo para um dos casos da JMJ. Um jovem supostamente (isto porque não sabemos) LGBT (…..) e não vou colocar o resto da sigla porque para isso o alfabeto romano é capaz de não chegar. Empunhando uma bandeira que representa a comunidade transgénero foi quase escorraçado por um grupo.

Engraçado que o grupo deveria ser do subcontinente indiano, onde dependendo o país a tolerância é algo ou inexistente ou não é muito abundante (Paquistão; Bangladesh).  E quando falo de tolerância começo logo pela religiosa e social.

A pessoa pode ser tudo o que for, mas é ostracizada se não for de uma casta dominante ou de uma determinada religião. O espírito que esta gente trouxe para a JMJ foi tudo menos Cristão. É a forma social como eles se organizam por lá.

O quererem até no país dos outros impor as regras com que foram criados. Talvez seja por isto que o nosso PM tem as atitudes que tem. O meio onde somos criados tem muita influência. E as raízes culturais também O incidente poderia não ter acontecido se não fossem estas pessoas.

Assim como outros supostamente católicos foram invadir uma missa onde estavam elementos da comunidade LGBT.  Para fazerem “uma oração reparadora”. Outra cambada de estúpidos no mínimo e hipócritas no máximo. É função da igreja dar amparo espiritual a todos.

Mas estes tipos não entendem nada de Evangelho Cristo acolheu entre os seus seguidores uma prostituta proscrita pela sociedade. Proscrita de dia talvez de noite procurada por Fariseus; Zelotas; Doutores da Lei; Sacerdotes do templo.  Quem nos diz a nós que alguns destes jovens “fervorosos” da sua missão de guardar a suposta pureza da igreja católica. Andem em romagem noturna no parque Eduardo VII em romagem noturna para apanha de cogumelos. Ou talvez andem ocupados em frequentar a as bares e discotecas entre o Bairro Alto e o Largo do Ratos onde há sempre um pote de outro no final do arco-íris.

Isto teve que fazer a igreja vir a terreiro dizer que todos eram bem-vindos.

E o papa teve que gritar TODOS – TODOS – TODOS.

Lembremos-mos sempre que a igreja não é um museu de santos, mas sim um hospital de pecadores.

Eu sou católico; gosto de missa em latim; gosto dos sacramentos da Igreja. Mas não sou fanático; hipócrita; zelota eu até beato. Para mim a fé tem uma base racional. É algo que se tem ou não se tem. Não torna ninguém superior ou inferior a ninguém. É algo pessoal para ser vivido no íntimo de cada um. Pode ser motivo de testemunho, mas nunca de exibição como se fossem um simples fato ou vestido.

6 – O DINHEIRO

Terminemos a falar do dinheiro sim porque é importante falar de dinheiro. A JMJ não teria sido só possível com base em simples boa-vontade. O governo; autarquias e a igreja católica investiram 155 milhões de Euros na JMJ.

Só 35 milhões foram investidos pela CML; 8 pela câmara municipal de Loures. O resto dos 39 milhões pelo governo da república. E os restantes 75 milhões pela igreja católica.

Disto tudo 23% do investimento voltou aos cofres do estado em sede de IVA. No total de 35 600 000 de euros.

Se pensarmos que cada peregrino terá tido em média 250 euros no bolso para gastar durante as JMJ isto representou cerca de 37 500 000 euros. Dos quais só em sede de IVA à taxa de 13% na restauração o estado arrecadou mais 4 875 000 euros.

Portanto em números redondos o governo recebeu em média só de IVA 42 375 000 de euros. Mais de metade do investimento estatal foi recuperado só em IVA.

Se a isto juntarmos mais os gastos que a imprensa estrangeira realizou para fazer a cobertura. O governo arrecadou mais alguns milhares só em IVA.

A economia também foi beneficiada com este fluxo extra de 1,5 milhões de pessoas.

As empresas de transportes; petrolíferas e de energia também tiveram ganhos. Que também vai gerar receita fiscal para o governo.

Lisboa e Loures ganharam uma obra de reconversão de frente ribeirinha do rio Tejo e do rio Trancão.

Onde poderão começar a rentabilizar com festivais de verão como o ROCK IN RIO; o NÓS ALIVE.

Mas não será preciso esperar pelo próximo ano já este ano o espaço vai receber a semana académica de Lisboa.

CONCLUSÃO:

No fundo a JMJ foi um sucesso. Mesmo que uma certa esquerda anti-clerical e caviar tenha criticado e tentado acicatar a revolta popular.

É isto que eu gosto de uma certa esquerda e alguma direita. A refinada HIPOCRISIA.

Porquê? Porque se esquecem do dinheiro que se gasta nas convenções partidárias pagas com o dinheiro do contribuinte. Ou daquilo que ficou do Euro 2004. Para além do prejuízo financeiro. Os estádios que ficaram com uso continuo Dragão; Luz; Alvalade e Bessa. Cujos clubes de futebol beneficiaram financeiramente para além dos apoios financeiros e fiscais. Ainda ganharam um estádio novo pago pelo contribuinte português.

O pior foram os elefantes brancos que são os estádios de futebol:

Faro/Olhão; Leiria; Aveiro e Coimbra. Ficaram feitos continuam a gerar milhões de euros em custos de manutenção não têm utilidade. E claro o contribuinte português.

Mas o importante era atacar a igreja católica. Dizer que a mesma se estava a aproveitar da concordata. Celebrada entre o Vaticano e Portugal ainda no tempo de António Oliveira Salazar. Algo que deve ser uma espinha da garganta de muitos no largo do Rato; na rua da Palma e até na Soeiro Pereira Gomes.

Lamento, mas este país é católico. Fundado pelos católicos; judeus e muçulmanos. Com um povo maioritariamente católico, mas também judeu e muçulmano.

Isto ao contrário de alguns países que foram criados numa Loja Maçónica. (França; E.U.A e Brasil).

Portugal sempre se baseou na fé em algo superior.

O estado é laico afirmam alguns como de a CRP fosse uma cópia da constituição francesa ou dos estados EUA.

O 41º da Constituição da República Portuguesa é claro

 “Artigo 41.º – (Liberdade de consciência, de religião e de culto)

1. A liberdade de consciência, de religião e de culto é inviolável.

2. Ninguém pode ser perseguido, privado de direitos ou isento de obrigações ou deveres cívicos por causa das suas convicções ou prática religiosa.

3. Ninguém pode ser perguntado por qualquer autoridade acerca das suas convicções ou prática religiosa, salvo para recolha de dados estatísticos não individualmente identificáveis, nem ser prejudicado por se recusar a responder.

4. As igrejas e outras comunidades religiosas estão separadas do Estado e são livres na sua organização e no exercício das suas funções e do culto.

5. É garantida a liberdade de ensino de qualquer religião praticado no âmbito da respectiva confissão, bem como a utilização de meios de comunicação social próprios para o prosseguimento das suas actividades.

6. É garantido o direito à objecção de consciência, nos termos da lei.”

As igrejas apesar de separadas do estado. São-no respectivamente em relação à sua organização interna e de culto. Nada diz que as mesmas não possam cooperar com estado e vice-versa.

Obviamente e 95% dos portugueses nunca leram nem que seja de forma ligeira a Constituição. E depois à por aí uns pseudo-intlecuais da esquerda e direita que sabendo da falta de cultura política deste povo. Aproveitam esse facto para lhes lavarem a cabeça.

Contra todas as dificuldades as JMJ foram um sucesso apesar da campanha sebosa que alguma esquerda a partir da Assembleia municipal de Lisboa e de Alguns vereadores da oposição moveram. Primeiro contra Carlos Moedas e depois contra a própria igreja católica. E contra os católicos em geral.

Vai-nos valendo saber que quando Deus quer até a água se transforma em vinho.

Despeço-me desejando a continuação de boas férias a quem for caso disso. Aos restantes cá continuamos o trabalho que tem que ser feito.

NOTA: Artigo escrito segundo a grafia pré-acordo ortográfico.


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