Opinião

Ontem, hoje e amanhã.

Uma crónica de Vera Esperança

Muito bem. Hoje vou falar-lhe sobre o tema do ano – a situação pandémica em que nos encontramos. E a primeira questão que lhe deixo é esta: serão as pandemias os temas centrais dos próximos anos? Pergunto por que várias organizações têm alertado para o facto de a covid 19 ser apenas a primeira de várias pandemias que irão assolar a humanidade nos próximos tempos.

O aumento exponencial da população humana e sobretudo a adoção de um estilo de vida ocidental (onde predominam os gadgets eletrónicos e a cultura generalizada do consumo de carne) são duas das principais causas do desbravamento (e desmatamento) das zonas mais remotas do planeta, que potenciam a destruição de habitats como resposta às exigências das indústrias mineira e agropecuária.

O facto de vivermos numa pandemia que para muitos constitui uma situação inédita e aparentemente irreal incrementou o interesse dos cidadãos pelo estudo e conhecimento do início, evolução e fim das anteriores e que ao longo da história devastaram a humanidade. Muito se tem escrito sobre vacinas, quarentenas e cercas sanitárias, mas pouco se tem falado de um elemento comum a quase todas elas: o papel dos animais não humanos na propagação e contenção das mesmas.

Posto isto, talvez devesse pensar duas vezes da próxima vez que lhe apetecer comer um produto de origem animal ou quando ponderar comprar o próximo iphone, por que isto de estra na moda é do melhor, nem que toda a humanidade tenha de pagar com a própria vida.

Mas voltando à questão animal (que sabe bem que é aquela que mais interessa a quem agora lhe escreve), alerto que a maioria das doenças que assumem grandes proporções epidémicas têm origem zoonótica ou, em palavras mais simples, passam dos animais para os seres humanos, normalmente através do contacto direto com o animal infetado ou através do consumo da sua carne.

Não acredita? Ora vejamos:

Começo pela famigerada peste negra, estudada hoje em idade escolar e causadora de asco e espanto às nossas crianças. Ora, esta peste é causada pela bactéria Yersinia pestis que pode ser disseminada pelo contato com pulgas e roedores infetados.

Também a gripe, doença causada por diferentes vírus da família Orthomyxoviridae afeta mamíferos e aves. Algumas das estirpes mais perigosas (por exemplo, a famosa gripe das aves) pode ser contraída através de contacto direto com animais infetados.

Não se esqueça do Ébola, embora erradicado em muitos países, que continua a matar no continente africano, particularmente na República Democrática do Congo. Esta doença particularmente mortal (70% dos infetados morrem) é contraída através do contacto com sangue ou outros fluídos corporais de pessoas e animais infetados.

Já a doença de Prion, é uma doença neuro degenerativa quase sempre fatal que é contraída através do consumo da carne de animais infetados com BSE, mais comummente conhecido por doença das vacas loucas.

A SIDA, causada pelo vírus HIV, é também uma doença zoonótica que terá sido transmitida de primatas não humanos aos seres humanos, provavelmente através do consumo da sua carne.

Como vê, meu fiel amigo, muitas vidas se poupariam se o bicho homem não interferisse nos habitats dos outros bichos. Como já aqui escrevi numa crónica anterior – não se metam com os bichaninhos ou se preferir cada macaco no seu galho.

Voltarei, porque, afinal, “somos todos iguais”.


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