Distrito de Lisboa

Morador da Quinta da Fonte recebe dívida de 77 mil euros para pagar à Câmara de Loures em nome do pai, que faleceu há 20 anos

A Câmara Municipal de Loures (CML) está a reclamar milhões de euros de dívidas em atraso de inquilinos dos bairros municipais.

Samuel Semedo, morador no bairro Quinta da Fonte, diz que na mudança, em 1996, para aquele bairro, a que muitas famílias foram obrigadas, no âmbito do realojamento de quem vivia nas barracas localizadas nos terrenos que viriam a ser intervencionados para construir os acessos à Expo 98, os pais tiveram direito a um T3, onde ainda vive.

O pai morreu em 2003 – explica Samuel à CNN Portugal – altura em que a renda subiu de seis euros para 323. Com a mãe desempregada e todos os filhos menores, a única fonte de rendimento era o abono de família. Apesar de tentativas o processo nunca foi actualizado e quando Samuel era já maior de idade tentou regularizar o arrendamento junto da CML, sendo que lhe foi dito que o caso estava já com o departamento jurídico.

Corria o ano de 2010 e em 2015 morreu a mãe de Samuel e o processo arrastou-se até agora, altura em que Samuel foi informado que a família tinha uma dívida de 109 mil euros para pagar à CML, tendo entretanto baixado para 77 mil euros.

Samuel recebe o ordenado mínimo e não sabe como é que vai pagar o valor em dívida: “Já fomos às reuniões. Já entregámos os papéis todos. Eu queria ter resolvido isto há mais anos. Agora é que nos dizem que são 77 mil euros”.

Mais de metade das 800 habitações do bairro Quinta da Fonte são do município, cujo objectivo é recuperar 15 milhões de euros em rendas que não foram cobradas, indemnizações moratórias e saldos dos planos de recuperação de dívidas.

A autarquia explica que praticamente metade do total de 2570 inquilinos dos 20 bairros municipais e dois agrupamentos de fogos não paga renda, com 1225 famílias a terem três ou mais facturas ainda por pagar.

O plano da Câmara prevê um prazo máximo de 30 meses para o pagamento de dívidas. No caso de Samuel, teria que pagar mais de 2500 euros por mês. Segundo o plano da autarquia, o prazo das famílias para regularizarem a situação de dívidas e incumprimento estende-se por um ano, até ao final de Maio de 2024.


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