Opinião

Montijo | Motorização, Sinistralidade e Mobilidade

Uma crónica da inteira responsabilidade de Virgílio Oliveira

Eis aqui alguns dados interessantes que podem ser usados para melhorar o conceito de cidade, nomeadamente o da cidade de Montijo, para que valha a pena aqui viver! Montijo reclama um presente com futuro, mas um presente que precisa de ser devidamente acautelado sob o risco de se isso não acontecer, podermos retroceder no tempo e no espaço, não havendo sequer futuro.

No que à motorização diz respeito, há dados que merecem alguma atenção pelo efeito colateral que os mesmos podem representar para o contexto sócio-económico da população do Concelho de Montijo.

Assim e, sobre a população de Montijo os níveis de motorização dos agregados familiares registados, estimam-se que sejam aproximadamente os seguintes:

Sem motorização, cerca 35% da população.

Com 1 veículo, cerca de 65% da população.

Com 2 ou + veículos, cerca 15% da população.

Neste contexto específico, do aumento acentuado da procura de meios de transporte próprios, essenciais para as deslocações diárias num contexto de mobilidade metropolitana pendular, e face à insuficiente resposta dos operadores públicos/privados de transportes coletivos, onde pontuam as empresas Caris Metropolitana (recente) e a Transtejo, tem havido na última década um acréscimo significativo dos níveis de motorização dos agregados familiares do Concelho de Montijo, assim como do número médio de viagens diárias com recurso ao automóvel particular realizadas.

Neste âmbito importará salientar o facto de no Concelho de Montijo registaram-se percentagens elevadas de famílias com dupla motorização. Quanto à contabilização do número médio de viagens realizadas por dia, as estatísticas apresentam um panorama bastante interessante, sendo que Montijo apresenta um número médio de 3,8 viagens por dia, o que não deixa de ser significativo.

Face a um inevitável acréscimo de veículos automóveis na cidade de Montijo, as políticas públicas de reabilitação das zonas urbanas mais afetadas têm tido alguma atenção para combater os já elevados índices de poluição e de ruído que se registam atualmente em algumas das vias da cidade, já que, a manterem-se os padrões actuais de circulação automóvel, é expectável que o número de veículos a circular no anel urbano [ bairros ] e no centro da cidade até, atinja valores acima do tolerável e crie necessariamente ainda mais conflitos entre peões e veículos, bem como poderão incrementar além de uma nova taxa de sinistralidade pedonal, um acréscimo de elementos poluentes.

Face a um elevado índice de motorização da população residente no Concelho de Montijo, será de salientar uma primeira tendência que se tem acentuado nas últimas décadas ao nível das deslocações dos residentes na cidade, a diminuição de viagens realizadas com recurso aos transportes públicos, por manifesta falta de implementação dos mesmos, seguida de muito perto pela duplicação dos utilizadores de transportes individuais.

Um aspecto que deve ser considerado é ainda o facto de alguma área urbana da cidade de Montijo apresentar características únicas, que se identificam pelos baixos índices de atropelamentos, a que se associa inevitavelmente o baixo índice de circulação pedonal também, contrastando com o elevado volume da circulação automóvel.

A sinistralidade urbana, poderá ter maior significado nas vias estruturais da cidade, nomeadamente nos anéis periféricos e de interior, onde as velocidades são mais elevadas, já que nas zonas ditas urbanas as passagens para peões (passadeiras) são o principal risco para acidentes com peões, motivado por três factores indissociáveis: a confiança do peão por estar numa zona julgada, por ele, segura, a circulação ofensiva do condutor que não calcula a velocidade com o tempo de paragem necessário e ainda a distração na condução.

Um dos factores estratégicos, pouco conhecido até, para acomodar uma mobilidade segura, mas não só, passa seguramente pela implementação de novas vias com Trânsito de Sentido Único, onde o peão nos atravessamentos, em Passadeiras ou fora destas, apenas se foca num ponto único de observação.

Entretanto, os maiores conflitos registados, na zona urbana, são aqueles que estão na origem da falta de mobilidade dos peões, quando sistematicamente confrontados com estacionamentos irregulares de toda a ordem, que lhes retiram a visibilidade, logo segurança, além de ainda ocuparem os espaços a si reservados.

Por tudo isto, foi ainda muito recentemente apresentado ao Município de Montijo o Plano de Promoção da Acessibilidade da cidade de Montijo, pela MPT-mobilidade e planeamento do território, Lda., que a ser aceite, espera-se que corrija algumas das falhas constatadas na cidade… !


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