Mais de 40 mil peças lego criam réplicas de navios de procissão ao mar em Viana do Castelo
“Estou muito orgulhoso. É uma honra muito grande poder mostrar as minhas peças na terra natal da minha mãe, que é natural da ribeira de Viana do Castelo”, disse, hoje à Lusa, Dionísio Gomes.
O autor das peças em lego é filho do mestre do barco Estrela do Oceano, de Sesimbra. Há uma década que a embarcação, por ser de grandes dimensões, participa naquele número das Festas d’Agonia para transportar as entidades oficiais.
A “devoção” de Dionísio pela procissão ao mar e ao rio, em honra de Nossa Senhora da Agonia, padroeira dos pescadores, foi-lhe transmitida pela mãe, natural da ribeira de Viana do Castelo.
“É um momento que vivo com particular devoção. No meu trabalho já sabem que é sagrado. Tiro sempre férias em agosto para estar presente. Apesar de não ser filho da terra, tenho uma costela de Viana do Castelo”, afirmou o autor de 39 anos.
A procissão ao rio e ao mar cumpre-se sempre a 20 de agosto, desde 1968. Já o culto à padroeira dos pescadores tem a sua primeira referência escrita em 1744.
A exposição, intitulada “Procissão ao Mar em Lego”, vai ser inaugurada, no domingo, pelas 11:00, na sala José Hermano Saraiva, no navio-museu Gil Eannes.
As primeiras duas réplicas de barcos foram construídas há dois. Atualmente, tem cerca de duas dezenas.
“Na exposição vou mostrar quatro lanchas da Marinha, três do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN), cinco embarcações de pesca, o navio dos pilotos, o brasão da cidade, um terminal fluvial e outros barcos mais pequenas”, especificou Dionísio Gomes.
O convite para realizar a mostra na capital do Alto Minho, explicou, partiu do presidente da Câmara.
“É um orgulho e uma honra muito grandes. Só tenho pena dos meus avós maternos, que já faleceram, não poderem estar presentes. Iriam adorar por serem da ribeira”, explicou.
Há dois anos, uma “grande avaria” no Estrela do Oceano impediu a participação na procissão ao mar.
“Na última faina que fizemos em Sesimbra, antes da partida para Viana do Castelo o barco sofreu uma grande avaria. Teve de levar um motor novo. Ainda se arranjou uma embarcação alternativa, mas para mim, nesse ano as festas ficaram estragadas. Nem nem consegui ir ver a procissão ao mar”, desabafou.
Em 2019 completam-se 51 anos de procissão ao mar e ao rio em honra de Nossa Senhora d’Agonia. Na segunda-feira, dia 20, as margens do rio Lima enchem-se. São milhares de pessoas concentradas para ver e saudar a procissão, envolvendo mais de uma centena de embarcações de pesca e de recreio.
Além da Senhora da Agonia, são ainda transportadas ao mar e ao rio as imagens da Senhora de Monserrate, de São Pedro, da Senhora dos Mares e o de Frei Bartolomeu dos Mártires que, desde 2015, passou a integrar a procissão.
No regresso a terra, os pescadores transportam os andores de novo à igreja de Nossa Senhora d’Agonia, situada no Campo da Agonia, passando pelas ruas da ribeira onde, durante a madrugada, foram confecionados, manualmente, os típicos tapetes de sal.
A confeção dos desenhos, gravados em cinco ruas e uma alameda, com mais de 30 toneladas de sal colorido, realiza-se sempre na noite anterior ao dia da padroeira, feriado municipal, mobilizando centenas de pessoas, sobretudo moradores daquela zona da cidade.
A preparação começa meses antes da festa, mas a “noite dos tapetes”, como é localmente conhecida, atrai milhares de forasteiros que se perdem pelas tasquinhas da ribeira, animadas durante toda a madrugada com concertinas e cantares ao desafio.
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