EntrevistaMontijo

“Deixo o legado de executar muitas coisas”: Uma década de Nuno Canta como Presidente do “equilíbrio das contas” que “nunca diz nunca”

Presidente da Câmara Municipal do Montijo admite que último mandato foi marcado pela “convergência” entre o executivo e a oposição, à exceção de “um elemento” em particular. Nuno Canta faz um balanço da sua governação, projeta soluções municipais de futuro e confessa quais os “momentos mais difíceis" como autarca, em entrevista exclusiva dada ao Diário do Distrito.

Em entrevista a um jornal regional, em 2021, afirmou, na sequência de uma vitória de maioria relativa, esperar um mandato de “convergência, estabilidade e diálogo entre as diferentes forças políticas”, para “melhorar os serviços e fazer crescer a economia e o emprego”. Disse esperar “maior responsabilidade, mais colaboração, menos populismo e ódios da oposição neste mandato”.

Pergunto-lhe se, decorridos dois anos, as expectativas foram cumpridas e, caso não tenham sido, em que pontos ficaram aquém.

Este último mandato tem mostrado muita capacidade de convergência entre nós e as forças da oposição. Os orçamentos nunca têm sido reprovados pela oposição. Temos apenas uma pessoa que é menos sensível e que continua com populismo.

Estamos a falar de quem?

Um dos vereadores. De resto, afastámos algumas situações de populismo e, até, de ódio – tirando um dos elementos, que não tem qualquer influência no sentido de evolução da cidade. Ainda agora aprovámos, quer na Câmara Municipal, quer na Assembleia Municipal, um dos maiores orçamentos da história da terra (57,7 milhões de euros), o maior orçamento que, como autarca, tive a honra de aprovar. Houve apenas alguns votos contra do PSD, que não têm qualquer efeito relativamente a bloquear as medidas.

Em 2025 haverá eleições autárquicas, já sem Nuno Canta, após ter iniciado este compromisso como Presidente da Câmara Municipal do Montijo em 2013. Até agora, qual foi a situação mais difícil com a qual teve de lidar nestes 10 anos?

A maior dificuldade que um autarca sente é ser confrontado com a pobreza e com situações de, por exemplo, despejos, etc. São os momentos mais difíceis e são aquelas alturas em que nos vemos incapazes de resolver os problemas. Por isso é que no programa PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) Habitação vamos procurar fazer mais casas para habitação social e construir um centro de acolhimento urgente e temporário, que permita dar resposta, rapidamente, quando uma família montijense é despejada e fica praticamente sem nada. Também há pobreza nas escolas, mas aí a Câmara Municipal tem mecanismos muito fortes de apoios a meninos mais pobres e que na escola encontram lanche, transporte, todo um apoio social, que se desenvolve tendo em conta a sua situação concreta.

Prevê dar continuidade à sua carreira política após deixar de ser Presidente da Câmara Municipal do Montijo?

Vamos ver. Nunca se diz nunca. Também ninguém pensava que o Governo iria cair e, de repente, caiu.

Poderá ser candidato à Assembleia Municipal?

Não, eu gosto de cargos executivos, não tenho essa pretensão. Eu deixo o legado de executar muitas coisas. É avassalador a quantidade de obras que nós em cerca de 25 anos (28 no final do mandato) conseguimos realizar no Montijo. Não há muitos conselhos aqui à volta que tenham esta dimensão de investimento público. Outro legado que eu deixo, já como Presidente, é o equilíbrio das contas. Pela primeira vez conseguimos manter sempre um grande equilíbrio. Espero que os meus sucessores no executivo mantenham essa política.

Por falar nisso, tem algum preferido ou preferida para cabeça de lista do Partido Socialista para as eleições de 2025?

Não, sou amigo de todos e já lhes disse. Temos, para já, dois candidatos. Esse protagonismo tem de ser deles, não meu.

Já sabemos que não se vai opor a uma solução aeroportuária na Margem Sul do Tejo. Se a hipótese Campo de Tiro (Benavente) perder força e se a decisão passar por construir o aeroporto fora da Península de Setúbal, qual é a primeira coisa que vai fazer?  

Nós lutámos sempre por uma solução no Distrito de Setúbal, quando esteve em cima da mesa as hipóteses Campo de Tiro e Ota e, mais tarde, no período da troika, quando propuseram a ideia de uma pista na Base Aérea n. º6 para complementar o aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa. Quando surgiu a ideia de Santarém ficámos um bocado aflitos, porque aqueles que eram contra a solução da Base Aérea poderiam ter orientado a Comissão Técnica Independente nesse sentido e nós perderíamos a hipótese de Setúbal.

O Montijo não é exceção à crise na habitação que tem fustigado todo o país. Quais as principais medidas para atenuar a situação a nível local?  

O fenómeno não é tanto falta de casas, é o facto de o mercado no Montijo ter passado a ser para um segmento de classe alta. Se passar no Montijo, vê tantas gruas, que ninguém de bom senso achará que não há construção de casas. Nós temos os mesmos números de construção de casas que tínhamos há uma década. O mercado foi orientado dessa determinada forma. O modelo poderia ser corrigido com a construção de habitação de classe média, e poderiam ter sido pensados planos diferentes na política de Habitação.

Uma limitação das rendas?

Isso não. As pessoas são todas pelo mercado, mas quando não dá resposta querem tabelar tudo e isso não é assim. Temos de encontrar soluções com o Governo e autarquias de modo a haver situações que permitam aos construtores construírem para a classe média. Isso é que é preciso.


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2 Comentários

  1. “Não há muitos conselhos aqui à volta que tenham esta dimensão de investimento público.”

    “Conselhos”???? 😂😂😂

  2. Se visse a pobreza que á no Montijo era melhor mas infelizmente só quer é criar jardins e depois manutenção O o povo do Montijo anda a ser enganado abram os olhos povo enquanto é tempo

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