Opinião

A “Cultura do cancelamento” ou a tentativa de esmagamento do Espírito e da Liberdade

Chegou-nos, no fim de semana passado, a notícia de que pelo menos três entidades convidadas (uma editora e duas livrarias) se recusaram a marcar presença na sessão de encerramento de uma Festa do Livro Independente, por um dos oradores no evento ser o politólogo e historiador Jaime Nogueira Pinto.

Expoente notável do pensamento de direita em Portugal, com um currículo académico e científico a toda a prova e uma isenção a todos os títulos assinalável, Jaime Nogueira Pinto tem sido, de há muitos anos a esta parte, a voz nacional mais proeminente na oposição à tentativa das esquerdas de imporem o seu diktat nos domínios académico, intelectual e cultural.

Pensador brilhante, corajoso e lúcido, sempre atento à realidade, Jaime está muito acima de eventuais boicotes, e esta foi apenas mais uma tentativa de o cancelarem que, de resto, não surtiu efeito.

Mas o que fica é o acto em si mesmo. Como vivemos em democracia e já não é possível usar o frio e burocrático lápis azul de qualquer censura, e como os seus argumentos são irrefutáveis, as esquerdas servem-se, para o silenciar, daquilo a que se convencionou chamar cultura do cancelamento.

Por cultura do cancelamento entende-se o esforço organizado, iniciado em meios universitários e intelectuais norte-americanos no final da década de 2010, tendente a boicotar, ostracizar ou evitar os autores que as esquerdas consideram escreverem, agirem ou falarem de forma inaceitável.

Em nome do politicamente correcto e ao arrepio do ideal são e democrático do debate de ideias, as esquerdas procuram reduzir ao silêncio quem se lhes opõe – e para isso não hesitam em visar a vida pessoal, social ou profissional e até patrimonial dos acusados de heresia, com força proporcional à celebridade dos mesmos. Por isso mesmo, a tentativa de cancelamento de Jaime Nogueira Pinto deve surgir para este nosso Amigo como uma verdadeira condecoração.

Autêntico atentado à tradição democrática, a cultura do cancelamento tem efeito inibidor no discurso público, é estéril e improdutiva, não induz mudanças sociais e causa e fomenta a intolerância e a ignorância. Argumentam os seus arautos e defensores que o cancelamento é, em si mesmo, uma forma de liberdade de expressão, promovendo a responsabilização e dando voz a quem está desprovido de direitos. Só que a nossa liberdade acaba onde começa dos outros, o receio não é responsabilização e não é por nos calarem que se afirmam os direitos de quem quer que seja, apenas nos é sonegado o nosso à liberdade de expressão.

O receio em enfrentar opiniões contrárias caracteriza todas as forças totalitárias. Todas as ditaduras suprimem, de uma forma ou de outra, a liberdade de expressão. Se é da discussão que nasce a luz, há quem prefira permanecer na escuridão. Na falta de argumentos, cala-se o opositor, à força se necessário for. À força da inteligência opõe-se a inteligência da força, visando o pensamento único. Nesse sentido, cultura do cancelamento é um termo contraditório, na medida em que entre os elementos da “clássicos” da cultura encontramos o conhecimento, a moral, a ética e os costumes, que nela são postos em causa.

A talhe de foice, convém lembrar o paralelismo existente entre a tentativa de cancelamento de Jaime Nogueira Pinto e a agressão aos deputados do Chega Rui Paulo Sousa, Filipe Melo e Jorge Galveias e a vários militantes durante a manifestação contra a crise na habitação. Ambos os casos são manifestações de intolerância vindas das esquerdas, que se consideram donas da rua como se consideram donas da academia e da intelectualidade, umas por acção e outras por omissão. Ambos os casos configuram tentativas de cancelamento, da presença intelectual e do pensamento, numa situação, e da presença física e da acção, na outra. O fascínio pela ditadura e o desprezo pelas opiniões contrárias são características típicas de toda a esquerda, que se apercebeu, se não desde Marx pelo menos a partir de Gramsci, de que a história é feita ou manipulada pelos vencedores.

Como no caso de Jaime Nogueira Pinto, o ataque aos deputados do Chega deve ser visto como um reconhecimento por parte das esquerdas da força dos nossos argumentos. Não serão estas as primeiras tentativas de cancelamento contra nós – quantos dos militantes e simpatizantes do Chega não as sentiram já ou virão a sentir a nível profissional e até social e familiar?

Mas nada disso nos demove. A nossa voz é a do Portugal profundo, das aspirações de um Povo que insiste em ser livre e em permanecer fiel à sua História, corporizadas no nosso líder, André Ventura, em primeiro lugar, e na Direcção Nacional e no Grupo Parlamentar do Chega. Saibamos, pois, permanecer firmes e opor à cultura do cancelamento a força da nossa razão!

Luiz de Lacerda, vice-presidente da Mesa Distrital do Chega, coordenador do Gabinete de Estudos


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