AlcocheteDestaque

Megaoperação policial faz nova incursão no Samouco

Polícia Marítima identifica mais de 500 imigrantes entre os mesmos sul americanos.

A manhã de segunda-feira, dia 11 de 2023 iniciou na Praia do Samouco, freguesia do Concelho de Alcochete referenciada como um dos pontos principais de apanha ilegal e transacção de amêijoa nipónica, com uma megaoperação policial promovida pela Polícia Marítima onde foram identificados mais de 500 indivíduos que se dedicavam ilegalmente à apanha da amêijoa nipónica.

Com 100 efectivos da Polícia Marítima presentes no local, um dos objectivos principais é a identificação dos líderes das redes de comercialização ilegal dos bivalves. Foram, pela primeira vez, identificados mariscadores oriundos da América do Sul, além das já conhecidas comunidades de mariscadores asiáticos, essencialmente naturais da Tailândia ou Nepal.

No trajecto em direcção da praia do Samouco era perceptível a agitação e a expectativa de vários grupos de pessoas de variadas nacionalidades, pertencentes às comunidades locais de mariscadores, e residentes em diversos locais espalhados pela em tempos pacata Vila do Samouco.

Nas redes sociais o posicionamento face ao assunto, verdadeiro problema social já reconhecido pelas autoridades, oscila entre o silêncio, talvez alimentado por receio de exposição pública, e algumas atitudes ostensivas de incómodo perante a exposição pública e a constante atenção dos média que recentemente se verifica, sendo mesmo patentes as vozes discordantes em relação ao trabalho das autoridades e da imprensa.

O Diário do Distrito esteve presente no teatro de operações durante a manhã do dia 11 de Dezembro de 2023 e teve oportunidade de entrevistar o coordenador local da megaoperação – Comandante Paulo Vicente, actualmente a exercer as funções de Comandante Local da Polícia Marítima e Capitão do Porto de Lisboa.

Diário do Distrito: Senhor Comandante, para o Diário do Distrito, o que nos pode adiantar em relação a esta operação em concreto? Objectivos, entidades envolvidas, além da Polícia Marítima, se é que as há?

Comandante Paulo Vicente: Esta é a segunda operação que fazemos este ano de maiores dimensões. Portanto, esta é a segunda operação que fazemos com estas dimensões, nós digamos que procuramos aqui acompanhar a atividade na área da nossa responsabilidade aqui de Lisboa, a Polícia Marítima acompanha.
Realmente identificamos esta zona como uma zona com potencial enorme, porque aglomera aqui quantidades enormes de pessoas. A nossa operação visa apanharmos os mariscadores e as pessoas que comercializam esta atividade, que é uma actividade ilegal. Não pode ser, portanto, e não podemos contemplar que realmente se faça esta actividade e se aproveite para outras situações. Portanto, esta é uma megaoperação. Nós temos 100 agentes da polícia marítima que estão aqui, com 15 viaturas.
Nós chegámos ao local, começámos a vigiar já há alguns dias, esta madrugada estávamos a vigiar logo que a maré atingiu realmente a baixa-mar. Começámos a deslocar perto daqui da situação, quando as pessoas começam a abandonar intervimos e identificámos agora cerca de 500 mariscadores. Já aprendemos três viaturas e mais uma que foi apreendida. Portanto, este é, para já, o primeiro resultado que eu vos posso já adiantar.

Diário do Distrito: Já de hoje, já desde o início da operação?
Comandante Paulo Vicente: Do início da operação, demora um bocadinho identificar as pessoas, tudo o resto verificámos aqui efectivamente que há uma grande quantidade de pessoas que não estão legais.

Diário do Distrito: Mesmo a nível de estadia no país?

Comandante Paulo Vicente: Da estadia no país e estamos a encaminhá-las para as entidades competentes. Há aqui uma comunidade muito forte, muito grande da Tailândia. Temos contato com a Embaixada da Tailândia nesse sentido. Identificámos aqui curiosamente, é um fenómeno novo para nós, que nós temos que estudar, é aparecem, apareceram muitas pessoas da América do Sul, que até agora isso não tinha sido identificado, e depois os cidadãos nacionais que realmente aproveitam, é um problema social que temos aqui, que aproveitam aqui, digamos que a venda deste material para sustento, para se sustentarem e alimentarem as suas famílias.

Diário do Distrito: Exactamente, há aqui como que, diríamos que é uma economia paralela?Comandante Paulo Vicente: Exactamente, portanto, é uma economia paralela de uma actividade que é ilegal, e como todas as actividades ilegais os lucros são enormes, de um certo número de pessoas, não as pessoas que estão aqui a apanhar marisco, mas outras pessoas que se aproveitam infelizmente.
Diário do Distrito: Quem gere, digamos assim?

Comandante Paulo Vicente: Digamos que as pessoas que tentamos decapitar, porque na realidade, digamos que as pessoas que lideram tudo isto são quem desfruta mais disto. O que é facto é que nós já fizemos outras operações, nomeadamente em Junho, julgo que sabem isso, daí surgiram linhas de investigação. Nós efetivamente estamos a fazer isso, a investigar essas pessoas. O Que é facto é que tiramos essas pessoas, mas outras ocupam esse espaço, o vazio é sempre ocupado por outras pessoas.

Diário do Distrito: Nota-se um movimento de ida e volta das pessoas?
Comandante Paulo Vicente: É isso que nós estamos aqui a acompanhar e esta missão, esta operação que vamos chamar megaoperação, decorre disto.

Diário do Distrito: Esta operação hoje conta com outras autoridades ou é exclusiva?Comandante Paulo Vicente: Todas as autoridades daqui, que estão relacionadas com o assunto, foram informadas. É uma atividade do Comando-Geral da Polícia Marítima, do Comandante Geral da Polícia Marítima, que tem aqui também associado à investigação criminal da Polícia Marítima e também o GAT – o Grupo de Acções Tácticas da Polícia Marítima, Unidade especial da Polícia Marítima que nos está a dar apoio e, digamos, que todas as forças e serviços de segurança com competência dentro desta área foram informadas daquilo que nós estávamos a fazer.

Diário do Distrito: A nível de autarquias locais, foram contactadas? Não foram?

Comandante Paulo Vicente: Não, contactamos, sim, quando a operação tem início. Quanto menos pessoas souberem, melhor por uma questão de investigação e para que nós consigamos actuar sem que ninguém esteja à nossa espera!

A operação continuou, o rio, por enquanto, continua a guardar os seus segredos por entre a cadência das marés. A Vila guarda também os seus segredos, pactos de silêncio, lamentos (alguns), acolhe pessoas estrategicamente colocadas em determinados pontos a observar e ouvir o que possa interessar às chefias que actuam em redes interligadas, à vista e perceptível, uma tensão no ar, palavras trocadas a medo nos cafés e tabernas.

No Samouco, a paz e serenidade cederam lugar ao medo e aos pactos de silêncio! Segredos que o rio e a Vila escondem, mas que o tempo revelará!


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18 Comentários

  1. mais uma volta…mais velocidade….que para a semana é igual……bastou a cmtv fazer a reportagem para agora fazerem algo que dura há anos

    1. Yuri Ribeiro vi essa reportagem e pensei cá para mim.. não dou dois dias para a polícia aparecer no Samouco 🤣🤣🤣 mas o engraçado que pensam que é SÓ no Samouco 🤣🤣

  2. Fiz o meu treino Montijo pela praia Alcochete Samouco Montijo quando passei percebi que hoje até pagavam mais as bicicletas os carros pouco mudou não serviu de nada

  3. Há anos que é assim. Gera muito dinheiro, agora onde está o SEF e quem deixou passar centenas de gajos ilegais nas fronteiras. Se estes entraram à fresquinha para encheram os bolsos da Máfia da Amêijoa, quantos entraram com más intenções para com o cidadão comum?

    1. Lélio Sim-Sim Se você soubesse que se quiser entrar em Portugal sem controlo de passaporte basta desembarcar em Madrid ou Paris e aí apanhar um voo Schengen para Lisboa e aí já se furta ao controlo do SEF talvez não escrevesse tamanha asneira jurídica. Nem SEF nem agora a PSP podem controlar voos dessas origens. E mais…a maioria destas pessoas são romenos ou seja da União Europeia ou indostanicos que beneficiam de uma “pérola” criada há anos pelo partido do governo que se chama Art.88-2, que por outras palavras quer dizer “venham todos”.

    2. Fernando Júnior Não sou tão instruído em leis como o meu caro. Também utilizou alguma cena destas?

    3. Lélio Sim-Sim Não é uma questão de instrução. É tentar não bater sem saber a origem do problema primeiro. Está questão é igual às estufas da Costa Vicentina. Onde há regras haverá sempre quem as contorne.

    4. Lélio Sim-Sim E não. Por acaso tenho 59 anos, sou português genuíno nascido em Moçambique. Os meus pais seguiram as regras para os portugueses virem de lá para Portugal.

  4. Espalhafato outra vez. O que há que combater são as mafias exploradoras destas pessoas. Isto assim é só teatrinho.

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