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2RS e Moto Clube de Setúbal unidos para ajudar a Bobi & Flor

Mais um primeiro domingo do mês e mais um passeio solidário promovido pela ‘família motociclista’ 2Rodas Solidárias, que desta vez teve um apoio de peso do Moto Clube de Setúbal.

Depois da paragem para ganhar forças no Seixal, o desfile de motociclistas seguiu para o Gaio-Rosário, Moita, ao encontro da Bobi&Flor – Associação de Proteção ao Animal, fundada oficialmente há quatro anos, e que tem a seu cargo neste momento sessenta gatos.

“Somos meia dúzia de pessoas a tomar conta do abrigo, a alimentar, tratar e esterilizar os gatos, mas se não fosse isso, muitos morreriam doentes ou atropelados”, explica Susana Moedas, presidente da Associação.

“A nossa história começa precisamente nesta rua, porque demos conta que existiam vários gatos errantes, com constantes crias, sem controlo, a precisar de assistência veterinária e alimentação.

Começamos por pedir ajuda aos vizinhos, a vender rifas e fomos juntando verba para ir esterilizando as gatas, sendo o nosso intuito devolver depois os gatos aos seus espaços, e para tal foram criados abrigos e ponto de comida.

Mas muitos dos animais esterilizados foram atropelados, e era um trabalho inglório e um sofrimento cuidar dos animais e depois ter de ir recolher os corpos.”

A opção foi criar um espaço de acolhimento. “Só que a partir desse momento, outros casos começam a surgir, e não apenas aqui na Moita. Temos animais de Alcochete, do Montijo, até de Lisboa.”

Oficialmente nasceu a 10 de Abril de2019, e o nome surgiu de dois dos gatos resgatados, “o Bobi, que era mais cão do que gato, e que deu o nome ao primeiro abrigo há nove anos, o ‘gatil do Bobi’; e a Flor, que morreu o ano passado, e foi retirada debaixo de um contentor do lixo sem as almofadinhas das patinhas e com problemas de saúde”.

As instalações são cedidas pela Susana Moedas, que num exíguo espaço conseguiu criar um porto seguro para os bichanos.

Apesar das dificuldades, Susana Moedas relata que “temos conseguido dar muitos gatos para adopção, todos os bebés e muitos adultos. Durante o período da pandemia, dos dez que foram adoptados, apenas um foi devolvido, porque temos esse princípio de que se algo não corre bem, voltar a receber o animal. No abrigo temos sobretudo os mais velhos e os com problemas físicos.”

Entre eles estão duas gatas cegas, “que fazem a sua vida normal, mas precisam de alguém especial porque não vendo, estão ainda mais sujeitas aos perigos”, e ainda “um gato que já tem dezoito anos, que dificilmente terá oportunidade de ter uma nova família”.

Apoios de particulares e institucionais

Confessa ainda que “durante muito tempo só nos conseguimos ir mantendo com o apoio de particulares, por isso esta ajuda dos 2RS é tão importante, porque o apoio institucional só nos chegou o ano passado.

Através da Câmara Municipal da Moita, temos agora um apoio trimestral para a ração e areia, e desde há dois anos, a União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos entrega anualmente uma palete de areia, e dá-nos apoio logístico para podermos fazer fotocópias e imprimir o que precisarmos.”

Outro apoio que a Associação passou a receber foi nas esterilizações.

“Até agora tínhamos de obter verba com rifas e madrinhas/padrinhos de esterilização. Este ano a Câmara Municipal oferece-nos um determinado número de esterilizações, que são feitas na clínica veterinária onde sempre temos levado os gatos, e com material doado pela autarquia. Este é que foi o objectivo para o qual a Associação foi criada porque quanto menos animais nascerem, menos serão errantes ou abandonados.”

Como em todas as associações de apoio a animais, Susana Moedas está ciente do crescente número de abandonos.

“É cada vez maior. Todos os anos vêm abandonar animais aqui na rua, e já nem temos uma identificação na porta para evitar ainda mais. Digo sempre que quem está com problemas, pode recorrer a associações como a nossa, que também ajuda pessoas com dificuldades financeiras. Tudo é preferível ao abandono.”

Apesar de tudo reconhece que “as despesas com animais são grandes, e agora aumentou com a obrigatoriedade da chipagem, porque as pessoas continuam a não compreender a importância desse processo para recuperarem os seus gatos, mesmo os que estão sempre em casa, uma vez que os acidentes acontecem”.

E termina com um desejo: “Portugal ainda tem de mudar muito na mentalidade relativamente aos animais. Era bom que deixassem de os ver como objectos descartáveis e antes como seres vivos e membros da sua família, e assim em vez de os abandonarem à primeira dificuldade, optassem por pedir ajuda.”


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