CulturaDistrito de LisboaUncategorized

Libra. A voz consciente que abraça a sua ancestralidade

Libra é uma cantora/rapper e compositora portuguesa, cantando também em inglês, concebida em Lisboa e criada nos subúrbios da Linha de Sintra, tem como principal foco no seu estilo musical o conscious rap (rap consciente em português), subgénero do RAP que tem como objetivo exaltar os problemas existentes na sociedade atual. A particularidade da Libra nesta sub vertente do rap, é que própria condimenta com o estilo R&B.

Subgénero musical geralmente praticado por homens, Libra sendo uma jovem mulher africana criada nos subúrbios da capital, usa o seu talento musical para focar-se principalmente em temas como a emancipação da mulher na sociedade, e em questões sociais da miscigenação e empoderamento da história negra.

Libra tem duas facetas musicais distintas que o ouvinte vai descobrindo ao longo dos trabalhos que ela tem realizado. Tanto pode focar-se na real essência do rap consciente como dar mais atenção na conexão com a sua ancestralidade viajando no conhecimento do “eu”.

Como é que tu começaste a tua carreira musical e o que te motivou a escolher o conscious rap como teu género de eleição?

Eu canto desde que me lembro de existir. 5Fiz 4 anos de piano clássico no conservatório de música de Sintra e acabei por não seguir porque não me identificava com a falta de liberdade na música clássica. Nos anos que se seguiram participei em alguns concursos, tive uma banda, 0mas também não correu como eu imaginava.

A primeira tentativa frente a um público exigente

Passado algum tempo, já na faculdade em Coimbra (tirei farmácia, nada a ver com música ) encontrei um bar que tinha open mic às quartas feiras. Eu já estava com muita sede de cantar para um público e acabei por dar o meu nome para lista do open mic. Subi a palco, queria muito cantar Jorja smith mas os músicos não conheciam nada dela naquela altura, eu insisti, acabaram por tocar a olhar para as cifras do cifra club e digamos que não foi um momento propriamente bonito de se presenciar…

Não contente com o falhanço, voltei. Nesta segunda noite no open mic havia um teclado no palco, então eu pedi que todos os músicos me deixassem sozinha no palco para eu cantar ao piano. Nervosíssima tentei tocar a “ Figures” da Jessie Reyes mas o meus dedos estavam a escorregar nas teclas do piano. O que público a vaiar, o meu sistema nervoso também a mandar-me embora do palco mas mesmo assim não desisti, eu sabia que tinha de dar algo aquelas pessoas. Fechei os olhos e toquei a primeira música que me veio à cabeça, “Beautiful” da Cristina Aguilera. Esta música foi crucial para mim a determinada altura da minha adolescência para que me conseguisse amar um pouco mais e ganhasse coragem de subir a palco sozinha. Fez sentido naquele momento também e com ela, mais uma vez segui.

A persistência pelo sonho

Toquei e cantei a música do início ao fim de olhos fechados. Só me apercebi no final mas o público a determinada altura tinha feito silêncio para me ouvir. Assim que terminei e abri os olhos tinha um mar de pessoas de lágrimas nos olhos que me aplaudiram de pé. Quando sair do palco voltei para a minha mesa várias destas pessoas me abordaram para agradecer dizendo que eu tinha cantado exatamente o que precisavam de ouvir naquele momento.

Eu lembro-me desta noite de uma forma demasiado detalhada. Foi nesta noite que percebi que custasse o que custasse eu tinha de fazer disto a minha vida. Tocar desta forma em outras pessoas é uma capacidade que nasce contigo e que não podes simplesmente ignorar.

A primeira canção

Depois de muitas noites de quarta-feira bonitas e de terminar a minha licenciatura voltei a Lisboa com o objetivo de profissionalizar a minha arte. Escrevi a minha primeira canção, entrei no hotclub para estudar jazz, conheci aquele que seria o meu guitarrista durante os 4 anos que se seguiam e passados alguns meses encontrei o estúdio e o produtor com quem trabalharia também nos 4 anos que se seguiam.

Comecei claro pelo RnB, já cantava RnB desde adolescente, era aí que conhecia a minha voz e era o caminho mais lógico para uma mulher com o meu background.

A motivação pelo conscious rap

Perguntas-me o Que me motivou a escolher conscious rap como género de eleição, mas a realidade é que eu não escolhi. Quando é da tua arte que sobrevives, romanticamente falando, não há escolhas possíveis no que toca à criação. A tua mente vai para onde a tua alma te levar e é isso que sai no papel.

Eu comecei no RnB porque não sabia rimar, mas há anos que era uma fiel ouvinte de hip-hop e sobretudo de conscious rap. Desde 2Pac e Fugees a J Cole e Kendrick. Na verdade, sempre ouvi mais HipHop do que RnB mas achava que nunca seria capaz de fazer rap. Acontece que a minha escrita se encaminhou cada vez mais para o formato de versos de rap, as minhas métricas, as estruturas das canções e sobretudo os temas que me era urgente abordar. Foi um processo. As minhas composições foram gradualmente aproximando-se deste género no qual considero que me incluo atualmente.

Hoje tenho as minhas rap skills desenvolvidas o suficiente para poder variar como eu bem entender entre canto, rap cantado e rap propriamente dito. Hoje faz-me sentido apresentar-me como uma artista que aborda o conscious rap com as cordas vocais de uma cantora de RnB. Preciso dos dois géneros para passar as mensagens que quero fazer chegar ao público.

Pode ouvir e ver os trabalhos de @theflibra no seguinte link:

https://solo.to/theflibra


ÚLTIMA HORA! O seu Diário do Distrito acabou de chegar com um canal no whatsapp
Sabia que o Diário do Distrito também já está no Telegram? Subscreva o canal.
Já viu os nossos novos vídeos/reportagens em parceria com a CNN no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Siga-nos na nossa página no Facebook! Veja os diretos que realizamos no seu distrito

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *