A notícia foi avançada hoje pelo jornal Público, que dá conta da abertura de um inquérito-crime, que se encontra no “segredo de justiça e não tem arguidos constituídos“, mas cuja investigação inclui a antiga e agora candidata a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, sobre a utilização de cartões de crédito emitidos em seu nome, e as “circunstâncias em que esta era abonada pela utilização do seu automóvel ao serviço da autarquia“.
As despesas, de acordo com os extratos dos cartões, terão chegado aos 103 mil euros, durante o mandato 2017-2021, 27 mil dos quais para pagar “passagens aéreas e serviços associados“, 23 mil para “pagamento de hotéis e refeições no estrangeiro“, 11 mil para “subscrições e aquisições de software“, e 6300 euros em “refeições em Portugal“. O jornal ainda destaca o pagamento de despesas relacionadas com “o aluguer de automóveis no estrangeiro, passeios turísticos (city sightseeing)” no estrangeiro, que incluem viagens aos Estados Unidos, Brasil, Madagáscar, Moçambique, China, entre outros, parte delas integrada em viagens realizadas no âmbito do Clube das Mais Belas Baías do Mundo, liderado pela ex-autarca entre 2016 e 2019, assim como “visitas a cidades geminadas com Setúbal“. Dessas viagens, o jornal adianta, ainda, que “os despachos de delegação de competências, obrigatoriamente publicitados em caso de ‘ausência de representação do município’, acrescentam alguns dados, ainda que não indiquem os destinos nem os motivos das deslocações“.
Das despesas, também se incluem “duas entradas no Oceanário de Lisboa, despesas de lavandaria, aquisição de equipamento fotográfico, compras online e em lojas como a Worten, Staples e FNAC“.
Para além disso, a ex-autarca também terá recebido, em ajudas de custo, 73 mil euros, pela condução de 200 mil km no seu carro particular, entre 2013 e 2021, algo que só poderia ser atribuído a título excecional.
Em declarações ao Público, Maria das Dores Meira terá explicado que o uso do seu automóvel particular para o cumprimento de funções camarários, prendia-se com o usufruto do “direito ao devido descanso” do motorista, e que, por essa razão, “assumia algumas das deslocações” fora do horário laboral.
Já sobre as despesas de 103 mil euros, Dores Meira acusou o executivo da CDU e o Partido Socialista de “atoardas e falsidades”, afirmando tratar-se de uma pessoa “íntegra, séria, honesta, trabalhadora e frontal“, afirmando que todas as despesas se encontram justificadas, e que os cartões de crédito também eram usados por vereadores e serviços municipais.
De acordo com Público, a informação foi obtida através do envio anónimo de extratos de dois cartões, “tal como documentos relativo ao uso do carro da ex-autarca“.
A investigação surge na sequência de um processo sobre “irregularidades cometidas no município [de Setúbal] no mandato 2017-2021“, em que já foram ouvidos os vereadores socialistas Fernando José e Joel Marques, não tendo Maria das Dores Meira e o atual edil André Martins ainda sido ouvidos.
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