Com chuva, mas com as imediações do coreto com cerca de mil pessoas, foi apresentada, esta quarta-feira, às 19h, a candidatura de Maria das Dores Meira à presidência da Câmara Municipal de Setúbal, três anos após ter abandonado o cargo, devido à limitação de mandatos.
Começando com uma apresentação musical de Albano Santana, em que se questionou “onde é que existe um rio azul igual ao meu?”, tendo como resposta “o rio Sado de águas mansas“, a primeira intervenção coube a Sara Chaves, que apresentou a carta de princípios da candidatura. Nessa carta, assume-se a necessidade de Setúbal “retomar a sua trajetória de crescimento“, e colocar “de volta no caminho do progresso e do desenvolvimento“, assumindo a associação Setúbal Sempre, como o “ponto de partida“.
Créditos: Mário Silva
As intervenções seguintes couberam aos mandatários: pela Juventude, temos o presidente dos Ídolos da Praça, Bruno Vigário, que falou da importância da participação dos jovens na política e do associativismo na “formação cívica”; e da candidatura, Henrique Jones, médico ortopedista, um dos “mais reconhecidos e prestigiados setubalenses“, que destacou a “candidatura abrangente“, e realçou que “não podemos ser apenas a cidade do Moscatel, da sardinha assada e dos golfinhos“, devido ao potencial da cidades noutros campos.
Antes da apresentação do cabeça de lista à Assembleia Municipal, foi apresentado o hino de campanha, da autoria de António Manuel Ribeiro e dos UHF e interpretação de Carla Ribeiro, em que o refrão enaltece o Sado, a Serra, Bocage e o Vitória Futebol Clube, terminando com “Maria, Maria – está de volta“, mostrando a personalização da campanha em torno da figura da antiga autarca.
O evento seguiu-se com o discurso de David Martins, cabeça de lista à Assembleia Municipal, ex-diretor clínico do Hospital de São Bernardo e ex-deputado na Assembleia Municipal, que referiu que “não nasci em Setúbal, mas Setúbal nasceu para mim“, numa ligação que começa em 1966, “ano em que Eusébio quase levou Portugal a campeão do Mundo“. Falou do apoio dado a Maria das Dores Meira em 2017, quando era membro do Partido Socialista, tendo defendido a candidata que “não merece as críticas” de que é alvo.
O momento seguinte foi o da apresentação de um pequeno vídeo do “apoio surpresa“, em que é enaltecido, mais uma vez, o mandato da antiga autarca. Esse apoio, como especulado anteriormente, tratou-se do célebre cantor Toy, que falou o quão “é bom que seja uma senhora a tomar conta de uma cidade“.
O discurso seguinte foi o mais aguardado pelos presentes: o discurso de candidatura de Maria das Dores Meira. Num discurso que alternou entre os compromissos da candidatura e as críticas ao atual executivo, a candidata declarou que voltou, por ouvir “diariamente, na rua” palavras como “Volte”, “Tem de voltar”, “Setúbal precisa de si”.
Neste sentido, e com críticas ao atual executivo, designou como prioridades a limpeza do espaço público, “sem lixo e sem ervas”, a possibilidade da constituição de uma polícia municipal e instalação de câmeras de videovigiância; o aproveitamento dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) “para recuperar e construir habitação pública“, assim como “estimular a construção de habitação a custos controlados“.
Outras prioridades incluem a construção da marina como “importante para o progresso da cidade“, a reabilitação do Centro Histórico e das freguesias periféricas, a travessia fluvial Setúbal-Tróia, a “preços compatíveis com um serviço público“, finalizar a transferência de competências para as freguesias, e a realização de uma auditoria às contas da Câmara Municipal.
No entanto, o momento que trouxe mais apoio por parte do público, foi quando a candidata falou do “elefante na sala“: o estacionamento tarifado, onde definiu como alvos o Partido Socialista e a CDU. Começou por dizer que o “contrato que assinei, como presidente da Câmara, não é o que está a ser implementado“, tendo recordado que os parquímetros foram instalados em Setúbal em 1992, durante o executivo do Partido Socialista, cujo contrato não tinha contrapartidas por parte da empresa que ganhou a concessão, algo que, de acordo com a candidata, o contrato de concessão que assinou, em 2021, tinha. Passou a acusar a DataRede, empresa que ganhou a concessão, e a Câmara Municipal de não estarem a cumprir as suas obrigações, por haverem “zonas que não deveriam ser tarifadas, mas têm parquímetros“, por não terem sido construídos dos dois parques de estacionamento subterrâneo previstos, e em que as bolsas de estacionamento gratuito “não existem“. A candidata justificou, também, o facto do contrato de concessão ser de 40 anos, “porque era a duração necessária para amortizar os investimentos a que ficava obrigada a empresa“.
Por fim, foram apresentados os cabeças de lista às Juntas de Freguesia, que são os seguintes: Nelson Santos, por Azeitão, Ana Lúcia Furtado, pelo Sado, Júlio Gamito, por Gâmbia, Pontes, Alto da Guerra, Carla Tavares, pela União de Freguesias, e Vítor Augusto, por São Sebastião.
A apresentação terminou com a chamada ao palco dos mandatários da candidatura, de Toy, e de António Manuel Ribeiro, vocalista dos UHF, companheiro de Maria das Dores Meira e autor do hino de candidatura, que foi tocado mais uma vez.
Em declarações ao Diário do Distrito, a candidata considerou como a principal prioridade a limpeza do espaço público e, quando questionada sobre a possível “personalização” da candidatura em torno da sua figura, justificou que “era necessário arranjar um símbolo“, para contornar o facto da candidatura ser de um Grupo de Cidadãos Eleitores e não de um partido. Esse símbolo, de acordo com Maria das Dores Meira, é a própria cabeça de lista à Câmara Municipal de Setúbal, o “elemento agregador de toda a equipa“, que já conta com mais de mil pessoas.
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