Seixal: Falta de funcionária prejudica aulas de aluno com paralisia cerebral
João Pedro Garcia é um jovem de 15 anos que estava, à semelhança de milhares de outros jovens, ansioso pelo início de mais um ano lectivo.
Este jovem já é conhecido dos leitores do Diário do Distrito, porque este Verão deu uma entrevista na qual falou dos seus sonhos e desejos, e de como a paralisia cerebral nunca o tinha travado.
Até agora.
A frequentar o 10.º ano de escolaridade na Escola Secundária Dr. José Afonso, no Seixal, enfrenta agora o problema de não ter uma auxiliar de ação educativa que o possa acompanhar durante o período de aulas, à semelhança do apoio que teve em anteriores anos lectivos.
«Já estou no 10 ano, mudei da escola António Augusto Louro, e o problema é que não tenho auxiliar para me acompanhar. Preciso de uma auxiliar para ir à casa de banho comer levar para um lado para o outro e também pôr o computador na sala. Os meus pais já fizeram tudo o que possível e até agora não veio ninguém e também a escola está connosco. Não sei o que se passa.»
Este é o lamento que João Pedro Garcia deixou na sua página do Facebook esta sexta-feira, após semanas de luta dos pais em contactos com o Ministério da Educação e a DGEstE Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares da Região de Lisboa e Vale do Tejo, sem qualquer resposta.
Apesar da tristeza que o assola, João Pedro Garcia não deixa de agradecer «à escola e às professoras de educação especial que durante estes dias na escola estão a fazer o que podem, são muito queridas e estão a tratar-me bem mas não dá para mais porque elas têm outros meninos. Mais uma vez obrigada.»
Em resposta ao comentário do filho, Paulo Garcia acrescenta que «é uma autêntica vergonha que na escola, duas semanas depois das aulas terem começado, ainda não tenham providenciado um/uma auxiliar para te ajudar, filho.
Isto, apesar de todas as nossas diligências, mails e telefonemas que nem são devolvidos.
Cada um chuta as responsabilidades para o outro. Uma vergonha!».
Segundo Paulo Garcia «desde Junho que sabiam que ias frequentar aquela escola, nesse mesmo mês reunimos com a Sub-Diretora da escola e com as professoras (todas inexcedíveis na tentativa de resolver este problema e na forma como te ajudaram até agora).
Tiveram tempo mais que suficiente para resolver esta questão. Isto é, simplesmente, inadmissível!»
A revolta é visível nas palavras deste pai. «Tu tens direito constitucional à educação como qualquer outro menino, como tal, iremos até onde for preciso para te garantir esse direito.
Não deixa de ser irónico ter ouvido o nosso primeiro-ministro dizer, há duas semanas, numa escola em Alcochete, com toda a pompa e circunstância, que tinham aumentado o número de auxiliares nas escolas e o rácio de cada escola.
Tudo mentira! Tudo tretas!
Ainda por cima, com tantas pessoas desempregadas e a precisar de trabalho… nada justifica este desleixo que está a privar-te de uma educação a que tens direito.»
O Diário do Distrito contactou via email esta sexta-feira com os gabinetes do Ministério da Educação, da Secretária de Estado Adjunta e da Educação, e do Secretário de Estado da Educação, assim como com a DGEstE Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares – Região de Lisboa e Vale do Tejo e com a direção da Escola António Augusto Louro, e aguardamos a resposta, tendo em conta que entrámos num fim-de-semana prolongado.
No entanto, não queríamos deixar de lançar este apelo que João Pedro Garcia nos fez chegar.
«O que mais me revolta é que algumas pessoas estão sem trabalhar. Assim não posso ir à escola. Por favor preciso mesmo de uma auxiliar. Eu quero ir à escola todos os dias.
O ministério não responde, porque acha que não valho a pena.»
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