Palmela, essa vila tão maravilhosa, vestida de verde e dourado, berço dos vinhos que encantam e elevam o espírito. Terra Mãe de Vinhos, onde a generosidade da terra se manifesta em cada cacho de uvas, transformados em néctares que correm pelas taças do mundo. Palmela tem tanto para oferecer, tanto para partilhar, e ainda assim, quem a habita muitas vezes parece não reconhecer essa dádiva. Há os que se consideram donos deste solo, os autoproclamados “Donos Disto Tudo”, os DDTs, que agem como se a vila fosse sua posse exclusiva, como se o brilho dos seus vinhos pertencesse-lhes.
Mas há um desencanto que paira no ar, um contraste que é impossível de ignorar. Palmela, com todos os seus encantos naturais e históricos, é, por vezes, madrasta para os seus próprios filhos, mas não será um carma ou um castigo divino? Os mesmos que, ao invés de se unirem, preferem julgar-se reciprocamente, muitos deles com uma altivez que parece desproporcional à realidade. Nesta vila de grandes vinhedos e paisagens deslumbrantes, o orgulho excessivo e a pretensão parecem crescer lado a lado com as videiras, obscurecendo o que deveria ser uma comunidade unida e humilde.
E é na Casa Mãe da Rota de Vinhos que tudo se passa, tudo se ouve, tudo se comenta. É lá que a essência da vila se revela, tanto nos seus aspetos mais luminosos quanto nas suas sombras. Mas onde está a humildade destas pessoas? O que aconteceu à lição de humanidade que a pandemia deveria ter ensinado a todos nós? O que foi feito das palavras do Papa Francisco, que durante a Jornada Mundial da Juventude clamou por união, compaixão e empatia?
A igreja, que deveria ser o farol a guiar estas almas, infelizmente, parece não conseguir ser o exemplo necessário. “Todos, todos, todos” — as palavras ecoam, mas parecem não encontrar ressonância nos corações dos que se acham superiores. Esqueceram-se de que vieram de famílias humildes, que com esforço e trabalho árduo amealharam o que têm hoje? Esqueceram-se de que a vida é transitória, e que toda a sua soberba e vaidade não terão valor algum no fim? Quando partirem, essas atitudes mesquinhas irão com eles, mas os bens que tanto prezam ficarão, para serem usufruídos por aqueles que virão depois, sem qualquer respeito pelas memórias dos que os acumularam.
Palmela, uma vila de pobres que se vestem como ricos, mas que se esquecem de que a verdadeira riqueza não está nos bens materiais, mas na alma e na generosidade de espírito. Que a tua terra, tão fértil para o vinho, possa um dia também ser fértil para a humildade e a verdadeira união entre os teus filhos. Que saibam honrar o que têm, não com arrogância, mas com gratidão, e que possam aprender que, no final, é a simplicidade que nos aproxima do que é verdadeiramente importante.
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