Santiago do Cacém | Susana Pádua rejeita as acusações da concelhia socialista
A vereadora da Câmara Municipal de Santiago do Cacém acusa o Partido Socialista concelhio de lhe dirigir "aleivosias e [...] difamações".
Em declarações ao Diário do Distrito, a vereadora Susana Pádua acusou a concelhia de Santiago do Cacém do Partido Socialista de “baixo nível“, justificando a suas declarações com o objetivo de “desmontar as aleivosias e as difamações que tenho sofrido“.
Recordamos que foi no passado dia 30 de agosto, que foi anunciada, pela estrutura concelhia do Partido Socialista de Santiago do Cacém, a retirada da confiança política à vereadora Susana Pádua, tendo-se a situação sido seguida do pedido de demissão de três membros da Assembleia da União de Freguesias de Santiago do Cacém, Santa Cruz e São Bartolomeu da Serra.
A retirada de confiança já tem dado que falar, tendo incluído um manifesto apresentado por 58 autarcas e militantes do Partido Socialista do concelho, para reverter a decisão.
Transmitimos abaixo, na íntegra, o esclarecimento feito ao Diário do Distrito pela autarca.
Esclarecimento
“Lamento toda a situação. Um absurdo político. Jamais pensei que o PS em Santiago do Cacém chegasse a este ponto, a este baixo nível. As acusações são completamente infundadas. Limitam-se a dizer que tenho determinado tipo de atitudes, mas sem apresentarem quaisquer provas que o demonstrem, porque não existem.
Tenho sempre valorizado e dignificado o PS nos longos anos de atividade enquanto autarca, e dirigente do PS tanto ao nível do concelho, da federação e no âmbito nacional. Sempre me posicionei em todos os lugares de modo franco, honesto e sincero.
Fui agora apanhada completamente de surpresa com a decisão tomada em reunião da Comissão Política esta quinta-feira e tornada pública ao início da madrugada de sexta, logo após a tomada de posse “simbólica”.
Fui presidente de concelhia no biénio 2020/2022. Um grupo de militantes uniu-se e o meu nome foi proposto para presidente da concelhia. Consideraram, então, que se fosse a minha pessoa a liderar a concelhia as divergências internas poderiam ser sanadas e que a união do Partido em torno de um projeto era suscetível de dar frutos em 2025, ano em que o atual presidente não se pode recandidatar. Era um projeto a longo prazo a ser trabalhado, com tempo com coerência e consistência política.
Aceitei o desafio. E mesmo num período em que todos sofremos as consequências de uma pandemia, uni militantes, muitos dos quais afastados há anos e do PS Santiago do Cacém, acolhi outros novos militantes, oriundos de vários sectores, como da área da saúde, das empresas locais, da câmara municipal e de escolas. Acolhi até o agora Presidente da Concelhia e convidei-o para ser o mandatário da juventude nas autárquicas.
Durante o período do meu mandato como Presidente e mesmo em situação pandémica, não deixamos parado o nosso trabalho político, vejam-se as publicações nas redes sociais, as entregas de máscaras aos lares de terceira idade no Concelho, as visitas às freguesias, aos bombeiros, IPSS’s do Concelho, escolas, entre várias outras atividades. Foram dois anos de trabalho, muito trabalho político.
As circunstâncias alteraram-se, os pressupostos de alguns elementos, junto de outros que sempre discordaram entre eles, e que a comunicação social tem conhecimento, pois foram noticiados, quando ocorriam as eleições internas, decidiram unir-se e afastar-me da direção da Concelhia.
Jamais pensei chegar ao ponto de expor assim situações internas do meu Partido, mas não tenho outra hipótese. Esta CPC abriu as portas com o comunicado sobre a retirada de confiança política na minha pessoa. A partir desse momento passei a ter naturalmente uma atitude diferente e a defender-me, que o mesmo é dizer desmontar as aleivosias e as difamações que tenho sofrido.
Quando à acusação da CPC de que estou mais disponível para apoiar as iniciativas e ideias do Partido Comunista e lanço um desafio, a todos os interessados: analisem as actas das reuniões de Câmara, nas quais estão bem patentes as minhas posições. Ainda na última reunião de Câmara e antes da retirada da confiança política, votei contra o IMI, o IRS e a Derrama, propostos pela maioria CDU.
Quanto ao voto favorável ao Orçamento Municipal e Grandes Opções do Plano apresentado pela gestão CDU, quero deixar bem presente que este ano, pela primeira vez, o PS não exerceu o direito de oposição. O PS, Comissão Politica ou Secretariado, não compareceram na reunião marcada pela maioria para apresentação de propostas. E não nos foi dada, a mim e meu camarada de vereação Artur Ceia, qualquer orientação pelo Partido. Então, nós apresentámos um conjunto de propostas. O Executivo mostrou abertura em incorporar as nossas propostas, no Orçamento Municipal, e nós aprovámos o documento.
Quando à acusação da CPC de que não estou disponível para a atividade política do PS Santiago e que há falta de diálogo há uma enorme confusão no comunicado apresentado à Comunicação Social.
Em primeiro lugar, importa referir que diálogo pode haver com um Secretariado e uma Comissão Política que é constituída, ou não, porque tenho muitas dúvidas quanto aos procedimentos legais da mesma, e imediatamente apresentam uma proposta para a minha retirada de confiança política.
Em segundo lugar, nunca fui convidada/convocada para uma reunião com o Presidente da Concelhia ou do Secretariado quer da anterior quer da atual CPC, e nunca recebi qualquer tipo de orientação política.
Mais, nem sei quem é o Secretariado da anterior Comissão Política. Já pedi através de emails as atas das duas reuniões políticas que foram realizadas no salão dos bombeiros de Santiago do Cacém no mandato anterior e até ao momento não me foram enviadas.
Para finalizar e porque o estou a fazer dado o vosso pedido de resposta quero reforçar que só estou a reagir, estas palavras, porque esta CPC escancarou as portas a este mal-estar com o comunicado sobre a retirada de confiança política na minha pessoa. Assim, posicionar-me-ei, sublinho, naturalmente a defender-me.
A minha honorabilidade não pode ser assim posta em causa de modo tão absurdo e extravagante e as atitudes que a Concelhia teve no anterior mandato e agora, nesta tomada de posse simbólica, revelam uma inaudita senda persecutória.
Reitero o que disse nas duas reuniões de Comissão Política onde estive: o PS é o Partido de Mário Soares fundado nos valores da liberdade, da igualdade e da solidariedade, que parecem completamente arredados do grupo que está neste momento à frente da Concelhia, o qual parece desconfortável e desconhecer o significado profundo da palavra CAMARADA que cultivamos no PS.
Lamento todo este lamaçal. A CPC tem de fazer é combate político à Câmara em vez de fazerem guerrilha política interna. O PS não merece este género de atitudes que só nos atingem infelizmente a nós. Questiono mesmo se não estão mais preocupados com uma perseguição contra a minha pessoa do que que pôr em causa à ação do executivo camarário, matéria sobre o qual não lhes é reconhecida nenhum tipo de posicionamento. De facto, a direção do PS está a léguas de compreender o que é ser oposição à câmara, tendo antes particular prazer em ser oposição à oposição interna.
Assim nunca iremos longe.
Susana Pádua”
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