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Polémica em Palmela: Carlos Vitorino criticado por associar aumento salarial dos bombeiros a pressão financeira

A Assembleia Municipal de Palmela aprovou uma saudação aos bombeiros, mas a sessão foi marcada por uma polémica intervenção de Carlos Vitorino, que associou o aumento salarial dos bombeiros a pressões financeiras.

A Assembleia Municipal de Palmela, realizada a 26 de setembro de 2024, ficou marcada por uma polémica intervenção de Carlos Vitorino, do PPD-PSD, durante a discussão da saudação aos bombeiros. O reconhecimento unânime do sacrifício e bravura dos bombeiros, após uma semana de devastadores incêndios que consumiram 135 mil hectares no centro e norte de Portugal, foi ofuscado pela sua declaração, que gerou ‘revolta’ entre os membros da Assembleia.

A saudação, apresentada pelo Partido Socialista, elogiava o empenho e coragem dos bombeiros locais e nacionais, que combateram ferozmente as chamas, protegendo vidas e bens, e lamentava a perda de três bombeiros de Vila Nova de Oliveirinha. No entanto, Vitorino aproveitou o momento para levantar uma questão controversa: o impacto financeiro do aumento dos salários dos bombeiros nas associações sem fins lucrativos.

Durante a sua intervenção, Carlos Vitorino alertou que, embora o aumento da remuneração mínima garantida seja positivo, poderia resultar em elevados encargos para as corporações de bombeiros, devido ao acréscimo das contribuições para a Segurança Social. Segundo ele, estas associações, que não visam o lucro, estão mais vulneráveis a pressões financeiras do que empresas privadas.

As suas palavras causaram imediato desconforto entre os restantes membros da Assembleia. Ana Teresa Vicente, da CDU, reagiu prontamente, considerando a intervenção de Vitorino “infeliz” e sublinhando que nunca deveria ser ponderada a viabilidade financeira das associações quando está em causa a valorização dos bombeiros. Ana Vicente reforçou que dar melhores condições de vida aos bombeiros deveria ser uma prioridade absoluta, sem desculpas baseadas em dificuldades financeiras.

A resposta de Tânia Ramos, do Bloco de Esquerda, também foi dura. É arrepiantemente terrível insinuar que o aumento de 50 euros no salário de um bombeiro seja visto como um fardo financeiro, declarou, criticando a visão de Vitorino, que, segundo ela, desvaloriza o esforço diário e o sacrifício dos bombeiros, que arriscam as suas vidas para proteger a comunidade.

O social-democrata tentou clarificar a sua posição, explicando que não era contra o aumento salarial dos bombeiros, mas que alertava para as consequências financeiras nas associações se o Estado não assegurasse compensações adequadas. Contudo, o mal-estar gerado pela sua intervenção manteve-se, com vários membros da Assembleia a criticarem a oportunidade e o tom das suas declarações, num momento em que se homenageava o sacrifício dos bombeiros.

Apesar da polémica, a saudação foi aprovada por unanimidade, destacando o papel essencial dos bombeiros de Palmela, Pinhal Novo e Águas de Moura no combate aos incêndios. A moção será enviada às corporações locais, à Liga dos Bombeiros Portugueses e à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, entre outras entidades, visando reforçar o reconhecimento público do trabalho dos bombeiros.


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