Pedofilia: Vaticano defende Bento XVI e rejeita “procura de bodes expiatórios”

Segundo um relatório independente divulgado esta semana, o Papa Bento XVI não terá agido para afastar quatro clérigos suspeitos de abuso sexual de menores na arquidiocese de Munique e Freising, quando era arcebispo desse local entre 1977 e 1982.

Entretanto, o Vaticano já veio defender a ação do então arcebispo Ratzinger contra os abusos sexuais na Igreja Católica, enquanto Papa.

Andrea Tornielli – do departamento de Comunicação do Vaticano – disse num editorial publicado no site Vatican News que, depois de ter “combatido esse fenómeno como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé”, o Papa Bento XVI promulgou “regulamentos extremamente severos contra clérigos que abusam, verdadeiras leis especiais para combater a pedofilia”.

“Foi o próprio Joseph Ratzinger o primeiro Papa a encontrar várias vezes as vítimas de abusos durante as suas viagens apostólicas. Assim como foi Bento XVI (…) quem propôs o rosto de uma Igreja penitente, que se humilha pedindo perdão”, pode ler-se no editorial.

Tornielli lembra ainda as palavras de Bento XVI no voo para Lisboa em maio de 2010:

“Os sofrimentos da Igreja vêm justamente de dentro da Igreja, do pecado que existe na Igreja. Também isso sempre foi sabido, mas hoje o vemos de um modo realmente terrificante: que a maior perseguição da Igreja não vem de inimigos externos, mas nasce do pecado dentro da Igreja, e que a Igreja, portanto, tem uma profunda necessidade de re-aprender a penitência, de aceitar a purificação, de aprender o perdão por um lado, mas também a necessidade de justiça. O perdão não substitui a justiça”.

Andrea Tornielli afirma que o relatório de Munique “não é um inquérito judicial e muito menos um julgamento final”, mas contribuirá “para a luta contra a pedofilia na Igreja se não for reduzido à procura de bodes expiatórios fáceis”.

Após a publicação do relatório, o Vaticano disse que queria estudá-lo em detalhe, reafirmando “o seu sentimento de vergonha e remorso” pela violência cometida contra menores.

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