Palmela

Palmela inaugura Memorial aos Resistentes Antifascistas

Escultura de Pedro Botelho homenageia 85 presos políticos do concelho e inclui cápsula do tempo a ser aberta em 2074.

O Município de Palmela inaugurou no dia 24 de abril o Memorial aos Resistentes Antifascistas, uma homenagem pública aos presos políticos do concelho que resistiram à ditadura e lutaram pela liberdade e democracia. 

A cerimónia, integrada nas comemorações do 51.º aniversário do 25 de Abril, decorreu junto à Fonte do Carvacho, na Estrada dos Restauradores do Concelho, um local simbólico onde, durante o regime, se realizavam pinturas contra a guerra colonial.

A iniciativa contou com a participação da Câmara Municipal de Palmela, da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) e da Escola Secundária de Palmela, reunindo população, autarcas, professores, alunos, resistentes antifascistas e os seus familiares, entre outras individualidades convidadas.

Da autoria do escultor Pedro Botelho, o Memorial presta tributo a 85 pessoas do concelho que foram presas pela PIDE, evocando a sua coragem e resistência. A peça incorpora ainda uma cápsula do tempo, elaborada pelos alunos da Escola Secundária de Palmela. O seu conteúdo — composto por testemunhos, um texto da escola, a declaração da URAP e uma mensagem da Câmara Municipal — será revelado daqui a 50 anos, em 2074.

Durante a cerimónia, o presidente da Câmara Municipal de Palmela, Álvaro Balseiro Amaro, destacou o simbolismo do momento e a importância de perpetuar a memória. “Uma saudação emotiva aos presentes e a todos os que lutaram pela liberdade e que continuam a fazer da liberdade o seu caminho cívico para a melhoria do planeta, para termos um mundo melhor e mais fraterno”, afirmou o autarca.

O presidente recordou também o processo de construção do programa comemorativo do cinquentenário do 25 de Abril, que descreveu como “riquíssimo” e marcado pelo envolvimento de uma Comissão de Honra, das autarquias locais e do movimento associativo. 

Destacou a intenção de deixar “memória física das comemorações, que inspirasse as gerações futuras” e “a obrigação de prestar esta homenagem, para que a memória não esmoreça”.

Álvaro Balseiro Amaro sublinhou ainda o significado artístico do memorial: “A expressão minimalista e crua da escultura, mas igualmente a presença da esperança e o simbolismo dos cravos, procura eternizar a coragem de resistir ao medo, de combater o ódio, de valorizar a memória na defesa do futuro democrático, da tolerância e da aspiração de que outro mundo mais justo para todas e todos é efetivamente possível”. 

Manifestou também confiança na nova geração, afirmando acreditar que “esta nova geração não vai deixar Abril fugir do sonho”.

Joaquim Judas, representante da URAP, reforçou a importância de lembrar os que lutaram contra o regime: “Homens e mulheres que à luta pela liberdade deram o melhor da sua vida, do seu esforço e da sua inteligência. Mulheres e homens que percorreram, na dureza da ação clandestina, na violência das prisões e na brutalidade das torturas, o caminho da conquista da liberdade que agora comemoramos”.

A cerimónia contou ainda com diversas intervenções simbólicas, como a leitura do poema “Eu sou português aqui”, de José Fanha, realizada pelo professor António Correia, resistente antifascista. 

A professora Conceição Catela e a ex-aluna Bruna Samarra, agora a frequentar o ensino superior, representaram a Escola Secundária de Palmela, colaborando no projeto da cápsula do tempo.

A inauguração do Memorial aos Resistentes Antifascistas integra o programa oficial das comemorações do 25 de Abril no concelho de Palmela, promovido pelo Município, Juntas de Freguesia e Movimento Associativo.


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3 Comentários

  1. A ditadura é uma espinha na garganta dos que apregoam liberdade, a liberdade dos países onde ela não existe. Políticos a favor e mando de extremos sempre houve pois deles vivem e nada produzem senão merda desta.

  2. E quanto é que isso custou ao povo?

  3. Não sei quem teve a ideia de colocar naquele lugar só é visto quem vem na estrada da Moita para Palmela