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O Grande Terramoto de Lisboa: Um Cataclismo que mudou Portugal e o mundo

Em 1 de novembro de 1755, um dos maiores desastres naturais da história europeia atingiu Lisboa, deixando uma marca indelével na cidade e no mundo.

Em 1 de novembro de 1755, um dos maiores desastres naturais da história europeia atingiu Lisboa, deixando uma marca indelével na cidade e no mundo. Na manhã do Dia de Todos os Santos, enquanto os habitantes de Lisboa estavam em celebrações religiosas, a cidade foi sacudida por um terramoto de intensidade estimada entre 8.5 e 9.0 na escala de magnitude Richter. Este tremor foi sentido na maioria da Europa e do norte da África, mas em Lisboa causou uma destruição avassaladora, resultando na morte de dezenas de milhares de pessoas.

O terramoto foi apenas o começo do pesadelo. A violência do sismo destruiu edifícios icónicos, como a Ópera Real e a maioria das igrejas da cidade. A onda de choque foi tão intensa que muitos acreditaram tratar-se do fim dos tempos, e os relatos de então descrevem o caos e o desespero de uma cidade em ruínas. Para agravar a situação, um ‘tsunami’ devastador atingiu a costa poucos minutos após o terramoto, submergindo a Baixa Pombalina e arredores. Esta onda de destruição arrastou pessoas, destroços e até embarcações. Além disso, incêndios deflagraram por toda a cidade devido a velas e lareiras acesas em várias casas e igrejas. Os fogos arderam durante dias, consumindo o que o terramoto e o ‘tsunami’ ainda não haviam destruído.

Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, tomou a liderança na reconstrução de Lisboa. Sob a sua orientação, a cidade foi redesenhada com edifícios sísmicos, e a Baixa Pombalina tornou-se um marco do urbanismo europeu e um símbolo de resiliência. Este novo desenho urbano foi um dos primeiros exemplos de construção antissísmica moderna, incluindo as chamadas “gaiolas pombalinas”, estruturas de madeira que ajudavam a distribuir a força dos tremores.

Os relatos da época descrevem o cenário sombrio: “O cheiro de carne queimada e a visão da cidade em ruínas ficará gravada para sempre nas nossas memórias,” escreveu um sacerdote. Estes excertos ilustram o horror do dia, mas também mostram o esforço hercúleo de uma cidade determinada a renascer das cinzas. O terramoto impactou o mundo e a cultura popular. Filósofos como Voltaire usaram o desastre como referência nas suas obras. No seu livro “Cândido”, Voltaire critica o otimismo cego da época, utilizando o terramoto como um questionamento filosófico e moral que influenciaria o Iluminismo.

Curiosidades Sobre o Terramoto de 1755 revelam a magnitude do desastre e o impacto na sociedade:

  1. Cálculo do Abalo: este foi um dos primeiros eventos em que cientistas tentaram estimar a magnitude e o epicentro do terramoto, dando início à sismologia moderna.
  2. O Rei que Sobreviveu: O rei D. José I escapou da morte por estar longe da cidade no momento do desastre. Após o terramoto, ele desenvolveu medo de viver em edifícios de pedra e passou a residir em tendas pelo resto da sua vida.
  3. O Maremoto Chegou ao Brasil: A força do ‘tsunami’ foi tão intensa que ondas foram sentidas na costa do Brasil, a milhares de quilómetros de Lisboa.
  4. Primeiras Normas Antissísmicas: O Marquês de Pombal impôs normas rigorosas de construção, com a introdução das “gaiolas pombalinas,” que distribuíam a força sísmica.
  5. A Fé e o Destino da Cidade: Muitos portugueses acreditaram que a destruição era um castigo divino. As igrejas destruídas e o facto de o terramoto ter ocorrido num dia santo aumentaram a sensação de um juízo divino sobre a cidade.
  6. A Primeira Simulação Sísmica: Numa atitude inovadora, o Marquês de Pombal ordenou a realização de experiências de impacto sísmico, colocando tropas a marchar ao redor de novos edifícios para testar a resistência das construções.
  7. Os Manuscritos Perdidos: Muitas obras literárias e documentos históricos foram destruídos, perdendo-se registos importantes da história de Portugal.

As consequências do terramoto foram sentidas além das fronteiras de Portugal, gerando um debate global sobre filosofia e religião. A tragédia desencadeou mudanças na legislação sismológica ao redor do mundo e novas formas de construção. Em Lisboa, a destruição inspirou o surgimento de um novo planeamento urbano, onde a arquitetura moderna nascia sob os escombros.

Lisboa e Portugal, embora devastados pelo terramoto de 1755, renasceram com força e determinação. O Grande Terramoto marcou não só uma época, mas também redefiniu os padrões urbanos e a arquitetura antissísmica, tornando-se um símbolo de resistência e exemplo para futuras gerações sobre a capacidade de um povo de se reerguer após uma tragédia. Hoje, 269 anos depois, recordamos o desastre que transformou Lisboa e o mundo, relembrando o legado de uma cidade que, ao se reconstruir, inspirou a Europa e abriu caminho para a modernidade.

O terramoto de 1755 faz parte da história da cidade de Lisboa e para assinalar os 269 anos decorridos da tragédia, as sirenes dos bombeiros da cidade de Lisboa vão ecoar por toda a cidade esta manhã.


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