Palmela

O Destemido: Casa Ermelinda Freitas e Olga Noronha lançam vinho com obra de arte em rótulo e homenagem a Manuel João de Freitas

O Destemido, nova criação artística da Casa Ermelinda Freitas e Olga Noronha.

Esta terça-feira no MUDE – Museu do Design e da Moda, em Lisboa, a Casa Ermelinda Freitas e a artista Olga Noronha apresentam a mais recente “criação artistica”, o vinho “O Destemido”. Assinado pelo enólogo Jaime Quendera, e elaborado a partir das castas Castelão, Syrah, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon. Segundo o enólogo ” o resultado é um vinho intenso, com aromas complexos, textura aveludada e um final longo e sofisticado”.

Estagiou durante 12 meses em barricas de caravalho francês e americano, seguido de 24 meses de maturação em garrafa. Este vinho é definido pela Casa Ermelinda Freitas como “uma fusão entre tradição e expressão contemporânea. Edição limitada a 2025 garrafas numeradas”.

Segundo Leonor Freitas, proprietáriada Casa Ermelinda Freitas, “o vinho é uma arte”. Também os rótulos do vinho são uma arte. Bárbara Coutinho, diretora do MUDE, sublinha que “extraordinários designers fizeram a comunicação e o design gráfico para muitos dos rótulos de vinhos, já históricos, da nossa cultura” porque “o vinho também faz parte da nossa cultura”.

A artista e investigadora Olga Noronha assina o conceito visual de “O Destemido”, com uma “linguagem de filigrana contemporânea e significado emocional profundo”.

Homenagem a Manuel João de Freitas – O Destemido

Este vinho é uma homenagem a Manuel João de Freitas, pai de Leonor Freitas. Numa família matriarcal, onde “os homens morreram cedo”, e as “mulheres trabalharam a terra”, Leonor Freitas afirma ter voltado à terra com a morte do pai e decidiu trabalhar para que a familia não perdesse os 60 hectares, que tinham na altura.

Assim, decide homenagear o pai, que define como “o destemido – porque nunca teve medo do controlo social e das criticas do mundo rural.

Obra de arte em rótulo

Olga Noronha descreve o processo do rótulo para o qual a ideia foi “não estar confinada a um rótulo de papel, que fosse impresso e colado mecanicamente, mas sim, adaptar uma escultura em pequena escala do que eu habitualmente faço”. Este rótulo não está agregado à garrafa, na totalidade e voa “para além da tridimensionalidade habitual de uma garrafa”.

O desenho do contorno do rótulo é uma “anamorfose da Península de Setúbal” onde se encontra a Casa Ermelinda de Freitas. No rótulo é ainda possivel visualizar um linha subtil desde a assinatura da artista até a uma bicicleta. A localização da assinatura simboliza Fernando Pó, localidade onde vivia Manuel João de Freitas e se localiza a Casa Ermelinda de Freitas, e que “depois viaja até ao ponto em que o rótulo se destaca da garrafa, naquele caso a bicicleta, (modelo pasteleira) não está parada em nenhum sítio geográfico de Portugal específico, está sim pronta a voar”.


A bicicleta pasteleira simboliza a que Manuel João de Freitas usava para se deslocar numa época de poucos recursos económicos.

Olga explica que “todas as garrafas são lacradas manualmente por mim no meu ateliê. O rótulo é todo moldado com recurso a uma mini calandra e nenhum rótulo encaixa no outro. Nenhum rótulo é igual ao outro. O processo de lixagem e gravação é um a um. Todas as garrafas são lacradas manualmente e no topo da garrafa está marcado a pasteleira de Manuel João de Freitas”.

João Pedro Rato, designer e criador dos Mutante Awards Design at Wine, concurso cujo objetivo é valorizar o design dos rótulos de vinho, afirma que ” o rótulo é um fator cada vez mais importante nessa diferenciação” do vinho. “Quando olhei para a garrafa, pensei… estou a comprar um vinho ou uma peça de arte?”.

Esta arte em forma de rótulo dá também outro significado a uma garrafa que, de outra forma, provavelmente acabaria no lixo. Tal como explica João Rato, “abrimos a garrafa, bebemos o vinho, e a maior parte das garrafas vão parar ao vidrão, ou ao lixo. Quando o rótulo é bidimensional, mesmo que tenha lá a pintura de um artista, não acredito que muita gente vá guardar uma garrafa por isso. O facto de o rótulo ser tridimensional, sair fora da garrafa, traz uma nova dimensão”.

Considera que valorizar o design dos rótulos é uma forma de “pôr as pessoas a refletir” sobretudo no mundo do vinho que diz ser “ainda bastante conservador”.

O Vinho – a outra obra de arte

O enólogo, Jaime Quendera, descreve o vinho e o rótulo como “duas obras de arte”. Explica também como escolheu as castas do vinho. “O Sr. Manuel João de Freitas é um homem de Fernando de Pó, de Palmela. A casta que temos lá é o castelão. Depois pensei dar aqui um bocadinho de inovação, tem de ser o syrah. Muitos ficaram a conhecer a Casa Ermelinda por causa do syrah. Depois pensei que precisa de um bocadinho de estrutura, de textura. Testei e achei que as castas que davam melhor resultado era um bocadinho de Alicante e um bocadinho de Cabernet. Estagiou um ano em madeira francesa e americana e 2 anos em garrafa”.

Acrescenta que é um vinho capaz de durar 20 anos.


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