Opinião

O BLOCO DA T(R)ETA

Uma opinião da inteira responsabilidade do seu interveniente.

A democracia portuguesa é, ao nível partidário, muito engraçada, mas normalmente não tem graça nenhuma. De um lado temos os partidos que recebem milhões em subvenções públicas, do outro temos partidos que nada recebem, nem um único cêntimo para poderem divulgar as ideias que defendem para o país e para os portugueses.

Obviamente que a lei é feita pelos partidos que recebem as milionárias subvenções públicas e ao longo dos anos eles têm limitado, cada vez mais, a possibilidade dos restantes partidos terem acesso a divulgar a sua mensagem aos portugueses.

A título de exemplo, vou deixar a seguinte questão: considera democrático que somente os dirigentes ou deputados dos partidos com assento parlamentar sejam convidados a ir à televisão participar em debates ou comentarem assuntos da actualidade, falarem na rádio ou terem colunas de opinião nos maiores jornais nacionais, enquanto os restantes, alguns com ideias mais válidas e inovadoras do que esses, sejam eternamente discriminados?

Também já sabemos que a política é um Circo (literalmente), onde sem palhaços (dinheiro) não se consegue participar no maior espetáculo do mundo, mas, desta maneira, caminhamos a passos largos para a ditadura dos chamados “grandes partidos”, o que destrói a democracia.

Sem querer entrar na discussão se deve haver subvenções públicas para os partidos políticos (mas entrando), digo-vos que, na minha opinião, nenhum partido devia receber um cêntimo que fosse, ou então recebiam todos por igual, mas a receberem, tinham de ser quantias muito menos obscenas do que aquelas que hoje em dia são atribuídas aos partidos do sistema.

No seguimento desta posição, os portugueses ficaram a saber que o Bloco de Esquerda (BE) realizou a XIII Convenção nos passados dias 27 e 28 de Maio, no Pavilhão do Casal Vistoso, em Lisboa.

Para além dos milhões de euros que o BE ganhou em subvenções na última década, pagas pelos contribuintes, os bloquistas vieram a público pedir 80 mil euros aos militantes e simpatizantes para realizarem esta Convenção.

Acontece que o pavilhão é da Câmara Municipal de Lisboa e, portanto, é disponibilizado pela autarquia a custo zero, a qual também oferece a equipa de segurança e os meios técnicos.

A única coisa que, supostamente, o BE tinha de de pagar era o alojamento e o transporte dos delegados do partido, os quais, garantidamente (a ver se consigo escrever isto sem rir), não devem ter cargos em juntas, autarquias, empresas públicas ou daquelas privadas que são “muito amigas das avenças do Estado” para os “ajudar a pagar” as refeições ou a noite de hotel.

Mas, imaginando que os delegados do BE são todos trabalhadores “à seria” e, portanto, auferindo baixos salários, se fizermos contas ao valor que quiseram angariar, ou seja, 80 mil euros, seria de presumir que os delegados fossem, pelo menos, cerca de 1500.

Acontece que, afinal eram somente 654 delegados e como a maior parte reside na área metropolitana de Lisboa, as contas devem cair para cerca de 320 delegados que teriam direito a 4 refeições (dois dias de convenção) e a uma noite de hotel.

Ora bem, usando como bitola o subsídio de alimentação diário que um normal trabalhador recebe (6€ é o montante mínimo legal de subsídio de refeição), mais 75 euros de diária num hotel mediano e, como referi acima, reduzindo o número de delegados para metade, seria possível fazer a Convenção gastando cerca de 40 mil euros, ou seja, metade do que o Bloco de Esquerda disse necessitar para organizar a Convenção.

Mas isto é a preços de cidadão que trabalha a auferir os baixos salários que hoje em dia são praticados pelo Estado e pelos inimigos do Bloco de Esquerda, os chamados capitalistas.

Todavia, se nos armarmos naquilo que o BE mais odeia, ou seja, em capitalistas, aumentarmos o valor atribuído para cada refeição e colocarmos os delegados em hotéis de luxo, facilmente chegamos aos 80 mil euros.

Perante este cenário, considero inconcebível que durante vários anos tenha havido um partido que receba subvenções públicas no valor de milhões de euros e, mesmo assim, ainda tenha a coragem de pedir donativos aos militantes e simpatizantes para organizar uma convenção.

Este tipo de situação sempre me fez sentir repulsa pelos políticos que brincam com o dinheiro dos nossos impostos e ter a posição de defender que este partido ou outros que têm o mesmo tipo de conduta devam ser imediatamente extintos, porque, se não têm capacidade para gerir os milhões de euros que recebem anualmente, ao ponto de nem sequer conseguirem pagar para que alguns delegados compareçam numa Convenção, o que dizer quando estes partidos gerem o dinheiro dos nossos impostos que é atribuído às juntas de freguesia ou Câmaras Municipais a que eles presidem ou quando são Governo?

Por último, também presumo que os milhões de euros que o Bloco de Esquerda recebeu durante todos estes anos não tenham servido para ajudar os portugueses ou sequer o seu eleitorado, pois, o país está muito pior do que estava quando este partido foi criado em 1999, numa altura em que ainda tínhamos o escudo como moeda oficial portuguesa e eramos um país (minimamente) soberano.

É por isso que digo que este é um Bloco da T(r)eta, o qual “mama” na mesma T(r)eta que alimenta os partidos que nos (des)governam há quase 5 décadas.

Um artigo de opinião de Bruno Fialho, presidente do ADN.


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