Movimento de Utentes denunciam enfraquecimento do SNS com encerramento de maternidades
O recente fechamento de várias maternidades no país e a falta de concursos para ginecologistas preocupam os utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que veem a situação como uma tentativa deliberada de favorecer o setor privado.
Nos últimos dias, o encerramento de várias maternidades por todo o país tem causado inquietação entre as utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Esta situação, agravada pela lenta abertura de concursos para a contratação de médicos, particularmente na especialidade de Ginecologia e Obstetrícia, é vista como um sinal preocupante da desvalorização contínua do SNS em benefício do setor privado. Segundo o último concurso aberto pelo Ministério da Saúde, apenas 42 vagas foram disponibilizadas para esta especialidade, o que é considerado insuficiente por muitos.
Entre junho e os primeiros dias de agosto, 42 grávidas foram transferidas de hospitais públicos da Área Metropolitana de Lisboa para unidades privadas, como o CUF Descobertas, Luz Saúde Lisboa e Lusíadas Lisboa, conforme noticiado pelo jornal Público. Esta prática tem sido cada vez mais comum, à medida que as infraestruturas públicas enfrentam dificuldades operacionais, muitas vezes justificadas por remodelações e outras intervenções.
Há um ano, a Maternidade do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, foi encerrada sob a alegação de obras, uma decisão tomada pelo então ministro Manuel Pizarro, mas que, segundo alguns críticos, foi o início de um padrão de encerramentos temporários que se tornaram rotina. Este padrão foi estendido a outras regiões do país, como em Leiria, onde o encerramento dos Serviços de Urgência de Ginecologia-Obstetrícia, devido à falta de médicos, levou a Direção Executiva do SNS a redirecionar os casos mais complexos para o Porto, a mais de 200 quilómetros de distância.
O Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos (MUSP) tem alertado insistentemente a população sobre o que consideram ser uma “perseguição” ao SNS. Conforme o MUSP, os sucessivos encerramentos de serviços essenciais são fruto de um desinvestimento deliberado por parte dos governos, tanto do PS quanto do PSD, que têm estabelecido acordos com entidades privadas, como o Grupo Melo da CUF. Esta estratégia, que consideram política e ideologicamente motivada, visa desmantelar progressivamente o SNS, em detrimento dos utentes e em favor do setor privado.
O cenário atual pinta um quadro preocupante para o futuro do SNS, com movimentos civis e organizações de utentes a apelarem para uma maior mobilização popular contra o que consideram ser um plano para enfraquecer os serviços públicos de saúde em Portugal. O debate sobre o futuro do SNS e a sua capacidade de fornecer cuidados de saúde universais e de qualidade está longe de ser resolvido, e a população exige respostas concretas e medidas eficazes para reverter esta tendência.
ÚLTIMA HORA! O seu Diário do Distrito acabou de chegar com um canal no whatsapp
Sabia que o Diário do Distrito também já está no Telegram? Subscreva o canal.
Já viu os nossos novos vídeos/reportagens em parceria com a CNN no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Siga-nos na nossa página no Facebook! Veja os diretos que realizamos no seu distrito