A ministra da Cultura, Juventude e Desporto, Margarida Balseiro Lopes, anunciou esta terça-feira a criação de um grupo de trabalho dedicado à exibição cinematográfica, numa altura em que o país tem assistido ao encerramento sucessivo de salas de cinema, de norte a sul.
Durante a audição parlamentar sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2026, a governante garantiu que “a desafetação de salas está no topo das prioridades do Governo”, em resposta a questões colocadas pelo PCP sobre o impacto do encerramento de cinemas e a desertificação cultural de várias regiões.
O grupo de trabalho, que envolve o Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA) e a Inspeção-Geral das Atividades Culturais (IGAC), vai avaliar soluções para travar o aumento de pedidos de desafetação de salas, fenómeno que tem crescido em 2025.
De acordo com dados da IGAC, vários complexos de cinema em centros comerciais apresentaram pedidos para deixar de exercer a atividade cinematográfica, invocando falta de viabilidade económica. O caso mais mediático ocorreu no Arrábida Shopping, em Vila Nova de Gaia, onde foram desafetadas nove das 20 salas existentes.
Situação semelhante verifica-se em Viana do Castelo e Braga, onde há pedidos em análise, e também em Beja, cujo único espaço de exibição comercial, o Melius Beja, encerrou em agosto para remodelação após uma inspeção da IGAC — sem data prevista para reabertura.
A NOS Cinemas, principal operadora nacional, encerrou salas no MaiaShopping (Porto) e no Tavira Grand Plaza (Faro), e suspendeu a atividade em seis salas do Fórum Viseu. Também a Cineplace encerrou salas no Algarve Shopping (Guia), Madeira Shopping (Funchal) e Rio Sul Shopping (Seixal), acentuando a tendência de retração no setor.
Segundo o ICA, em 2024 existiam 563 salas de cinema em Portugal, número que desceu para 550 até setembro de 2025, embora os dados ainda não reflitam todos os encerramentos recentes. Lisboa e Norte concentram a maioria das salas — 172 e 166, respetivamente —, enquanto os distritos de Beja, Bragança e Portalegre já não têm exibição comercial regular e diversificada, um sinal preocupante para o acesso à cultura fora dos grandes centros.
A ministra sublinhou no Parlamento que o Governo pretende “encontrar soluções equilibradas” entre a sustentabilidade económica das empresas e o direito do público ao acesso à cultura, remetendo para 2026 a apresentação de medidas concretas resultantes deste grupo de trabalho interinstitucional.
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