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Milhares protestam na Almirante Reis contra alegada discriminação policial e preconceito com imigrantes

Milhares de pessoas marcharam pela Avenida Almirante Reis, em Lisboa, protestando contra alegadas ações discriminatórias da polícia e em defesa dos direitos dos imigrantes. O protesto reuniu cidadãos comuns, associações e movimentos ativistas.

Num cenário de cores vibrantes e vozes variadas, 15 mil manifestantes tomaram conta da Avenida Almirante Reis numa ação que denunciou a discriminação contra imigrantes e pediu mudanças no tratamento dado às minorias. A marcha, organizada por várias associações e amplamente divulgada nas redes sociais, surgiu na sequência da polémica intervenção policial no Martim Moniz, no passado dia 19 de dezembro, onde imigrantes alegadamente foram alvo de racismo.

Entre os manifestantes destacaram-se António Azevedo e Helena Moreira, um casal do Fundão que não costuma participar em manifestações, mas que desta vez decidiu juntar-se ao protesto. “O que está a acontecer em Portugal é indecente. Estas pessoas vieram lutar pela vida no nosso país e merecem respeito”, afirmou António, referindo-se à discriminação enfrentada por muitos imigrantes.

A diversidade marcou presença na manifestação, com grupos como o Sambação, que trouxe música e dança, ativistas LGBT, associações de imigrantes e organizações não governamentais. Do lado oposto, vozes críticas também marcaram presença, refletindo a polarização em torno do tema. Amina, uma imigrante síria que vive em Portugal há três anos, destacou que nunca sentiu discriminação, mas reconheceu que a sua experiência privilegiada não é regra para todos. “Aqui sou respeitada, mas sei que nem todos vivem a mesma realidade”, afirmou.

O advogado Ricardo Sá Fernandes, que participou na marcha, descreveu o momento como um símbolo de união. “Os portugueses mostram que rejeitam qualquer forma de discriminação. É um orgulho estar aqui”, declarou. Contudo, alertou para o impacto negativo das redes sociais, que amplificam discursos de ódio e dividem opiniões.

Diana Andringa, ex-jornalista, destacou a responsabilidade dos media na perpetuação do preconceito. “Há falta de jornalismo de qualidade, e isso impede que as pessoas sejam devidamente informadas”, disse, sublinhando a precariedade no setor como um dos problemas estruturais.

A manifestação contou ainda com a presença de Slimani, um marroquino casado com uma portuguesa, que apelou à tolerância: “Somos todos pessoas. É normal estranharmos no início, mas o Estado tem de ser inclusivo”, afirmou.

O evento, que surpreendeu pela dimensão, serviu também como alerta para a crescente influência de movimentos extremistas em Portugal, conforme destacou Helena Moreira, preocupada com o futuro. “A ascensão da extrema-direita é real e precisamos combatê-la com união”, concluiu.


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