Opinião

Menos é Mais

Esta semana um artigo de opinião de João Conde, presidente da Juventude Popular de Setúbal

Escrevi aqui no Diário do Distrito, no mês de junho que antecedeu as últimas eleições autárquicas, sobre a necessidade de se terminar com a maioria absoluta da CDU em Setúbal, a fim de finalmente se colherem os contributos de todos na governação da cidade.

As eleições decorreram três meses depois da escrita desse artigo e, avaliando pelo resultado, não era o único a pensar assim. A CDU perdeu efetivamente a sua maioria, que tomava como certa e garantida, apresentando, porém, um protagonista que pouco dizia aos setubalenses.

Mais de 600 dias decorridos após as eleições, tanto eu como todos aqueles que consideravam que esta maioria estava caduca, podemos dizer que ainda bem que terminou.

No espectro político no qual me situo, acreditamos convictamente nos benefícios da competição. Com ela, vem a inovação, a vontade de arriscar, o desenvolvimento.

O fim da governação comunista em maioria, alimentou a esperança dos seus adversários mais diretos de que é possível retirar Setúbal das mãos do aparelho CDU. O Executivo comunista já não está em regime “quero, posso e mando”. É obrigado a ouvir, é obrigado muitas vezes a receber um “não”, e a ter de executar um “sim”, contrariado.

Aliás, veja-se o caso do Conselho Municipal de Juventude, órgão de auscultação juvenil pelo qual a Juventude Popular de Setúbal e o CDS-PP se vinham a bater há anos, tanto através de propostas na Assembleia Municipal como por exemplo através de iniciativas cívicas de petição.

Foi sempre barrada pelos autarcas vermelhos, praticamente desde o momento em que saiu a lei que determinava a obrigação de criação deste órgão em todos os municípios (2009). Este, que é um relevantíssimo mecanismo de aproximação da juventude à participação na governança local.

Só com o fim da maioria absoluta da CDU foi finalmente possível aprovar a criação do Conselho Municipal de Juventude.

Também há pouco tempo, graças a um maior equilíbrio de forças, a Oposição pôde chumbar a intenção da CDU de aumentar a fatura da água aos setubalenses, água essa que andaram meses a propagandear que iria ficar mais barata graças à municipalização do serviço, omitindo os custos que a absorção de um serviço desta dimensão implica.

São apenas dois exemplos dos benefícios de não termos um executivo comunista de maioria, outros poderiam ser dados. O PS e o PSD, estão muito mais ativos e reativos, com sede de conseguirem vir a destronar a CDU em 2025, fruto do sinal que os setubalenses deram nas últimas autárquicas. O 2º e 3º “classificados” de 2021, estão a aproveitar o clima democraticamente competitivo que se vive atualmente.

Já a CDU, naturalmente avessa à competição, vê-se sem pé. Não tem rasgo, não tem ideias, não inova para se superar. Continua sem perceber o que lhe aconteceu. Pelo contrário, o Executivo liderado por André Martins, tem conseguido a proeza de nos fazer “aparecer” com destaque sempre pelos piores motivos. Recordemos a situação dos refugiados ucranianos, as polémicas contratações de familiares ou até o próprio comportamento do presidente nas reuniões públicas.

É assim nítido, e não há qualquer indício de que as coisas venham a ser diferentes até 2025: quanto menos CDU, mais Setúbal. Cada vez mais setubalenses se vão apercebendo disso.

João Conde, presidente da Juventude Popular de Setúbal


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