«Mas será que os enfermeiros só têm deveres?»
«Só tenho obrigações e deveres?» é a afirmação da enfermeira Carla Caldeira, que deixa o desabafo publico no seu perfil do Facebook.
Em causa estão os comentários que se têm vindo a replicar nas redes sociais após o anúncio da grave de cinco dos enfermeiros marcada para Novembro.
«Quem me conhece sabe que não sou dada a manifestar a minha opinião nas redes sociais e que detesto textos grandes porque poucos ou ninguém os lê… Mas caramba (para não dizer outra coisa), estou a ficar um bocado azeda com certos comentários que leio e recebo em relação à greve dos enfermeiros.
Os que nos aplaudiram de varanda, estão agora a ofender nos de forma gratuita…
Sim tive a obrigação de ser transferida de serviço para uma UCI covid em menos de 24h sem que ninguém se tivesse preocupado se tinha filhos ou família em casa…
Sim tive a obrigação de estar afastada dos meus filhos, família e amigos durante uns meses… Alguém contou as minhas lágrimas? Alguém sentiu o que eu senti quando ao fim de uns meses de a minha mãe não me ver, não me reconhecer porque tem um síndrome demencial?
Sim tive o dever de ir trabalhar todos os dias na linha da frente, porque os doentes precisavam de mim e dos restantes colegas… podia ficar aqui a enumerar os muitos deveres e obrigações dos enfermeiros…
Nunca em tempo algum deixamos de prestar cuidados de enfermagem de excelência em dias de greve.»
Carla Caldeira frisa ainda que «já fui chamada de assassina, selvagem, irresponsável e outros nomes carinhosos. Estas vozes que se levantaram em alto e bom som para me chamarem assassina, permitem hoje ajuntamentos de milhares de pessoas…
Sim estou em luta por uma carreira, sim estou em luta por melhores condições de trabalho, sim estou em luta por melhores cuidados de saúde aos doentes, sim estou em luta por uma cama digna num hospital para o pai ou a mãe de qualquer um de nós…
Sim estou em luta pelo respeito que exigo pela minha profissão, do mesmo modo que respeito a profissão de cada um.
Se concordo ou não com esta greve, se a farei ou não, só a mim me diz respeito
Agora aceitar ser ofendida e desrespeitada nos meus direitos nunca.
Sou orgulhosamente enfermeira, continuarei a lutar pelos meus direitos.
Querem falar de respeito? Se acham que lutar pelos meus direitos e por melhores condições de saúde para todos é falta de respeito, então o que poderei chamar aos aglomerados (milhares) de mamíferos que o governo tem autorizado nos vários “eventos sociais” nos últimos tempos?
Não me lixem… E mais não digo… não vá ferir as susceptibilidades de certas pessoas mais sensíveis.»
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