Marinha venezuelana divulga vídeo sobre colisão com cruzeiro português
Um vídeo de dois planos, onde é colocado no Youtube a suposta conversa via rádio entre o cruzeiro “Resolute” e a Marinha da Venezuela “Naiguatá GC-23”, já está a causar mau estar entre os dois países, para além do Youtube, o almirante Giuseppe Alessandrello Cimadevilla disponibilizou o vídeo à televisão estatal.
No vídeo vê-se o momento em que um dos tripulantes da “Naiguatá GC-23” dispara, aparentemente para o mar, na direção do “Resolute”, enquanto uma voz masculina ordena “parem as máquinas”.
No plano seguinte consegue-se ver o que seria a proa do “Resolute” em ligeira colisão com o navio de guerra da Venezuela.
As comunicações estabelecidas entre as duas embarcações, é toda feita em língua inglesas e no áudio de gravação, identificam-se, com o “Resolute” a indicar que está registado na Madeira, que partiu de Buenos Aires, na Argentina, e que ruma a Willemstand, no Curaçau. Na gravação ouve-se ainda a indicar que tem 32 tripulantes e que não foi comunicado ao navio português que seria precisa autorização para estar naquela rota.
Do lado do navio de guerra venezuelano uma voz indica que deve de mudar a rota, recebendo como resposta que iriam continuar com o curso previsto.
Segundo o almirante Giuseppe Alessandrelo Cimadevilla, o áudio do “Resolute” é claro e que reconhece a jurisdição da Venezuela e a autoridade do guarda costeiro, mas mesma assim nega-se a seguir as instruções dadas.
Já no segundo áudio, há uma conversa em espanhol, entre o “Naiguatá GC-23” e um tripulante do “Resolute”, que informa que finalizaram a limpeza e que estão em rota para o Curaçau.
A Marinha dá instruções para que siga para Isla Margarita. O “Resolute” pergunta a razão dessa ordem, recebendo como resposta: “Permanecer em águas jurisdicionais sem autorização”. Do “Resolute” pedem desculpa e insistem que estão em rota para o Curaçau. “Negativo, negativo. A passagem inocente é sem autorização e para deter-se teriam que ter autorização do país”, respondem da “Naiguatá GC-23.
Do “Resolute” sublinham que não queriam causar problemas e que vão para o Curaçau. “Necessitamos que coopere, caso contrário procederemos a fazer uso progressivo das nossas armas, segundo as normativas internacionais estabelecidas”, responde a Marinha venezuelana.
“Por favor dê-me um momento, estamos em pânico aqui. Estou apenas a acordar o meu capitão, não queremos nenhum problema“, respondem do “Resolute”.
Neste áudio, segundo o almirante Giuseppe Alessandrello Cimadevilla, o “Resolute” reconhece a jurisdição da Venezuela e autoridade do guarda costeiro, mas nega-se a seguir as instruções. Depois, “agride e atinge a nave venezuelana”, afirma.
A 31 de março, o Ministério da Defesa da Venezuela (MDV) anunciou que uma embarcação da Marinha venezuelana naufragou no dia anterior, após uma colisão com o cruzeiro de bandeira portuguesa “Resolute”, a norte da ilha de La Tortuga, localizada a 181 quilómetros a nordeste de Caracas.
Segundo o MDV, pelas 0h45 de segunda-feira (5h45 em Lisboa), a lancha da Guarda Costeira “Naiguatá GC-23” realizava “tarefas de patrulhamento marítimo” no mar territorial venezuelano, quando “foi atingido pelo navio de passageiros “Resolute”.
A colisão ocorreu quando a embarcação da Marinha “fazia um procedimento de controlo de tráfego marítimo, o que gerou danos de grande magnitude” no barco da Guarda Costeira venezuelana, explica-se no comunicado.
Por outro lado, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou o cruzeiro de bandeira portuguesa “Resolute” de ter realizado um ato de “terrorismo e pirataria” contra o navio da Marinha venezuelana. Nicolás Maduro instou as autoridades do Curaçau, território holandês, onde o navio está ancorado neste momento, a investigar este “ato de pirataria internacional”.
A 2 de abril último, a empresa Columbian Cruise Services (CCS) garantiu, em um comunicado, que o cruzeiro “Resolute” foi “objeto de um ato de agressão” por uma embarcação da Marinha venezuelana em águas internacionais, enquanto fazia a manutenção de um motor, em viagem para Willemstad, Curaçau.
Segundo a CCS “o cruzeiro foi abordado por um navio da Marinha venezuelana que por rádio questionou as intenções” da sua presença “e deu a ordem para o acompanhar” até à ilha venezuelana de Margarita. “Como o RCGS RESOLUTE navegava em águas internacionais, o capitão queria reconfirmar esse pedido específico, que resultava num sério desvio da rota”, afirma-se.
Enquanto “o capitão contactava o escritório central, foram feitos disparos de pistola” e o barco da Marinha venezuelana “aproximou-se do lado de estibordo a uma velocidade de 135° e colidiu deliberadamente” com o cruzeiro.
“A embarcação da Marinha continuou a golpear o arco de estibordo, numa aparente tentativa de fazer virar a cabeça do cruzeiro em direção às águas territoriais da Venezuela”, acrescenta-se na mesma nota.
Entretanto, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela comunicou o sucedido à embaixada de Lisboa em Caracas, através de uma nota verbal.
“Nós responderemos tão breve quanto possível à nota verbal da Venezuela. Este incidente, qual quer que seja a sua natureza é um incidente que não deve perturbar as relações de Estado a Estado, entre a Venezuela e Portugal, quanto mais tratando-se de um navio privado e de um incidente isolado cujas responsabilidades podem e devem ser apuradas”, disse Augusto Santos Silva.
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