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Mais de dois milhões continuam na pobreza em Portugal

Mais de dois milhões de portugueses continuam em risco de pobreza, apesar da melhoria nos indicadores. A EAPN fala em problema estrutural.

Mais de dois milhões de pessoas continuam em risco de pobreza em Portugal, alerta a Rede Europeia Anti-Pobreza (EAPN) Portugal, que considera este fenómeno um problema estrutural que o país ainda não conseguiu resolver.

O aviso surge no Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, acompanhado do relatório “Pobreza e Exclusão Social 2025”, onde a EAPN sublinha que o número absoluto de pessoas vulneráveis permanece acima dos dois milhões há vários anos, apesar das melhorias registadas nos indicadores estatísticos.

Os dados mais recentes mostram que 19,7% da população portuguesa continua em risco de pobreza ou exclusão social — o valor mais baixo desde 2015. Ainda assim, o número traduz cerca de 2,1 milhões de pessoas, ou seja, um em cada cinco portugueses.

Segundo o Inquérito às Condições de Vida e Rendimento (ICOR) de 2023, o risco de pobreza desceu para 16,6%, com rendimentos inferiores a 632 euros por mês por adulto equivalente. Dentro desse grupo, 1,76 milhões de pessoas vivem abaixo desse limiar, das quais 56% são mulheres.

O relatório revela também que mais de um terço dos que vivem em pobreza têm rendimentos iguais ou inferiores a 422 euros mensais, e que 40% das crianças pobres vivem em famílias com esses valores. A organização avisa que a exposição das crianças à pobreza severa “compromete trajetórias de inclusão social e económica ao longo da vida”.

A diminuição da pobreza foi mais evidente entre os menores, adultos ativos, empregados e desempregados, resultado direto das transferências sociais, que evitaram que o risco ultrapassasse os 21,4%. No entanto, apenas metade das pessoas entre os 18 e os 64 anos em situação de pobreza recebem prestações sociais, e Portugal continua entre os países da União Europeia com menor impacto dessas transferências.

Entre os mais velhos, a situação agravou-se. O risco de pobreza aumentou 19,9% entre os reformados, 17,8% entre pessoas com mais de 65 anos e 22,7% entre os maiores de 75. Atualmente, 22,3% dos reformados, 23,8% dos idosos e 26,5% dos muito idosos vivem em risco de pobreza ou exclusão social.

A EAPN identifica ainda fortes desigualdades territoriais: os Açores mantêm-se como a região mais vulnerável, com 28,4% da população em risco, enquanto a Península de Setúbal surge como a mais afetada no continente, com 21,8%. As zonas rurais e pouco povoadas apresentam uma taxa de pobreza de 23,5%, superior à das áreas urbanas densas, com 17,5%.

A rede conclui que a pobreza em Portugal “já não é um problema passageiro, mas estrutural”, exigindo políticas públicas duradouras que combatam a desigualdade, a precariedade laboral e a exclusão social, sobretudo entre os grupos mais vulneráveis.


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