O Grupo VITA, organismo criado pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) para acompanhar vítimas de abuso sexual na Igreja Católica, revelou que já recebeu 118 denúncias de abuso e 61 pedidos de reparação financeira desde a sua criação. Os dados foram apresentados por Rute Agulhas, coordenadora do grupo, que destacou a média de 54 anos das vítimas que entraram em contacto.
Segundo a psicóloga, muitas vítimas procuram apenas quebrar décadas de silêncio, já que a média de tempo para denunciarem os casos é de 40 anos. A maioria das situações relatadas está prescrita, mas em dois casos, a Santa Sé derrogou a prescrição prevista pelo Direito Canónico.
Impacto dos relatos e fundo de compensação
A maioria dos casos de abuso ocorreu entre as décadas de 1960 e 1980, sendo 40 dos 61 pedidos de reparação feitos por homens. 15 dos pedidos são de vítimas que o grupo não conhecia anteriormente, segundo Agulhas. Em abril de 2024, a CEP aprovou a criação de um fundo solidário, financiado por todas as dioceses, para compensar vítimas de abusos no contexto da Igreja. Este fundo não tem montante definido e estará também aberto a contribuições de terceiros.
Relatório de atividades e caracterização das vítimas
Na próxima terça-feira, o Grupo VITA irá apresentar o seu terceiro relatório de atividades em Lisboa, onde será feita uma análise sociodemográfica das 62 pessoas atendidas, explorando o impacto dos abusos, os locais onde ocorreram e as circunstâncias relatadas. A coordenadora sublinhou que os processos de atribuição de indemnizações, cujo prazo para submissão termina em 31 de março de 2025, devem estar concluídos até ao final do próximo ano.
Criado na sequência do trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, que validou 512 testemunhos e apontou para um mínimo de 4.815 vítimas, o Grupo VITA reforça o compromisso da CEP em reparar os danos causados, ainda que tardiamente.
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