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Kate Middleton e Nelly Furtado esmagadas pela ditadura da beleza online

A fama não protege: Kate Middleton foi alvo de especulações após surgir com novo visual em plena luta contra o cancro, enquanto Nelly Furtado confessou sentir “veias como teias de aranha” sob a pele perante críticas ferozes ao corpo. O preço de ser mulher na internet continua a ser devastador.

De Kate Middleton a Nelly Furtado: o custo brutal de ser mulher na internet

Nem mesmo figuras consagradas escapam. Kate Middleton e Nelly Furtado — duas mulheres de visibilidade internacional — deram de cara com a escalada brutal de críticas, ataques e humilhações que incidem, quase sempre, sobre o corpo feminino. Se parecia óbvio que “fama” seria escudo, a web prova o contrário: ser mulher online pode significar pagar um preço alto, em insultos, em olhares clínicos e em silenciamento.

Kate submete-se aos holofotes — mas os holofotes não a perdoam

No início de setembro, a imprensa internacional correu para destacar uma “mudança” no visual da princesa de Gales: cabelos mais loiros. Antes que a notícia do seu recente tratamento oncológico repercutisse com peso humano, o público já debatia: seria peruca? Seria uma plástica mal escondida? Qual era o truque por trás de fios “fora do lugar”?

Essa avalanche de especulações desvia o foco do que realmente importa — saúde, recuperação, vida — e o coloca sob o microscópio da vaidade pública. Para mulheres em posição de destaque, não basta estar viva, é preciso estar “aceitável”.

Nelly Furtado e as veias em “teias de aranha”

Quando a cantora Nelly Furtado, em plena forma e em tour com roupas “provocantes para uma mulher com curvas”, foi alvo de comentários depreciativos — muitos dirigidos em específico ao seu corpo — ela reagiu com uma imagem poderosa: disse sentir “veias como teias de aranha” surgindo, traçando-se sob a pele. A metáfora de fragilidade (teias) misturada ao corpo (veias) revela o tormento de ser avaliada por detalhes quase microscópicos.

Não basta cantar bem; é preciso “caber” em moldes estéticos aceitáveis. E, quando alguém ousa sair desses moldes, aparece a chacota, o escárnio, o “problema estético” para virar assunto de tendência.

O mecanismo perverso do sexismo digital

Avaliações quase cirúrgicas sobre peso, roupas, cor dos cabelos, flacidez, marcas visíveis… tudo isso vira munição na atualidade. E essa artilharia — feita em tweets, em comentários, em posts — serve para afirmar quem ocupa o poder de olhar e julgar. As Mulheres são observadas, diagnosticas, corrigidas online.

Para fazer essa correção, as plataformas digitais têm papel cúmplice: o algoritmo prioriza imagens consideradas “atraentes”, empurrando para as sombras aquelas que fogem do padrão. O resultado? As mulheres já nascem submetidas a uma lógica em que se destacam apenas aquelas que “encaixam”.

Quando a autoestima vira “campo de batalha

O que fazer quando o simples ato de aparecer rende mais investidas de ódio do que aplausos? Muitos se lançam em cirurgias, dietas radicais e retoques constantes — reajustando o corpo para caber no que o mundo espera. É uma lógica cruel: o corpo não basta ser, precisa transformar-se para sobreviver.

Nelly impôs-se ao mostrar-se, ao abraçar a sua imagem, ao pronunciar as “veias” e as curvas pronunciadas que tentam romper. Mas nem sempre isso basta para silenciar os haters.

Precisamos de rupturas simbólicas

Chegou a hora de mulheres com visibilidade resistirem não só mostrando a perfeição, mas a sua imperfeição. De romper essa lógica de elogio condicionado à aparência. De gritar que não são “problema”, mas alvo de um sistema que decide quem merece ser visto.

Mulheres (e raparigas) merecem existir na internet — e na vida — sem que cada fio de cabelo, cada curva, cada veia se torne munição para ataques ferozes.


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