Inauguração da sede de candidatura de Maria das Dores Meira com fortes críticas ao PS, CDU, SIC e ao programa “Isto é Gozar com Quem Trabalha”

Na presença de centenas de pessoas, que obrigou à realização do evento no exterior, foi inaugurada este sábado a sede de campanha da candidata independente à Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira. No entanto, o que marcou a sessão foram os esclarecimentos prestados à população sobre a investigação que está a ser alvo, tendo-se feito acompanhar de provas, que terão sido entregues anonimamente.

O discurso começou com um agradecimento às pessoas que apoiam a lista, e a recordar as medidas eleitorais já listadas na apresentação da candidatura a 2 de outubro, como a melhoria da limpeza do concelho, a criação de uma polícia municipal, a resolução da polémica do estacionamento tarifado, assim como a candidatura a Cidade Verde e a Capital Europeia da Cultura.

De seguida, falou da primeira sessão do ciclo “Dar voz a Setúbal“, realizada na freguesia do Sado, para a recolha de contributos para o programa eleitoral, tendo pedido um aplauso por causa das cheias que afetaram o território.

No entanto, todo o resto do discurso foi dedicado à investigação que tem sido alvo, por alegada utilização indevida de cartões de crédito emitidos em seu nome, tendo chamado de “grupo de lunáticos” a quem “tenta dar a volta ao município” para a atacar.

A “perseguição política”

Apelidando a auditoria proposta pelo PS e aprovada na passada quarta-feira de “perseguição política”, “caça às bruxas” e “desespero“, manifestou-se a favor de uma “verdadeira auditoria“, mas “não me auditem apenas a mim“, prometendo, caso vença as eleições, fazer uma auditoria a todos os executivos da Câmara Municipal, aos membros da Assembleia, e pessoas contratadas pela autarquia. Para além disso, acusou o Partido Socialista de “gastar o dinheiro público para servir os seus interesses políticos e eleitorais“, com o apoio da CDU, que também votou a favor da auditoria”.

Passando a apresentar documentação, que ficará disponível na sede de campanha, e que lhe terá sido entregue anonimamente, Dores Meira afirmou que, na viagem feita a Nova Iorque em junho de 2017, no âmbito da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, a alegada limosine que terá usado não passaria de um táxi-carrinha de uma empresa chamada “Sammys Limo”; ou seja, apesar do nome, não se tratava de uma limosine. Ainda refere a refeição feita na “The Lobster Place“, terá costado apenas 29,95 dólares por pessoa, algo que considera ser “bem razoável“.

A ex-autarca também abordou as despesas feitas no âmbito do Congresso das Mais Belas Baías do Mundo, realizado entre 16 e 19 de outubro de 2019, em Toyama, em que terá chegado no dia 8, e passado por Shizuoka e Kyoto, antes de seguir para o congresso. No entanto, Dores Meira garante que a viagem terá sido feita a convite do Governo da região, e que terá sido convidada para integrar o programa pós-congresso, mas que recusou por obrigar ao pagamento de despesas por parte da Câmara Municipal. Tanto essa viagem como a Nova Iorque, foram reembolsadas pelo Clube das Mais Belas Baías do Mundo, garantindo que a autarquia sabe, “mas escondeu“.

Em relação à viagem a Quelimane, Moçambique, feita em 2020, e que terá coincidido com a viagem feita a Valência, Espanha, na mesma altura, a candidata esclarece que não esteve em Quelimane, por ter havido uma tempestade que derrubou a ponte que fazia a ligação à cidade. Devido a isso, terá seguido para a Feira de Valência, e os bilhetes anulados pela Agência Abreu, mas o boletim itinerário para Quelimane já estava feito.

Pedidos feitos à Câmara Municipal e à SIC

Maria das Dores Meira afirmou, ainda, que pediu, em julho, à Câmara Municipal de Setúbal a consulta dos documentos enviados para a investigação, mas que não terá obtido resposta. Do mesmo modo, terá pedido à SIC para que “pudesse estar em estúdio a apresentar estes documentos e defender a minha honra das questões levantadas na peça“, mas a Direção de Informação rejeitou o pedido. Entretanto, terá sido feito um novo e “à data de hoje aguardo a resposta“.

Do mesmo modo, criticou a rábula feita para o programa de humor “Isto é Gozar com Quem Trabalha” (minuto 23:29), no passado dia 3 de novembro, com base na investigação da SIC, por “não me tenha dado a oportunidade de estar presente para responder“, acrescentando, ainda, a presença de Pedro Tadeu, “jornalista, militante do PCP e atual colaborador da Câmara Municipal de Setúbal, para comentar nesse programa“, que considera como “ironia das ironias”.

Apesar do foco do discurso ter sido a “perseguição” que afirma ser alvo, a candidata terminou o discurso a agradecer ao engenheiro Mário Moura, pela disponibilização do espaço, que afirma ser durante 11 mês, “até passarmos para ali”, apontando para o edifício da Câmara Municipal, e a pedir “compromisso” e “transparência“.

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