Hidrogénio Verde em Sines: Uma Revolução Energética em Risco?
O projeto GreenH2atlantic, em Sines, que visa a produção de hidrogénio verde, é alvo de críticas da associação ambientalista Zero. Em causa está a forma como o hidrogénio será utilizado, com a Zero a defender que a prioridade deve ser a substituição do hidrogénio cinzento na refinaria de Sines.

Portugal tem um enorme potencial para se tornar um líder na produção de hidrogénio verde, uma fonte de energia limpa e renovável. O projeto GreenH2atlantic, em Sines, é um exemplo ambicioso desse potencial, visando produzir hidrogénio verde a partir de energias renováveis como a solar e a eólica.
Críticas da Zero ao Projeto GreenH2atlantic
No entanto, o projeto é alvo de críticas da associação ambientalista Zero, que defende que o hidrogénio verde produzido em Sines não é utilizado da forma mais eficiente e sustentável.
A associação Zero analisou o Estudo de Impacto Ambiental do projeto e concluiu que somente 33% do hidrogénio verde produzido será utilizado na refinaria de Sines para substituir o hidrogénio cinzento, produzido a partir de combustíveis fósseis. Os restantes 67% serão injetados na Rede Nacional de Transporte de Gás Natural.
Priorizar a Substituição do Hidrogénio Cinzento
A Zero defende que a prioridade deve ser a substituição do hidrogénio cinzento na refinaria de Sines, uma vez que esta é a forma mais eficaz de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.
A associação ambientalista considera que o projeto GreenH2atlantic deveria ser mais ambicioso neste aspeto e direcionar uma maior percentagem de hidrogénio verde para a substituição do hidrogénio cinzento.
Outros Usos para o Hidrogénio Verde
A Zero reconhece que o hidrogénio verde tem outros usos importantes, como a produção de combustíveis sintéticos para a aviação e o transporte marítimo. No entanto, a associação defende que estes usos devem ser secundários e que a prioridade deve ser sempre a substituição do hidrogénio cinzento.
Atrasos na Estratégia Industrial Verde
A Zero alerta ainda para os atrasos na elaboração da Estratégia Industrial Verde, na Avaliação Ambiental Estratégica das Áreas de Aceleração de Renováveis e no investimento nas redes elétricas. Estes atrasos podem limitar o desenvolvimento de projetos industriais consumidores de hidrogénio verde em Sines e levar ao desperdício de energia renovável.
A Importância das Áreas de Aceleração de Renováveis
A Zero defende que é fundamental criar Áreas de Aceleração de Renováveis para atrair para junto da área de desenvolvimento do projeto as indústrias destinatárias do hidrogénio verde.
A associação ambientalista sugere que o projeto de produção de aço verde previsto para Sines pode servir de âncora para a fileira eólica, da ferrovia e outras indústrias associadas à descarbonização do setor dos transportes.
Combustíveis Sintéticos para a Aviação e Transporte Marítimo
A Zero considera incompreensível que o projeto não preveja que um dos destinos finais do hidrogénio verde seja a produção de combustíveis sintéticos para a aviação e transporte marítimo.
A associação ambientalista lembra que o regulamento Europeu ReFuel EU obriga a que em 2030 sejam incorporados 1,2% destes combustíveis no jet fuel consumido pelas companhias aéreas europeias e que Sines tem todas as infraestruturas necessárias para ser uma peça fundamental nesta matéria.
O projeto GreenH2atlantic tem um enorme potencial para impulsionar a transição energética em Portugal. No entanto, é fundamental que o hidrogénio verde seja utilizado da forma mais eficiente e sustentável, priorizando a substituição do hidrogénio cinzento e evitando o desperdício de energia renovável.
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