Em Portugal, o final de outubro e o início de novembro são marcados por dois rituais distintos: o Halloween, com a sua vertente mais moderna e assustadora, e o tradicional Pão por Deus, repleto de simbolismo e simplicidade. Embora venham de origens diferentes, estes costumes coexistem, despertando o interesse de várias gerações.
O Halloween remonta aos antigos festivais celtas, como o Samhain, uma celebração que marcava o fim das colheitas e o início do inverno. Era um período em que os celtas acreditavam que o mundo dos vivos e o dos mortos se unia, permitindo a visita dos espíritos. Com o passar dos séculos, e a intervenção da Igreja Católica, o Halloween evoluiu para uma festividade global, marcada por doces, fantasias e decorações assustadoras.
O Pão por Deus, por outro lado, é uma tradição portuguesa que se celebra no Dia de Todos os Santos. Esta prática tem raízes em rituais antigos de colheita e solidariedade, intensificando-se após o terramoto de 1755, que deixou muitos lisboetas em dificuldades. A expressão “Pão por Deus” surgiu como um pedido de ajuda, perpetuado por gerações e mantido até hoje, especialmente nas zonas rurais.
Atualmente, as crianças portuguesas são confrontadas com uma escolha interessante: seguir a tradição do Pão por Deus, com a sua oferta de doces simples, como broas e figos secos, ou embarcar no espírito internacional do Halloween, com fantasias elaboradas e o famoso “doce ou travessura”. Em alguns casos, as duas tradições até se misturam, com crianças portuguesas pedindo “Pão por Deus” enquanto vestem trajes assustadores.
Apesar do crescimento da popularidade do Halloween, o Pão por Deus ainda é preservado como uma herança cultural em muitas regiões de Portugal. No entanto, nas áreas urbanas, a influência do Halloween é cada vez mais visível, levando alguns a questionar se o Pão por Deus pode sobreviver a esta “importação” estrangeira.
O comércio também reflete essa dualidade. As lojas apostam em decorações e doces temáticos para o Halloween, enquanto padarias e pastelarias mantêm as vendas tradicionais de broas e castanhas associadas ao Pão por Deus. Esta convivência reflete o impacto económico que ambas as celebrações têm em diferentes setores.
O dilema entre Halloween e Pão por Deus levanta questões sobre preservação cultural e identidade. Enquanto o Halloween é uma celebração moderna amplamente promovida pela cultura ‘pop’, o Pão por Deus resiste como uma prática mais discreta e familiar. Em escolas e associações, esforços são feitos para manter viva esta tradição, incentivando atividades que aproximem as crianças da sua herança portuguesa.
No final, Halloween e Pão por Deus mostram-se como tradições complementares, que oferecem uma oportunidade para celebrar a vida, a memória e a comunidade. Quer seja com abóboras assustadoras ou com broas doces, o mais importante é que ambas as tradições promovem o sentido de partilha e de união.
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A tradição devia ser festejada. Pão por Deus.
o que não é nosso ficaria a onde pertence.