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Falta de recursos no SNS coloca doentes oncológicos em risco: especialistas alertam para cenário preocupante

O grito do Serviço Nacional de Saúde.

A carência de profissionais e meios no Serviço Nacional de Saúde (SNS) agrava o risco para doentes oncológicos em Portugal, com a pressão assistencial a atingir um nível alarmante, segundo um relatório recente. Especialistas alertam para desigualdades no acesso aos cuidados e a necessidade urgente de reorganizar a rede de referenciação oncológica.

Segundo o documento, elaborado com base em questionários a mais de 40 unidades hospitalares, foram registados 48.515 novos casos de cancro em 2022. No entanto, os técnicos advertem que este número pode estar inflacionado devido a registos duplicados entre instituições. O estudo destaca ainda a insuficiência de recursos humanos em oncologia médica, radioncologia e físicos médicos, fatores que afetam a qualidade e rapidez do atendimento aos doentes.

Os especialistas sublinham que a pressão sobre o SNS tem aumentado, colocando os doentes oncológicos em risco. A falta de médicos em alguns hospitais de dia é um dos problemas apontados, bem como a desigual distribuição dos recursos existentes, que não acompanha a procura assistencial. Em algumas unidades, o número de primeiras consultas por médico especialista é considerado excessivo, comprometendo a capacidade de resposta clínica.

O diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, José Dinis, defende que é fundamental reformular a rede de tratamentos oncológicos, alinhando-a com as recomendações europeias. “É urgente garantir que os doentes têm acesso ao acompanhamento adequado desde a suspeita da doença até ao tratamento”, alertou, referindo que a possibilidade de financiamento europeu para esta reestruturação deve ser explorada.

O relatório também revela que Portugal tem um número de físicos médicos muito abaixo do recomendado pela Europa, o que pode comprometer a segurança dos tratamentos e a qualidade dos equipamentos utilizados. Esta falha pode afetar a proteção radiológica, o controlo de qualidade dos aparelhos e o avanço da investigação nesta área.

Em termos de capacidade assistencial, os Institutos Portugueses de Oncologia (IPO Lisboa, IPO Porto e IPO Coimbra) foram responsáveis por 55% das primeiras consultas de radioncologia, mas apenas contam com 48% dos especialistas nesta área. Por outro lado, hospitais como o de Santarém, o Centro Hospitalar Barreiro Montijo e o Centro Hospitalar Trás-os-Montes e Alto Douro registaram redução na carga assistencial, enquanto o Hospital de Évora destacou-se pela elevada pressão nos serviços.

Com o cancro a manter-se como segunda principal causa de morte em Portugal, o estudo reforça a necessidade de criar equipas multidisciplinares para uma gestão mais eficaz da doença. A falta de equilíbrio na distribuição de recursos e a sobrecarga em determinadas instituições são apontadas como desafios urgentes a resolver para garantir um tratamento justo e acessível para todos os doentes.


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