Falta de médicos agrava-se: Mais de 70% das vagas para recém-especialistas ficaram por preencher
O último concurso para a contratação de médicos revelou um cenário preocupante: mais de 70% das vagas para Medicina Geral e Familiar ficaram por ocupar. A situação compromete o acesso aos cuidados de saúde em várias regiões do país.

A crise na contratação de médicos continua a agravar-se em Portugal. De acordo com dados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), apenas 63 das 225 vagas para recém-especialistas em Medicina Geral e Familiar (MGF) foram preenchidas no último concurso. O mesmo problema afetou 40% das vagas para Saúde Pública, onde apenas 9 dos 15 lugares foram ocupados.
Publicado em 27 de dezembro de 2024, o procedimento concursal pretendia reforçar a mão de obra no Serviço Nacional de Saúde (SNS), contratando um total de 240 médicos. No entanto, os números confirmam a dificuldade crescente em fixar profissionais na rede pública, especialmente em regiões mais carenciadas.
Na distribuição regional das colocações, a região Norte registou o maior número de médicos contratados, com 22 especialistas em Medicina Geral e Familiar, espalhados pelas ULS de Barcelos/Esposende, Braga, Entre Douro e Vouga, Gaia e Espinho, Matosinhos, Trás-os-Montes e Alto Douro, Alto Minho e Tâmega e Sousa.
Na região de Lisboa e Vale do Tejo, foram contratados 19 médicos, distribuídos por ULS da Arrábida, Lezíria, Almada-Seixal, Amadora-Sintra, Lisboa Ocidental, Santa Maria, São José, Arco Ribeirinho, Estuário do Tejo e Médio Tejo. No Centro do país, 12 médicos foram colocados em unidades de Aveiro, Leiria, Coimbra e Dão-Lafões.
No sul do país, a ULS do Algarve recebeu 4 médicos, enquanto no Alentejo foram contratados 6 profissionais, divididos entre as unidades do Alentejo Central e Baixo Alentejo.
Quanto aos médicos de Saúde Pública, dois foram colocados no Centro, nas ULS de Viseu, Dão-Lafões e Baixo Mondego, um na ULS de São José (Lisboa e Vale do Tejo) e três na região Norte, nas ULS de Santo António, Trás-os-Montes e Alto Douro e Tâmega e Sousa.
A ACSS justifica a atribuição das vagas com base nos 64 recém-especialistas formados na época especial de 2024, assim como em médicos de anos anteriores que ainda não possuem vínculo definitivo ao SNS. Desses, 33 especialistas foram colocados, representando 51,6% do total.
A dificuldade em preencher as vagas levanta questões sobre as condições oferecidas pelo SNS, nomeadamente salários, progressão na carreira e carga horária, fatores frequentemente apontados como motivo para a falta de adesão ao setor público. A escassez de médicos coloca em risco o acesso da população aos cuidados de saúde primários, aumentando a pressão sobre os serviços hospitalares e urgências.
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