Opinião

Dietas, injecções e injunções

As opiniões expressas neste artigo são pessoais e vinculam apenas e somente o seu autor.

Em 1951 no livro “O IMPACTO DA CIÊNCIA NA SOCIEDADE” o matemático, eugenista, filósofo e prémio Nobel, Bertrand Russell, previa um futuro onde as elites usariam a ciência como ferramenta para o controlo da população: “A dieta, as injecções e as injunções combinar-se-ão para induzir o comportamento e as crenças que as autoridades considerem desejáveis e qualquer crítica aos poderes instituídos tornar-se-á psicologicamente impossível. E mesmo que infelizes, todos se acreditarão felizes porque o governo lhes dirá que o são”. Num outro ensaio, escreve ainda: “as dietas (das crianças) não dependerão das escolhas dos pais mas serão as que os melhores bioquímicos recomendarem”.

As palavras de Russell repercutem nos tempos que vivemos com uma precisão inquietante.

Nos últimos quatro anos e meio os portugueses viram as suas rotinas alteradas e os seus meios de subsistência condicionados por ingerências políticas com pretexto sanitário. Pequenos negócios faliram na sequência dos confinamentos. E portugueses morreram porque abandonados à sua sorte, ao paracetamol e em consequência do cumprimento acrítico de protocolos dimanados da Big Pharma e em detrimento de alternativas provadas seguras e eficazes (Ivermectina; vitamina D). O direito ao consentimento informado foi sonegado fazendo sentir, principalmente aos que questionaram, a pata da repressão. E o corolário foram os mandados das injecções e a coerção de milhões.

Nesta teia de controlo, os mesmos burocratas e tecnocratas que nos fecharam em casa “para achatar a curva”, que nos testaram ad nauseam, que nos impingiram injecções experimentais alegadamente “seguras e eficazes”, focam-se agora na nossa dieta e na cadeia de abastecimento alimentar, ameaçando destruir a soberania que ainda nos resta, desta feita com pretexto climático.

Os confinamentos de 2020-21 desvelaram a fragilidade da cadeia global de fornecimento alimentar e a situação agravou-se com a invasão da Ucrânia fazendo disparar os preços dos cereais em todo o mundo.

Em 2023 milhões de pessoas experimentaram “altos níveis de fome aguda” (1) – um aumento de 8.5% em relação aos níveis, já elevados, de 2022.

Neste contexto o raciocínio lógico seria apoiar os pequenos agricultores e encorajar os sistemas locais de abastecimento alimentar. Mas, ao invés, os líderes afiliados do Fórum Económico Mundial, estão a reprimir os agricultores independentes impondo novas regras draconianas em nome da sustentabilidade e do combate às alterações climáticas:

  1. No Sri Lanka (2) foram proibidos todos os fertilizantes químicos forçando, do dia para a noite, todas as explorações agrícolas a tornarem-se “biológicas” – uma receita para o desastre, pois tal mudança exige tempo e planeamento. Este decreto, aliado a uma grave escassez em gasóleo, arruinou centenas de explorações agrícolas com as consequentes carestia e fome, que culminaram, em 2022, na invasão do palácio presidencial e o derrube do governo…
  2. Na Irlanda (3) o sector agrícola está obrigado a diminuir as emissões de carbono em 25% o que a concretizar-se levará muitas explorações à falência e forçará o abate de centenas de milhar de cabeças de gado.
  3. No Canadá (4) o objectivo é a redução em 30% nos fertilizantes incluindo o estrume usado em explorações biológicas. Os produtores de lacticínios estão proibidos de doar o excedente de produção e não podem vender o leite directamente ao consumidor mas sim a um organismo governamental acreditado que, por sua vez, decidirá como distribuir o produto…
  4. Na Holanda (5) o governo exige uma redução das cabeças de gado em 30% e determina  redução em 95% no azoto que provém do nitrogénio libertado do estrume e que constitui um fertilizante “amigo do ambiente”. O governo planeia também confiscar e encerrar três mil explorações agrícolas para ir de encontro aos objectivos climáticos. Os agricultores holandeses sublevaram-se e foram fortemente reprimidos pelas forças policiais do regime com recurso a armas de fogo disparadas contra cidadãos desarmados a lutar pela sua subsistência e no exercício do seu direito à indignação…
  5. Para os restantes países da UE preconizam-se idênticas políticas de redução de nitrogénio e carbono culminando, à semelhança do que se fez no sector das pescas, em políticas de indemnização a agricultores para que abandonem a actividade e cedam a sua propriedade. É já uma realidade o confisco de terras agrícolas de primeira qualidade e os projectos de abate de árvores, como por exemplo os 1821 sobreiros de Morgavel (6) por “imprescindível utilidade pública” e para instalação de parques eólicos ou solares. Em nome da sustentabilidade e em alternativa à agricultura e à pecuária orgânicas e regenerativas assistimos ao prosperar das fazendas de insectos, ao triunfo do geneticamente modificado e à crescente hegemonia da alimentação industrial.

A verdade é que fazendas orgânicas e regenerativas que criam gado em pastagens perenes, que cultivam sem recurso a fertilizantes químicos usando o esterco animal para alimentar as gramíneas, num maravilhoso círculo natural, holístico e verdadeiramente ecológico, produzem emissões de metano e de carbono nitidamente mais reduzidas que a agricultura industrial; reduzem a eliminação de azoto nos rios e nos córregos e evitam a erosão dos solos.

Se quem nos governa realmente se preocupasse com o planeta e com a nossa saúde, estaria a conversar com os pequenos agricultores para aprender como implementar os métodos de quem sabe e com vista à real preservação da natureza e salvação do planeta. Em vez disso os agricultores estão a ser vergonhosamente assediados por políticos, burocratas e tecnocratas ignorantes e submissos  ao propósito globalista.

A liberdade em saúde e a liberdade alimentar são duas faces da mesma moeda e, a menos que lutemos pela sua protecção, acabaremos privados de ambas.

REFERÊNCIAS:

  1. https://www.fsinplatform.org/report/global-report-food-crises-2024/
  2. https://corbettreport.com/were-all-sri-lankan-farmers-now/
  3. https://www.rte.ie/news/politics/2022/0719/1311016-carbon-emissions/
  4. https://dairyfarmersofcanada.ca/en/sustainability
  5. https://www.globalresearch.ca/dutch-farmers-rise-up-against-food-system-reset/5786521
  6. https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/energia/detalhe/governo-aprova-abate-de-1821-sobreiros-pela-edp-para-construir-parque-eolico-em-sines https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/energia/amp/governo-aprova-abate-de-1821-sobreiros-pela-edp-para-construir-parque-eolico-em-sines


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