Christine Lagarde justifica inflação com aumento dos salários, mas aufere mais de 400 mil euros anuais
Declarações polémicas da presidente do BCE.
A presidente do Banco Central Europeu (BCE) Christine Lagarde participou na semana passada no Fórum BCE, que decorreu em Sintra e, no primeiro dia, prestou declarações polémicas sobre o aumento da inflação, que foram mal recebidas até pelo primeiro-ministro português António Costa.
Segundo Lagarde, os “salários crescerão mais 14% até ao final de 2025 e, em termos reais, recuperarão plenamente o nível anterior à pandemia”, mas as taxas de juro altas não vão desaparecer tão cedo. “Perante um processo inflacionista mais persistente, precisamos de uma política mais persistente. Uma política que não só produza um aperto suficiente agora, mas que também mantenha condições restritivas até que possamos ficar confiantes que esta segunda fase do processo inflacionista foi resolvida”, afirmou a presidente do BCE.
Lagarde atribuiu à recuperação dos salários reais a responsabilidade pela inflação elevada. E António Costa não poupou a líder do BCE. “Não tem havido suficiente compreensão, por parte do BCE, da natureza específica do ciclo inflacionista. É mais ou menos claro que o aumento dos lucros extraordinários tem contribuído mais para a manutenção da inflação do que a subida dos salários”.
A questão tem dado ainda mais que falar devido ao salário auferido por Lagarde, que recebe 427 mil euros por ano, um valor superior ao de 2021 (421 mil euros) e ao de 2020 (416 mil euros), primeiro ano completo de liderança da advogada e política francesa.
Segundo o relatório de contas anual do BCE, “os membros da Comissão Executiva e os membros do Conselho de Supervisão ao serviço do BCE auferem um vencimento de base e um subsídio de residência”, mas, no caso de Lagarde, “é concedida uma residência em vez de um subsídio”.
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