Celebração do cinema português: Filme Nação Valente apresentado no CTJA
O curador do Ciclo A Viagem do Cinema Portugês, Paulo Portugal, faz uma análise sobre o filme, que esteve em exibição no Cinema-Teatro Joaquim d Almeida, no Montijo, e contou com a visita do cineasta Carlos Conceição.
“Foi em ambiente de festa que ocorreu o encerramento do ciclo A Viagem do Cinema Português, na passada sexta-feira, no Cinema – Teatro Joaquim d’Almeida. Um final de viagem que contou com a presença de Carlos Conceição, realizador do filme Nação Valente, e uma boa parte da sua equipa de atores, constituída por João Arrais, Diogo Nobre, Ivo Arroja, Vicente Gil e João Cachola.
Em conversa com o público, no final da sessão, o cineasta português, nascido em Angola, falou-nos da forma como encenou na sua narrativa uma representação do passado colonial, navegando por mais do que um género cinematográfico, como o filme de guerra (onde aceitou até uma comparação a Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola), mas também do cinema de zombies, assumindo uma dimensão de distopia.
Será, contudo, na perceção da nova geração – uma nova nação valente? – que poderá encarar a realidade de uma forma evolutiva. Desde logo, através das três únicas mulheres no filme, as atrizes Ulé Baldé (que vimos no CTJA em Primeira Obra, de Rui Simões), mas também a experiente Leonor Silveira (atriz fetiche de Manoel de Oliveira) e ainda Anabela Moreira (atriz fetiche de João Canijo). Sobre o papel desta última, vencedora do Globo de Ouro para Melhor Atriz pelo filme Mal Viver, de João Canijo, o realizador salientou a sua “generosidade que fez sobressair na personagem mais do que tinha escrito”.
Se é verdade que Nação Valente é um filme sobre o nosso passado colonial, Carlos Conceição defende que “a ideia do filme era justamente confrontar o espectador com a ideia de pensar que estava no passado, embora, afinal de contas, estivesse no presente. É esse convite que faço ao espetador “, referiu. Aliás, um presente que assume com uma dimensão política, defendendo mesmo que “a nossa liberdade devia ser considerada património imaterial, património humano.”
Afinal de contas, uma realidade que se apresenta muito mais próxima de nós, sobretudo no final, quando os soldados saem da sua utopia para perceberem que na realidade não existe guerra. É o que comprovam ao avistar a ponte Vasco da Gama, e a cidade de Lisboa, vista do lado do Samouco. Ou seja, no final da viagem deste ciclo chegamos também a casa.”
— Paulo Portugal
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