Opinião

Caril à ceia

Artigo de Paulo Edson Cunha

A esquerda unida, levada ao colo por uma comunicação pouco atenta e muito tendenciosa, resolveu condenar o Primeiro-Ministro Luís Montenegro pela sua actuação ilegal recente, completamente excepcional e despropositada  que visou responder a um sentimento que grassa na sociedade de impunidade para com a imigração desregulada.

Mas vamos por partes: Sua actuação? Mas agora os Primeiros-Ministros já comandam operações policiais? Bem sabemos que não, mas talvez influenciados pelo providencial Almirante que, qual Vasco da Gama, vai guindar-nos a “mares nunca dantes navegados”, como diria o poeta, também  se pode  acreditar que os PM vão à frente de uma operação destas, com a sua espada, perdão, com a sua arma a  mandar prender imigrantes, sejam eles legais ou ilegais.

Isto leva-nos ao segundo ponto da análise generalizada. Há uma certa narrativa que diz ter sido a operação ilegal, quando se viu, pasme-se que a mesma foi efectuada não só ao abrigo da lei em vigor, como pior, essa lei foi aprovada num governo socialista, do anterior PM, António Costa

Ah, mas a actuação foi execpcional, nunca antes efetuada, daí o escândalo. O pior é que não. As operações da polícia no Martim Moniz não são uma novidade, por exemplo a estação televisiva SIC recuou 20 anos e encontrou dezenas no arquivo. Repetem-se todos os anos para combater problemas que têm décadas.

Pronto, mas aquela zona estava isenta de problemas, logo, foi mesmo inusitada, daí compreendermos o coro de críticas. Por exemplo, o Sr. Presidente da Junta de Freguesia da zona intervencionada em Julho, perante a comunicação social, já tinha afirmado a desnecessidades de qualquer “intervenção mais musculada”,

Ah, não, peço desculpa pela incorrecção, o próprio Observatório de Segurança Interna vem dizer que “A zona tem sido palco de um número elevado de denúncias de ocorrências, desde furtos e roubos com recurso a armas brancas até episódios de violência, como apedrejamentos a viaturas policiais ou um homicídio”, recorda o OSI, que justifica assim a “intervenção mais contundente das autoridades” e o tal presidente da Junta de Freguesia, afinal em Julho deste ano, portanto, há apenas cinco meses, clamava por uma intervenção, em função da insegurança da zona e falava mesmo em tentativas de homicídio e de violação, a saírem imunes.

Ok, mas pelo menos, as 21 personalidades que fizeram a carta aberta têm de ter razão moral e o Estado de direito social está em perigo. Claro que sim. O presidente da CML, Carlos Moedas e o PM Montenegro resolveram fazer uma operação a que chamaram de “Operação Caril”, nome de código só por si, racista e xenófobo, mostrando as suas intenções e aproximação às ideias do Chega.

Perdão, penso que me enganei novamente, ou fui levado ao engano, pois quem estava à frente dos destinos da Câmara Municipal de Lisboa afinal era um socialista de nome João Soares e o Primeiro Ministro era António Guterres, também ele socialista e, parece que nem havia nenhum partido chamado Chega.

Ah, mas estas 21 personalidades em 1999 ainda não estavam na vida política portuguesa, por ser tudo gente jovem, não é Augusto Santos Silva, Alexandra Leitão, Constança Urbano de Sousa, Catarina Martins ou Rui Tavares? Porque senão teriam feito, de certeza absoluta uma Carta Aberta em 1999 e esta seria a Carta Aberta, anti-Caril, Capítulo II, não é caros novatos?

Bem, mas é tempo de Natal e a todos os jornalistas incomodados às 21 personalidades de esquerda, que estão tão chocadas com uma operação legal (e com uma lei feita no tempo do PS e para estas situações), efectuada pela polícia e não pelo PM ou a mando deste, com a presença de uma procuradora, a validar o acto, sem nenhum código com um nome chocante e xenófobo, num local efectivamente inseguro e onde os cidadãos são  frequentemente alvo de crimes e que têm direito a usar um espaço público no centro da cidade.

Tudo isto numa operação que afinal não só se repete nessa zona várias vezes há mais de 20 anos e que é também efectuada noutras zonas inseguras e com um governo preocupado em regular a imigração que estava completamente desregulada e que permitia que redes organizadas se aproveitassem dessa desregulação e que operassem impunemente no território nacional.

A todos esses incomodados, que permitiram tudo o que havia nos anteriores oito anos, com imigrantes a viverem aos 20 ou 30 num anexo, ilegais, á mercê dessas tais máfias organizadas, desejo um feliz Natal e, lembrem-se que o Natal é quando um homem quiser, e podemos ter o bacalhau ou caril à mesa, importante é termos saúde, paz, amor, trabalho e prendas no sapatinho e, para esses proeminentes 21 personalidades,  uma boa prenda era conseguirem livrar-se do Satã dos tempos modernos, “que está a operar a desistência do Estado Social e que cria perceções de insegurança para depois as usar achando que é com elas que encherá de votos as urnas, sem querer saber de danos colaterais e que tem exibições de autoritarismo, usadas como alfinetes na lapela”.

Isso é que era uma prenda!


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