Cardeal D. Américo lamenta ‘situação difícil dos mariscadores’ na Diocese de Setúbal

O Cardeal e Bispo D. Américo Aguiar divulgou esta terça-feira uma nota acerca da «situação difícil dos mariscadores na Diocese de Setúbal», após o registo da morte de um mariscador nepalês e um desaparecido no Montijo.
Esta nota, que o Bispo de Setúbal alarga «a todos os que vivem situações de exploração e pobreza», coincide com a publicação da Declaração Dignitas infinita, sobre a dignidade humana.
Intitulada «A indiferença pelo sofrimento fraterno», nesta nota D. Américo Aguiar penitencia-se, e lamenta que «mais dois irmãos nossos, reduzidos ao nome de “mariscadores”, morreram no Tejo.
Indostânicos – Bangladesh, Butão, Índia, Maldivas, Nepal, Paquistão, Sri Lanka – ou portugueses, não é o que aqui importa. São irmãos nossos, irmãos meus. Um após outro, vão morrendo, e muitos mais que nunca saberemos.»
D. Américo Aguiar frisa que «quando ouvi a notícia, veio-me à memória um documentário sobre os perigos mortais da arte da pesca do bacalhau nos longínquos oceanos gelados, onde muitos dos nossos ficaram sepultados.
Sinto-me incapaz de me fazer ouvido; quero gritar por eles e com eles, mas sei que eles não querem visibilidade, pelo menos os vivos.»
Relembra também que esta se trata de uma «actividade ilegal, que ciclicamente os media e as autoridades a todos nos lembram e mostram…
Estes irmãos sonham construir sonhos, alimentar famílias de longe, muito longe e de perto.
É ilegal, mas todos baixamos a guarda e os olhos…
É exploração, mas porventura usufruímos e baixamos os olhos…
É o modo de subsistência de muitas famílias, de mulheres, homens e crianças, irmãs e irmãos nossos…».
O Bispo de Setúbal deixa ainda as questões: «Que podemos e devemos fazer? Como corresponder às expectativas de todos os envolvidos, quem marisca, quem vende, quem compra? Como fazer bem feito, sem explorar, sem desrespeitar, sem matar?
Infelizmente não sei responder. Sinto-me envergonhado e impotente todas as vezes que passo a Ponte Vasco da Gama e os vejo ao longe, ali estão a mariscar…
Perdoem-me meus irmãos, não sei como vos ajudar…
Há dias, numa viagem entre Alcochete e o Samouco, passei por muitos de vós… vi os vossos rostos e ficaram gravados na memória do coração, aquela que nunca esquece. Um a um.
Agora e aqui, em Fátima, aos pés da Mãe do Céu, recomendo-vos, um por um. Todos, todos, todos.»
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