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Autarca de Almada desafia Estado: “Realojamento no Bairro Penajoia é responsabilidade do IHRU”

A tensão entre a Câmara Municipal de Almada e o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) intensificou-se, com a presidente da autarquia a acusar o instituto de não assumir as suas obrigações no realojamento dos moradores do Bairro Penajoia.

A presidente da Câmara Municipal de Almada, Inês de Medeiros, lançou duras críticas ao Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), acusando-o de fugir à responsabilidade de realojar os moradores do Bairro Penajoia. O terreno, pertencente ao IHRU, foi palco de uma ocupação autónoma e agora enfrenta um impasse quanto ao destino das famílias lá residentes.

A polémica intensificou-se durante uma reunião de câmara, onde vários moradores expuseram as dificuldades que atravessam, nomeadamente a falta de eletricidade e o acesso precário a água potável. O corte no abastecimento elétrico, realizado dois dias antes do Natal, deixou centenas de famílias “na completa escuridão”, como alertou, em dezembro, o movimento Vida Justa.

Perante a pressão popular, Inês de Medeiros reafirmou que a câmara não se demite das suas responsabilidades, mas também não irá assumir as obrigações que cabem ao Estado. A autarca lembrou que o IHRU se comprometeu a realizar um levantamento social das famílias do bairro e a encontrar uma solução para o realojamento. “É com muita preocupação que assistimos à sistemática rejeição de responsabilidades por parte do IHRU”, sublinhou.

Apesar das reuniões mantidas entre a câmara, o ministro e a secretária de Estado, a autarquia continua sem qualquer habitação disponível para os moradores do Penajoia. “Se há coisa que eu não faço é alimentar falsas esperanças”, frisou Medeiros.

Outro ponto de discórdia entre a câmara e o IHRU diz respeito à utilização dos terrenos. O instituto alega aguardar a revisão do Plano Diretor Municipal (PDM) para avançar com novos projetos, mas a autarca rejeita essa justificativa, afirmando que “o IHRU tem total poder sobre aqueles terrenos e não precisa da câmara para nada”.

A tensão agrava-se numa altura em que o IHRU deu início à demolição de construções inacabadas no bairro, um passo que muitos veem como um sinal de falta de compromisso com uma solução habitacional digna. A câmara, por sua vez, mantém a sua presença nas reuniões do bairro a convite da comissão de moradores, algo que Inês de Medeiros fez questão de frisar: “Quem nos chamou foi a comissão de moradores, não o IHRU”.

A situação do Bairro Penajoia continua sem uma solução à vista, mas a pressão popular e política promete manter o tema em destaque na agenda mediática.


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