
A Associação Ad Sumus, sediada no Laranjeiro, em Almada, veio reforçar a importância de desmistificar preconceitos sobre a imigração em Portugal. Em declarações ao jornal Almadense, a coordenadora do Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes (CLAIM), Denise Almeida Silva, sublinhou que “existe uma grande falácia, ou falta de informação, de que os imigrantes vêm para viver de apoios sociais, mas aqueles que nos procuram aqui não. Eles trabalham”.
Segundo o Almadense, o centro recebe diariamente mais de 40 pessoas em busca de ajuda para questões de legalização, habitação, saúde e integração profissional. Fundada em 2014 por mulheres afrodescendentes e imigrantes, a Ad Sumus tem desenvolvido um trabalho fundamental no acolhimento e acompanhamento de cidadãos estrangeiros na Margem Sul e em toda a Área Metropolitana de Lisboa, em parceria com a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA).
A coordenadora explicou ao Almadense que a associação tem sentido os impactos das recentes alterações à Lei de Estrangeiros, que vieram modificar os vistos de procura de trabalho, o reagrupamento familiar e eliminar a antiga manifestação de interesse. “Vivemos um tempo conturbado, mas a lei é lei e é para cumprir”, afirmou. Apesar das dificuldades, Denise Almeida garante que a equipa está mais estruturada e preparada para responder às novas exigências legais.
O Almadense destaca ainda que, no concelho de Almada, residem pessoas de cerca de 100 nacionalidades diferentes, coexistindo de forma pacífica e cooperante. A maioria dos migrantes que recorrem à Ad Sumus está envolvida em processos de legalização e são trabalhadores ativos. “Não somos nós que fazemos a lei; estamos cá para explicar e acompanhar”, reforçou a coordenadora.
A questão da habitação é um dos maiores desafios enfrentados, sobretudo em zonas como a Penajóia e o Raposo, onde muitas famílias imigrantes vivem em condições precárias. A Ad Sumus desenvolve ações de sensibilização para combater a exclusão social e promover o acesso a apoios e programas de realojamento.
Em declarações ao Almadense, Denise Almeida lamentou também a reduzida participação política da comunidade imigrante, lembrando que muitos estrangeiros com residência legal em Portugal não exercem o direito ao voto nas eleições locais. “Se eu não voto, não tenho que exigir nada do poder político”, afirmou, acrescentando que a associação tem em curso a campanha “Eu Voto” para incentivar o recenseamento eleitoral entre imigrantes de países como Cabo Verde, Brasil e membros da União Europeia.
Para a Ad Sumus, o fenómeno migratório em Portugal é uma consequência direta da existência de emprego e da procura de melhores condições de vida, e não de dependência dos apoios sociais. Como conclui o Almadense, a associação reafirma o seu compromisso em apoiar quem chega, promover a integração e “continuar a levar o barco”, mesmo em tempos de incerteza.
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