Opinião

As pessoas não gostam de guerra

Marta Raimundo, vice-presidente da Juventude Popular de Setúbal e dirigente nacional da Juventude Popular

A ser verdade que os Estados Unidos da América controlam o mundo – não acredito que o controlem mas que influenciem – , algumas guerras – algumas porque tantas outras nem ouvimos falar – tinham tudo para não existir, por influência dos Estados Unidos.

E é por isso, principalmente, que Donald Trump vai, muito provavelmente, ganhar esta corrida à Casa Branca, depois de ter tido quatro anos de descanso e reposição de energias. Quatro anos de “eu estou aqui a ver a casa a arder”.

A ser verdade que Donald Trump ganha, há duas coisas que seriam meu desejo para o seu mandato: que acabasse com a disputa que tem com os órgãos de comunicação social, verificando-se que os desrespeita diariamente; e que não assumisse que os problemas das alterações climáticas são menores ou até mesmo, irreais.

Não podia ser mais absurdo. Este segundo foi para mim o mais grave na sua governação e será igualmente no futuro. Estas são a meu ver as críticas mais duras que podemos fazer ao ex-Presidente e possível futuro Presidente. Poderia referir ainda a investigação à invasão do Capitólio, mas fica para outro dia.

Importa sublinhar que o impacto das decisões na América é real para o resto do mundo. Logo, terminar acordos ambientais ou potenciar fake news, não só afeta a Sociedade como inspira outros líderes a seguir um caminho indesejável.

Mas é também seguindo esta lógica que, neste momento, dar continuidade à governação dos Democratas é um risco. A guerra está instalada. Enquanto cidadã europeia, quero paz à minha volta. Ou melhor afirmando, enquanto cidadã e ponto final.

Para além de Donald Trump, nos últimos 100 anos, contam-se pelos dedos de uma mão os presidentes que não começaram uma guerra nem envolveram tropas norte-americanas diretamente num conflito militar. São eles Richard Nixon (1969-1974), Gerald Ford (1974-1977) e Jimmy Carter (1977-1981), sendo apenas o terceiro do Partido Democrata.

Não podemos esquecer que foi com Joe Biden ao comando que a Rússia invadiu ferozmente a Ucrânia (em fevereiro de 2022) e que começou a ameaçar outros países.

Foi também com Joe Biden ao leme que Israel e o Hamas entraram num confronto sangrento (outubro de 2023). Em ambos os casos, centenas de inocentes assistem e sofrem consequências verdadeiramente severas.

Nada disto é ao acaso. As decisões de política internacional tomadas pelos países são feitas com base numa leitura abrangente do contexto mundial, e consequentemente numa leitura das performances das lideranças mundiais. As lideranças observam-se. E ou entendem-se ou desentendem-se.

Sou defensora de que as causas de cada país, problemas, contextos sociais, etc., só a esses países dizem respeito, caso contrário, as fronteiras não tinham significado e os líderes não se podiam focar nas suas pessoas. Mas não vivo na ilusão de que não há influência entre Nações e no caso dos Estados Unidos, uma influência forte.

Votar na Kamala Harris, sucessora de Joe Biden, que não estava preparada para ser já candidata, mas sim em preparação para daqui a quatro anos, será dar luz verde a estes conflitos. É alias por isso mesmo que o candidato Donald Trump afirma a viva voz “se Kamala vencer, a III Guerra Mundial está garantida”. Não será mesmo assim, observando os últimos anos? Na Europa queremos arriscar mais ainda? Não votamos, mas em teoria.

Isto já para não mencionar que num país onde efetivamente o racismo é um problema muito enraizado na Sociedade, estas campanhas têm sido palco disso mesmo: racismo. Os brancos estão contra os pretos. Os pretos estão contra os brancos. Há um sentimento de voto na cor, de voto em “és dos/as meus/minhas”. Ora isto é pura segregação. Assim são os Estados Unidos da América. A cor de pele fala mais alto que qualquer ideia, e não deveria ser assim.

A verdade nua e crua é que nenhum dos candidatos é bom, é moderado, é equilibrado, é pelas ideias em vez de pela segregação. Mas um terá de ganhar – pois os outros partidos são inexpressivos – e, provavelmente, ganha a paz, enquanto maior bem e preocupação comum. Isto é, ganha Donald Trump.

Sobretudo, porque as pessoas não gostam de guerra.

Marta Raimundo, Vice-presidente da Juventude Popular de Setúbal e dirigente nacional da

Juventude Popular


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