Almada

Apenas uma vaga para 38 mil utentes: crise no SNS gera indignação em Almada e Seixal

O Ministério da Saúde atribuiu apenas uma vaga para médicos de família à Unidade Local de Saúde de Almada-Seixal, deixando cerca de 38 mil utentes sem equipa médica, numa decisão que gerou indignação entre profissionais e entidades de saúde.

A decisão do Ministério da Saúde de atribuir apenas uma vaga para novos médicos de família à Unidade Local de Saúde de Almada-Seixal (ULSAS) tem gerado polémica e preocupação. Com cerca de 38 mil utentes sem equipa médica, o cenário expõe uma crise que ameaça a prestação de cuidados de saúde primários na região.

Segundo o despacho publicado pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) em 27 de dezembro, foram abertas 240 vagas para médicos de medicina geral e familiar em todo o país. No entanto, a ULSAS, que solicitou 14 vagas para responder à crescente procura, recebeu apenas uma vaga, situação que espelha a insuficiência no atendimento às reais necessidades locais.

“Decisão inaceitável” e casos semelhantes no país

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM), na voz da sua presidente Joana Bordalo e Sá, classificou a distribuição de vagas como “inaceitável e desajustada”. Exemplos semelhantes ocorrem noutras regiões: a Unidade Local de Saúde de Tâmega e Sousa pediu 11 vagas e recebeu apenas uma, enquanto em Trás-os-Montes e Alto Douro, das 24 vagas necessárias, apenas 15 foram atribuídas. “Menos de 25% das necessidades nacionais são contempladas e, ainda assim, de forma desalinhada com as reais prioridades regionais”, lamentou Joana Bordalo e Sá.

No caso específico de Almada e Seixal, a única vaga atribuída foi para a Unidade de Saúde Familiar (USF) Amora Saudável, insuficiente para aliviar a pressão sobre os profissionais e utentes. Segundo a ULSAS, três médicos recém-especialistas já manifestaram interesse em integrar os quadros locais, mas a falta de vagas limita esta possibilidade.

Impactos no terreno: médicos e utentes sob pressão

Ana Martins Soares, médica na unidade Nova Caparica, expressou perplexidade com a decisão do Ministério, afirmando que “o número de vagas está completamente desfasado das necessidades reais”. A médica calcula que seriam precisos pelo menos 30 profissionais para suprir a procura crescente na região.

“Esta decisão sobrecarrega os médicos e compromete a qualidade dos cuidados prestados. Muitos colegas acabam por optar pelo setor privado, onde conseguem equilibrar melhor as suas vidas pessoais e profissionais”, destacou Ana. Para ela, a abertura de apenas uma vaga não só falha em atender os utentes como também desmotiva os profissionais do SNS.

A ULSAS, por sua vez, informou que já pediu à Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) uma revisão urgente do número de vagas para reforçar as equipas. Enquanto isso, a FNAM avalia o impacto nacional e pretende exigir explicações do Ministério da Saúde sobre os critérios de distribuição.

População e saúde pública em risco

A região de Almada e Seixal, conhecida pela sua densa e diversificada população, enfrenta desafios crescentes no acesso a cuidados de saúde. A falta de médicos de família agrava as dificuldades dos utentes, muitos dos quais dependem exclusivamente do SNS para consultas e acompanhamento.

“O impacto da falta de recursos é visível diariamente no terreno. Há um apelo urgente para as autoridades reverem as suas decisões em prol dos utentes e dos profissionais,” concluiu Ana Martins Soares.

A decisão de atribuir apenas uma vaga em Almada-Seixal levanta questões sobre o planeamento estratégico do SNS e o compromisso em garantir uma resposta equitativa às necessidades de saúde pública.


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2 Comentários

  1. Onde a raça comunista mete mão é destruição total !