Cultura

Amadora BD 2025 celebra 36 anos com 13 exposições, mais de 20 autores internacionais e homenagens à história da banda desenhada

São 13 as exposições que, de 23 de outubro a 2 de novembro, podem ser visitadas durante a 36ª edição do Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora – Amadora BD 2025.

A 36ª edição do Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora – Amadora BD 2025 realiza-se de 23 de outubro a 2 de novembro, trazendo à cidade uma programação rica e diversificada, com 13 exposições, mais de 20 autores internacionais confirmados.

Entre os nomes de destaque estão os consagrados Fábio Moon & Gabriel Bá (autores de A Vida a Quatro Mãos), os ilustradores Kevin Maguire (EUA), Ivan Reis (Brasil), Marco Santucci e Maria Laura Sanapo (Itália), que participam na exposição comemorativa dos 65 anos da Liga da Justiça, bem como Cyrielle Evrard (Radium Girls), Bea Lema (O Corpo de Cristo), Rodrigo Terrasa (O Abismo do Esquecimento) e a libanesa Zeina Abirached (O Profeta). Entre os convidados com novas edições portuguesas, destacam-se ainda David Rubín, Kim, Grégory Panaccione, Martin Panchaud e Henrique Magalhães.

Destaques da programação

O Parque da Liberdade, núcleo central do evento, será o palco principal das celebrações, com uma zona comercial de 950 m², gaming arena, sessões de autógrafos, lançamentos, palestras e 10 exposições temáticas de autores nacionais e internacionais.

The Spirit – 85 Anos a Quebrar Convenções

A exposição celebra o legado de Will Eisner, criador de The Spirit, com uma mistura de noir, mistério e ação. Sobre um “um polícia que regressa dos mortos para combater o crime na fictícia Central City, carrega uma dualidade que simboliza não só a luta simplista entre o bem e o mal, mas também entre o invisível e o visível, plasmados nos justos e corruptos”. “‘The Spirit’ reflete as transformações sociais, culturais e artísticas do século XX, em que as melhores histórias destapam uma reflexão sobre o estado do mundo a cada época: durante a Guerra, o silêncio tenso da espionagem; na década de 1960, a rebeldia contra a autoridade; e Eisner jamais desistiria de inovar até ao fim dos seus dias”, refere o município em comunicado.

65 Anos da Liga da Justiça

Em 1960, a Liga da Justiça apareceu, pela primeira vez na revista Brave and the Bold #28, com uma “lendária” equipa de super-heróis da DC Comics: Super-Homem, Batman, Mulher-Maravilha, Flash, Lanterna Verde, Aquaman e Caçador de Marte.

“Os ilustradores Kevin Maguire (norte-americano), Ivan Reis (brasileiro), Marco Santucci e Maria Laura Sanapo (italianos) e Miguel Mendonça (português) marcam pela primeira vez presença em Portugal e acompanham a exposição que vai estar patente na 36ª edição do Amadora BD”.

PEANUTS: 75 Anos a Fazer Amigos e a Conquistar Gerações

Criados por Charles M. Schulz em 1950, os Peanuts “fizeram a sua estreia, em simultâneo, em sete jornais dos Estados Unidos”. A exposição celebra os 75 anos “de um grupo de eternas crianças (e do cão Snoopy, claro) com pensamentos adultos e reflexões intemporais” que “ensinaram-nos muito sobre o valor da amizade, a capacidade de superar dificuldades e a importância de ajudar os outros”. Charles M. Schulz desenhou mais de 18.250 tiras cómicas dos Peanuts.

40 Anos de Louroverso – Traços de uma Vida

A exposição comemora quatro décadas de carreira de Luís Louro, e reúne as mais de 50 obras criadas pelo autor (como Jim del Mónaco, Roques & Folque e O Corvo e a mais recente Os Filhos de Baba Yaga). “Através de capas, pranchas originais, esboços e prints” todas as obras estão representadas. Em 2024, foi distinguido com o Troféu de Honra no Festival de BD da Amadora. Em 2025, assinala 40 anos de carreira com o lançamento da sua obra mais ambiciosa, Os Filhos de Baba Yaga”.

O Corpo de Cristo, de Bea Lema

‘O Corpo de Cristo’ é a declaração de amor de uma filha à sua mãe, e o retrato “trágico e universal de uma mulher presa no seu papel de filha, mãe e esposa numa Espanha patriarcal, pobre e católica”. Destaca-se também pelos bordados artesanais da autora e um design inspirado nos arpilleristas chilenos e decorações que lembram a cerâmica espanhola.

Kahlil Gibran e o Líbano, por Zeina Abirached

“Esta exposição acolhe algumas das suas obras mais marcantes- A Dança das Andorinhas: Morrer, Partir, Regressar editada pela Levoir em 2016, Ovelha editada pela Levoir em 2024 – e O Profeta, a mais recente adaptação gráfica do clássico libanês de Khalil Gibran ilustrada por Zeina Abirached. O Profeta é alma poética: reúne ensaios sobre amor, amizade, morte, liberdade, trabalho, beleza, dor… temas centrais à condição humana, expressos numa prosa que, nesta versão gráfica, encontra eco visual na luz, sombra e no traço íntimo de Abirached”.

Radium Girls, de Cyrielle Evrard (Cy)

Radium Girls é baseado em histórias de lutas das mulheres nos anos 20 nos Estados Unidos. A história acontece em 1918, quando um grupo de mulheres operárias descobrem que a tinta dos mostradores dos relógios, que pintavam e forneciam ao exército, não só as fazia brilhar no escuro como também as estava a matar. A exposição relembra uma história sobre a luta pelos direitos dos trabalhadores , desigualdades, a condição da mulher e pela verdade.

O Abismo do Esquecimento, de Paco Roca e Rodrigo Terrasa

“A 14 de setembro de 1940, 532 dias depois de a Guerra Civil Espanhola ter terminado, José Celda e outros onze homens foram fuzilados pelo regime franquista em Paterna, Valência e, com eles, enterrado numa vala comum. Após mais de sete décadas, e depois de um percurso longo e conturbado pelos meandros burocráticos e políticos de um país que convive mal com a memória do seu passado, Pepica, filha de José, agora com oitenta anos (tinha 8 quando o pai foi morto), conseguiu finalmente localizar e recuperar os seus restos mortais para assim restaurar a sua dignidade”.

Esta é uma história que não deixa esquecer um passado em que a ditadura governou Espanha e a luta de quem procurou a justiça. .

A Vida a Quatro Mãos – Fábio Moon e Gabriel Bá

“Exposição retrospectiva da dupla Fábio Moon e Gabriel Bá, que publica desde os anos 90 do século XX. Apresentaram-se ao público leitor com o fanzine 10 Pãezinhos, auto-editado, e desde então já publicaram vários livros em editoras brasileiras e internacionais. Distinguido com os prémios Eisner, Eagle e Harvey, entre outros importantes galardões de banda desenhada, o trabalho e o universo desta dupla estendem-se em diversas direções, sempre com o quotidiano e os rumos imprevisíveis que cada vida vai tomando no centro da narrativa”.

Zés Há Muitos: BDs Não Faltam!

Exposição que celebra os 150 anos de Zé Povinho, personagem nascido a 12 de junho de 1875, pelas mãos de Rafael Bordalo Pinheiro. Este personagem, que ora nos surge a dormir, ora surge a gesticular o manguito, é um reflexo da população de outrora, passiva e sem noção dos seus deveres e direitos, mas que em situações de maior pressão social, ou em que a albarda que carregava às costas estava demasiado pesada, mandava ‘os pés à parede’ e exercia finalmente uma cidadania consciente.

Esta exposição traz várias reinterpretações de alguns dos alunos, convidados e formadores do Curso de Banda Desenhada, com temas como a igualdade, a liberdade de expressão, a educação ou a falta dela e os direitos de um povo.

Alice Geirinhas: Sexus Sequior

A exposição de Alice Geirinhas intitulada ‘Sexus Sequior’ representa a posição feminista activista e a condição humana e o papel da mulher. ‘Sexus Sequior’, o segundo sexo, compõe uma parte substancial do corpo de trabalho da artista, nas várias vertentes: desenho, pintura, ilustração e diferentes técnicas, como a grattage ou, a pintura. Nascida em Évora, em 1964, é artista, ilustradora, autora de banda desenhada e docente. Iniciou-se como ilustradora no jornal Combate em 1988 e é autora de diversos livros de banda desenhada e livros de artista. Participou em vários fanzines, incluindo Gasp (1992), o primeiro dedicado à BD no feminino em Portugal. Também desempenhou funções de programação e formação na Bedeteca de Lisboa.

Diniz Conefrey: Planta Circular

Diniz Conefrey distingue-se pela abordagem experimental e introspetiva que ultrapassa os formatos convencionais da linguagem da BD. As suas obras rejeitam a linearidade e exploram o tempo, o corpo e o silêncio.

Amor, de Filipa Beleza

A autora explora vários tipos de amor em seis histórias curtas – o amor romântico, familiar, universal e imprescindível. Um carrossel de emoções – como o amor deve ser – deixando-nos, por vezes, de coração partido. Mas já se sabe que não há maior desgosto do que o desgosto de amor.

A Bedeteca da Amadora, na Biblioteca Fernando Piteira Santos, receberá “Amor”, da jovem autora Filipa Beleza, vencedora do Prémio Revelação de 2024.

A Galeria Municipal Artur Bual acolherá duas exposições retrospetivas, “Sexus Sequior”, de Alice Geirinhas, focada na representação da mulher e no feminismo e “Planta Circular”, de Diniz Conefrey, uma exploração poética e visual da narrativa gráfica.

A edição de 2025 introduz sessões de autógrafos alargadas — que passam a incluir as duas sextas-feiras do festival, entre as 18h e as 20h.

Criado em 1990, o Amadora BD é uma iniciativa da Câmara Municipal da Amadora e uma das mais prestigiadas mostras de banda desenhada da Europa. O festival reúne anualmente autores, editores e colecionadores de todo o mundo, promovendo exposições, oficinas, lançamentos e os Prémios de Banda Desenhada da Amadora.

Em 2025, o evento volta a atribuir um prémio de 5.000 euros à Melhor Obra de Banda Desenhada de Autor Português, cujo vencedor será anunciado a 26 de outubro, entre as 18:00 e as 20:00, no núcleo central no Parque da Liberdade.


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