Opinião

Ai Costa!!! a vida costa!!! E as ‘aventuras’ nos Açores

Caríssimos(as) leitores(as) estamos a viver um fim de ciclo na pior altura possível.

De tal forma a situação é grave que nem vou perder tempo com um parágrafo introdutório mais longo que isto. Vamos directos aos assuntos que vamos tratar.

AI COSTA!!! A VIDA COSTA!!!

António Costa começa a colher aquilo que semeou. É a lei natural da vida. Quando passou a perna ao ex secretário geral do PS (António José Seguro) no congresso em 2014  ao afirmar em relação aos resultados autárquicos no programa A QUADRATURA DO CIRCULO o seguinte:

«NÃO BASTA GANHAR POR POUCOCHINHO»

Nessa altura era o edil da câmara municipal de Lisboa. Aquele que tinha deixado inundar as ruas da baixa pombalina. Demonstrando desta forma o quão competente era a governar. António Costa pode ser um excelente negociador. Com o seu ar bonacheirão consegue levar muitos pela mão. Mas António Costa tem um lado negro. E já o provou várias vezes. A começar logo nos anos 80 quando perdeu as eleições da associação académica de estudantes na faculdade de direito de Lisboa, e se recusou a entregar a chave alegando irregularidades no acto eleitoral. Foi preciso arrombar a porta com uma mesa de matraquilhos.

António Costa o homem que jogou todos os trunfos para ser primeiro ministro mesmo com a pesada herança de José Sócrates. Conseguiu o impensável: trazer o BE e o PCP mais o PEV para uma aliança que ficará na História como a GERINGONÇA.

Poderia parecer impossível mas havia um cimento político para unir estes três. Passos Coelho e Paulo Portas tinham uma maioria relativa. E seria matematicamente fácil destrona-los juntando-se ao BE e PCP. A parte dolorosa da TROIKA já estava feita. E por último e não menos importante cheirava a poder no largo do Rato. Desde a noite da faca nas costas de António José Seguro que o plano era voltar rapidamente ao poder. O PS como partido político estava falido e precisava rapidamente de injeções de capital. E muito provavelmente ainda está.

Em 2017 Costa conseguiu o seu triunfo. Agitando com o papão da direita alcançou o poder. Com um acordo escrito de forma tripartida com o PCP e BE.

Os anos e orçamentos foram passando Costa prometendo muito aos parceiros mas dando apenas o essencial para ir levando a sua avante. Pelo meio vieram as desgraças dos incêndios, a palhaçada de Tancos e mais umas peripécias.

As coisas começaram a mudar em 2019. Costa contava com mais votação e teve. Em 2015 teve um resultado de 32% e em 2019 o resultado foi de 36%. Logo aí já ninguém dos 3 partidos se esforçou por haver acordo escrito. Preferiam ir orçamento a orçamento, medida a medida. ASNEIRA!!! A juntar a isto o PAN reforça a sua presença na AR. Do lado da esquerda estreia-se o LIVRE. E pela direita entra a INICIATIVA LIBERAL e o CHEGA um partido marcadamente populista, e que tem dado luta a António Costa, quase parecendo a aldeia gaulesa da BD de Astérix, em luta contra a pax rosa, uma vez que o PSD de Rui Rio passou a ser a equipa B do Largo do Rato. A  diferença é ser um PS com mais um D. Longe vão os tempos dos debates com Luís Montenegro.

Os déficits espetaculares conseguidos às custas de fortes cativações orçamentais calaram a oposição.

O problema é que veio a COVID-19 e o cenário de paraíso que o PS nos vendeu desapareceu com a chuva. O desemprego a subir. Empresas a falir. A TAP renacionalizada para os contribuintes pagarem os prejuízos e ceder aos lobbys de sindicatos e afins. O SNS que já tinha problemas a ameaçar implodir. A receita fiscal a ficar muito abaixo do previsto. O déficit poderá atingir o real valor de 9% do PIB. O desemprego real andará entre os 9% e os 11%.

Os hotéis estão a parar a actividade e até ver a indústria da restauração está à beira do colapso. Resultado, as contas para pagar estão aí e não há dinheiro para distribuir pela despesa corrente; amigos; grupos económicos que gravitam no círculo do poder e pelas reivindicações do BE e PCP. Resultado as contas do orçamento já estavam difíceis e o BE que sabe que até ao final da legislatura não vai ter mais nenhum ganho de causa, decidiu sair de cena para não aparecer na fotografia do tempo das vacas magras. O PCP mantém-se até ver. Poderá deixar passar o orçamento com a abstenção. A ver vamos.

As “aventuras” nos Açores

Como se já não basta-se a António Costa lidar com um orçamento de Estado espinhoso e sem graveto, com os afastamentos do BE e PCP. Lá vai tendo umas ajudinhas de Marcelo Rebelo de Sousa que não levanta ondas pois está a fazer a sua corrida presidencial e quer ser reeleito (não com o meu voto). Desde já faço a minha declaração de interesses. Um monárquico que é monárquico, não cauciona com o seu voto o regime da república dos bananas.

Mas vamos aos Açores, onde as sondagens davam ao PS a manutenção da maioria absoluta com 45% dos votos.

Ora nada poderia estar mais errado. Se bem que agora caiu para 41,5%. Outra surpresa em relação às sondagens foi o PCP perder o seu único deputado na assembleia regional.

A grande dor de cabeça de António Costa e Carlos César (ex líder do PS Açores) é que Vasco Cordeiro poderá não vir a ser indigitado para o governo regional. Logo agora que Carlos César que já tinha conseguido tachos para toda a família se preparava para levar o filho a ser o próximo líder do PS Açores assumindo o lugar na dinastia César e prolongando assim o acesso à família a todas as perbenas possíveis e respectivos subsídios por mandar numa região autónoma.

O PAN, o IL e o CHEGA estreiam-se nos Açores. O problema agora é este poderá vir a ter uma GERINGONÇA de direita. Para ser diferente os açorianos chamaram-lhe a CARANGUEJOLA. O António Costa já deve  ter gasto o soalho de madeira no Largo do Rato de tanto andar às voltas para poder segurar o poder nos Açores. Ainda por cima porque parte do dinheiro da “BAZUCA” irá para as regiões autónomas. E claro que daria muito jeito que fosse distribuído segundo as conveniências políticas do PS.

André Ventura lançou-se na aventura de ir aos Açores e não é que consegue superar os mínimos para ter sucesso. Posicionando-se desta forma para viabilizar um governo PSD Açores. Mais: se a CARANGUEJOLA for para a frente terá como participantes no governo PSD; PPM e CDS com as pastas distribuídas entre eles. Já o IL e o CHEGA e talvez o PAN poderão dar o apoio no Parlamento mas medida a medida e orçamento a orçamento. Será uma oportunidade para ver os novos partidos da direita serem também actores do acto da governação. Mesmo não estando com pastas do governo atribuídas. Uma vez que para negociarem terão que ter acesso aos conteúdos dos dossiers. Assim poderão também fazer contributos para a melhoria das soluções encontradas. Afinal se funcionou tão bem à esquerda a GERINGONÇA e numa escala maior. A direita tem o dever e a obrigação de fazer tão bom ou melhor.

Logo veremos se sempre vai haver CARANGUEJOLA.

Mas a esta hora no largo do Rato as pastilhas RENNIE; o ALKA-SELTZER e o GAVISCON entraram em rotura de stock. As farmacêuticas já estão a produzir à velocidade cruzeiro. Mas Costa não vai poder estrebuchar. Vai ter que engolir isto e ficar quietinho. Algo que certamente não lhe será fácil, ainda para mais no meio de um combate à pandemia, para o qual não se preparou convenientemente, e noutra frente com a negociação do Orçamento mais difícil desde que é primeiro ministro.

É que não há dinheiro para distribuir pelas reivindicações e necessidades do país. António Costa terá que aceitar a perda dos Açores ao fim de 24 anos de poder no arquipélago e 20 de maioria absoluta. Vasco Cordeiro não consegue segurar a herança do clã César. Isto numa altura em que Carlos César preparava o filho (Francisco César) vice-líder do grupo parlamentar do PS Açores.

António Costa  está neste momento à espera de um milagre vindo de Bruxelas. Só que mesmo tarda em chegar. Costa deve estar a ter noites de insónia. E com Marcelo Rebelo de Sousa a querer um estado de emergência. O que vai afectar ainda mais a já débil economia nacional. Costa está no meio da tempestade perfeita. Só mesmo um milagre o vai safar.

O ambiente também não é mais divertido na Soeiro Pereira Gomes (sede do PCP). Mas anda tudo mais sossegado. Neste momento os comunistas podem ainda ter alguns ganhos de causa. E por outro lado não querem ficar com o ónus de ter feito cair o governo PS. Obviamente que esperam que com o desgaste  António Costa o faça caia por ele mesmo.

Neste momento sensação que fica é que António Costa vai ter que beber do próprio remédio até ao fim. E quem semeia ventos colhe tempestades. É a vida!!!

É caso para dizer:

AI COSTA !!! A VIDA COSTA!!!

NOTA: Escrito segundo a antiga grafia.


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