Aeroporto de Lisboa: Barulho dos aviões afeta gravemente a saúde mental no Hospital Júlio de Matos

O barulho dos aviões no aeroporto Humberto Delgado causa sérios problemas no funcionamento do Hospital Júlio de Matos, uma unidade essencial no tratamento de pessoas com problemas de saúde mental. Localizado próximo ao aeroporto, o hospital tem enfrentado dificuldades devido à exposição ao ruído, situação que afeta não apenas pacientes, mas também os profissionais que ali trabalham.

Segundo a Unidade Local de Saúde (ULS) de São José, responsável pelo hospital, o impacto do ruído é acompanhado em parceria com a ANA — Aeroportos de Portugal, numa tentativa de reduzir os danos. Entre as medidas já implementadas, destaca-se a substituição de janelas através do programa Bairro — Isolamento Acústico, que ajuda a minimizar os efeitos negativos, embora o problema persista.

Um estudo da Federação Europeia de Transportes e Ambiente, divulgado em junho, alerta para os riscos associados à exposição ao ruído de tráfego aéreo, incluindo hipertensão, diabetes e até demência. No caso do aeroporto de Lisboa, estima-se que cerca de 414 mil pessoas, residentes num raio de cinco quilómetros, estejam particularmente expostas a esses riscos. A associação ambientalista Zero referiu ainda que estas pessoas têm um risco 20% maior de desenvolver demência, 12% mais hipóteses de diabetes e 7% de hipertensão arterial.

Além disso, as obras de ampliação do terminal 1 do aeroporto, incluindo o aumento da capacidade máxima para 45 movimentos de voos por hora, continuam a suscitar preocupações. Este projeto está atualmente sujeito a uma avaliação de impacte ambiental da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que deverá considerar o número de voos declarados como referência e a sua evolução futura.

A proximidade entre o aeroporto e o hospital levanta uma questão urgente: como equilibrar o crescimento da infraestrutura aeroportuária com a proteção da saúde dos residentes e dos pacientes? Enquanto isso, o Hospital Júlio de Matos e outras entidades continuam a lutar para garantir que as condições de tratamento dos pacientes não sejam ainda mais comprometidas.

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