Aeroporto de Lisboa: Autarcas denunciam impacto do aumento de voos noturnos
O aumento dos voos noturnos no Aeroporto Humberto Delgado gera uma onda de contestação, com os presidentes das Câmaras de Loures e Vila Franca de Xira a alertarem para o impacto do ruído na qualidade de vida da população e a exigirem soluções imediatas.

O aumento dos voos noturnos no Aeroporto Humberto Delgado tem gerado forte contestação por parte das Câmaras Municipais de Loures e Vila Franca de Xira, que alertam para o crescente número de queixas dos moradores devido ao ruído excessivo. Os autarcas exigem medidas urgentes para mitigar o impacto ambiental e garantir o bem-estar da população.
Os presidentes das câmaras municipais de Loures e Vila Franca de Xira marcaram presença na Comissão de Ambiente e Energia para discutir as consequências do aumento da atividade noturna no aeroporto de Lisboa. A reunião, realizada a pedido do grupo parlamentar do PS, focou-se na necessidade de uma Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) e na revisão do novo plano de ação contra o ruído, apresentado pela gestora aeroportuária ANA.
O presidente da Câmara de Loures, Ricardo Leão (PS), manifestou total oposição a qualquer expansão do aeroporto, sublinhando que a duplicação dos voos noturnos afeta gravemente cerca de 150 mil residentes das freguesias de Camarate, Sacavém, Prior Velho, Bobadela, São João da Talha e Santa Iria da Azoia. “Temos recebido um volume crescente de reclamações e, enquanto autarquia, temos o dever de defender o direito ao descanso e qualidade de vida dos nossos munícipes”, afirmou.
Ricardo Leão criticou ainda a exclusão do município de Loures do comité responsável pela elaboração do plano de ação contra o ruído, defendendo que o documento apresentado pela ANA “não traz soluções concretas nem garante melhorias face aos problemas já identificados anteriormente”.
Por sua vez, Fernando Paulo Ferreira (PS), presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, denunciou um aumento significativo das queixas desde maio de 2024, particularmente em Alverca do Ribatejo, Póvoa de Santa Iria e Vialonga, devido a alterações no sistema de descolagem das aeronaves. “O incómodo aumentou drasticamente e os moradores relatam níveis de ruído insuportáveis durante a noite”, alertou o autarca, defendendo uma revisão urgente das rotas e um estudo de impacto ambiental.
A Agência Portuguesa do Ambiente (APA), representada pelo seu presidente Pimenta Machado, revelou que irá chumbar o novo plano de ação contra o ruído da ANA, justificando que o documento apresentado “não cumpre os requisitos necessários”. A empresa será notificada dessa decisão até ao dia 20.
O aumento da atividade noturna no Aeroporto Humberto Delgado surge numa altura em que o Governo aprovou, em maio do ano passado, a construção do novo aeroporto da região de Lisboa no Campo de Tiro de Alcochete, decisão tomada com base na recomendação da Comissão Técnica Independente. Contudo, até à concretização desse projeto, o plano governamental prevê a expansão da capacidade do atual aeroporto, passando de 38 para 45 movimentos aéreos por hora.
Atualmente, a legislação determina um máximo de 91 movimentos aéreos semanais e 26 diários entre a meia-noite e as seis da manhã, sendo que estas operações estão condicionadas pelos níveis de ruído das aeronaves. No entanto, diversas associações ambientalistas, como a Zero, têm denunciado infrações aos limites estabelecidos.
Em resposta às crescentes preocupações, o Ministério das Infraestruturas anunciou recentemente que os voos noturnos entre a 01:00 e as 05:00 serão proibidos, numa tentativa de minimizar o impacto na população afetada. No entanto, os autarcas insistem que medidas mais rigorosas são necessárias para garantir que a qualidade de vida dos moradores não seja comprometida pelo crescimento da atividade aeroportuária.
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