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Adeus à musa da poesia portuguesa: Morreu Adília Lopes aos 64 anos

Adília Lopes, uma das maiores vozes da poesia portuguesa, faleceu aos 64 anos, deixando um legado literário singular e inigualável.

Adília Lopes, uma das mais marcantes vozes da poesia portuguesa contemporânea, faleceu aos 64 anos, em Lisboa. Reconhecida pelo estilo único e pela profunda honestidade nos temas abordados, a autora deixa uma vasta obra literária traduzida para várias línguas.

A poetisa, cujo nome de batismo era Maria José da Silva Viana Fidalgo de Oliveira, nasceu a 20 de abril de 1960, em Lisboa. Criadora de obras icónicas como “Caras Baratas” e “Dobra”, Adília Lopes construiu um percurso singular na literatura portuguesa, que começou com a publicação de poemas no Anuário de Poesia de Autores não Publicados em 1984, pela editora Assírio & Alvim, onde permaneceu até ao fim.

Uma vida marcada pela genialidade e pela superação
Adília Lopes deixou para trás o curso de Física na Universidade de Lisboa ao ser diagnosticada com psicose esquizo-afetiva, uma condição que abordou abertamente na sua poesia e em entrevistas. Posteriormente, licenciou-se em Literatura e Linguística Portuguesa e Francesa, dedicando-se a explorar temas quotidianos com uma abordagem única, que combinava humor, crueza e candura.

A sua obra, muitas vezes descrita como “naïf”, é caracterizada por jogos fonéticos, rimas infantis e associações livres. Títulos como “A bela acordada”, “Clube da poetisa morta” e “O Poeta de Pondichéry” consolidaram o seu lugar como uma das maiores referências literárias em Portugal. Além disso, Adília Lopes trabalhou como documentalista, contribuindo para a preservação dos espólios de figuras como Fernando Pessoa e Vitorino Nemésio.

Um legado eterno na literatura e na cultura portuguesa
Adília Lopes reuniu a sua obra em volumes como “Obra”, ilustrado pela pintora Paula Rego, e “Dobra”. Esta última edição foi reeditada em 2023, ano que marcou os 40 anos da sua vida literária. A sua influência estendeu-se a várias disciplinas artísticas, com homenagens da Companhia Nacional de Bailado e um colóquio internacional realizado pela Biblioteca Nacional de Portugal.

A escritora, que frequentemente mencionava influências de autores como Sophia de Mello Breyner Andresen, Sylvia Plath e Enid Blyton, deixa uma obra traduzida para línguas como francês, alemão, inglês e castelhano. A sua morte é um marco de grande perda para a literatura portuguesa, mas a sua voz continuará a ecoar através das páginas dos seus livros.


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